Como controlar buva na cultura do milho

buva do milho

Buva do milho: características da buva, manejo e opções de herbicidas para usar no sistema soja-milho.

A buva é uma das principais espécies de plantas daninhas que causam prejuízos nas mais diversas culturas.

São três as espécies de buva que causam quedas de produtividade nas lavouras: Conyza sumatrensis, Conyza bonariensis e Conyza canadensis.

A grande dificuldade de controle da buva está nas características da biologia da espécie e nos casos de resistência a herbicidas.

Por isso, nesse texto você vai entender sobre as características da espécie, os casos de resistência a herbicidas e quais as opções de controle.

O principal ponto que temos que refletir nesse contexto é que o controle da buva do milho deve ser pensado em nível de sistema e, não só pensando na safra atual.

Assim, é preciso que façamos um manejo proativo, tanto na soja quanto no milho, mas também no período de entressafra.

Vamos iniciar com a seguinte pergunta: Por que é difícil controlar a buva?

Para essa resposta vamos ter que ver as características da buva e os casos de resistência a herbicidas.

 Desejamos uma ótima leitura!

Características da buva que dificultam o controle

A buva é uma planta daninha da família Asteraceae, possui sementes pequenas e leves, o que facilita a dispersão pelo vento.

As plantas de buva são capazes de produzir muitas sementes, que rapidamente são incorporadas ao banco de sementes.

Para termos uma ideia a C. bonariensis pode produzir 375 mil sementes por planta, a C. canadensis, 200 mil sementes e a C. sumatrensis 60 mil sementes por planta.

A buva resistente a herbicidas

Uma das dificuldades de controle da buva é devido a seleção de plantas resistentes a herbicidas.

A resistência ao glyphosate é uma das principais responsáveis pelo aumento do custo de controle.

No Brasil, os casos de buva resistente a herbicidas são:

  • Conyza bonariensis: glyphosate;
  • Conyza canadensis: glyphosate;
  • Conyza sumatrensis:
  • Glyphosate;
  • Chlorimuron;
  • Chlorimuron e glyphosate;
  • Paraquat;
  • Saflufenacil;
  • Chlorimuron, glyphosate e paraquat;
  • 2,4-D, diuron, glyphosate, paraquat e saflufenacil.

Além destes, há também a buva resistente ao 2,4-D pelo mecanismo de rápida necrose, o que dificulta o manejo de dessecação pré-semeadura.

buva do milho

Buva resistente a 2,4-D pelo mecanismo de rápida necrose.Fonte: Supra Pesquisa.

A buva na cultura do milho

A buva do milho pode causar perdas de produtividade devido a competição por água, luz e nutrientes.

Podemos encontrar a buva durante todo o ciclo do milho, porém no final do ciclo, após a colheita, ocorre vários fluxos de plantas daninhas.

Após a colheita do milho, a buva, assim como outras espécies, voltam a germinar e emergir.

Nesse momento de pós colheita do milho é preciso pensar em manejo de entressafra e dessecação pré-semeadura da cultura da soja.

Para ajudar a reduzir os fluxos de germinação de buva no final do ciclo do milho, algumas estratégias podem ser adotadas pensando no sistema soja-milho. 

buva do milho

Fonte: Jamil Constantin et al. (2013).

Estratégias para controle de buva no milho

Um dos herbicidas mais utilizados no controle de plantas daninhas na cultura do milho é a atrazina.

A atrazina é um herbicida Inibidor do Fotossistema II (FSII), do grupo químico das triazinas, com ação pré e pós-inicial, cuja dose varia com a textura do solo. 

A atrazina pode ser associada com nicosulfuron ou glufosinate, pensando em controle de folhas largas e estreitas.

No caso da associação com glufosinate, o objetivo seria controlar o capim-amargoso rebrotado em Milho LL (tolerante ao glufosinate).

Já, no caso do nicosulfuron é preciso verificar se o híbrido é sensível ou não ao herbicida.

Voltando para a atrazina, ela é essencial no manejo de buva no sistema soja-milho.

No geral, o principal objetivo do uso da atrazina no milho é o controle de soja tiguera, por isso, acaba-se não utilizando a dose cheia.

Entretanto, as doses cheias de atrazina, de acordo com a textura do solo, serão eficazes no controle de buva no milho.

A aplicação da atrazina pode ser em aplicação única ou sequencial (parcelando a dose).

O importante é o residual que a atrazina vai deixar para segurar os fluxos de buva até o fechamento do dossel da cultura do milho.

Depois do período de fechamento do dossel, a buva voltará a germinar quando a radiação solar voltar a chegar nas entrelinhas, ou seja, no final do ciclo, quando as folhas começam a secar, permitindo a passagem de luz.

Por isso, é importante segurar o fluxo de germinação com a atrazina, pois buva grande será muito mais difícil e caro controlar.

Para identificar os melhores defensivos para o controle da buva do milho, disponibilizamos o Ebook: 4 Passos para o Controle de Plantas Daninhas. Baixe grátis e confira!

Ebook gratuito: 4 passos para o controle de plantas daninhas
 
Preencha os dados para ter acesso

Controle cultural no manejo de buva

Além do uso de herbicidas, o controle cultural com cobertura do solo é essencial no manejo da buva.

A semente da buva é fotoblástica positiva, ou seja, na presença de luz a germinação é estimulada.

Por isso, um solo sempre coberto com cultura e/ou palha reduz os fluxos de germinação da buva.

Controle de buva após a colheita do milho

Após a colheita do milho, algumas plantas daninhas, como a buva, já estarão voltando a germinar desde o final do ciclo do milho, quando a luz volta a atingir o solo.

Nessa situação, após a colheita, a dessecação da área deve ser feita o mais cedo possível.

A opção, para áreas com predominância de buva após a colheita de milho, seria o glyphosate associado a um herbicida auxínico.

O glyphosate, mesmo com os casos de resistência, é um herbicida não seletivo que irá controlar as outras espécies não resistentes da área.

No caso do auxínico, geralmente é utilizado o 2,4-D, mas em regiões onde já se encontram a buva com rápida necrose é preciso escolher outro auxínico.

O importante é entrar com a dessecação com a buva ainda pequena, com no máximo oito folhas e, mesmo assim, provavelmente será preciso uma aplicação sequencial.

Herbicidas pré-emergentes para controle de plantas daninhas no sistema soja-milho

Pensando no controle de buva, além da atrazina, podemos utilizar os herbicidas inibidores da enzima PROTOX (protoporfirinogênio oxidase).

Na soja, vamos poder usar o flumioxazin (PROTOX) + imazethapyr (Inibidor da enzima acetolactato sintase – ALS), pensando em controlar a buva, o capim-amargoso, a poaia-branca e a erva-quente.

Outra opção para controle de buva, pensando ainda em soja, é o diclosulam (ALS) e sulfentrazone (PROTOX) + diuron (Inibidor do Fotossistema II – FSII).

Um herbicida que pode ser utilizado em pré-emergência tanto na soja quanto no milho é o s-metolachlor (Inibidor de Ácidos Graxos de Cadeia Muito Longa), que vai ter um bom espectro de controle em gramíneas e trapoeraba.

Mais um exemplo de pré-emergente para o controle de plantas daninhas em soja e milho é a trifluralina.

No milho, a trifluralina (Inibidor da Formação dos Microtúbulos) é usada com um pouco mais de cuidado. A dose é feita com base na textura do solo e o alvo serão as gramíneas.

Portanto, para a buva, teríamos três mecanismos de ação que podemos destacar para o controle em pré-emergência: PROTOX, ALS e FSII.

Os herbicidas pré-emergentes quando posicionados pensando no sistema de sucessão soja-milho são importante ferramentas para rotacionar os mecanismos de ação.

Além disso, o uso de pré-emergentes reduz a pressão de seleção para os herbicidas que serão utilizados em pós-emergência. 

Conclusão

O manejo de buva precisa ser feito pensando no sistema.

Para isso, controlar a buva na cultura do milho é essencial para ter menores problemas com o controle dela na soja.

A atrazina em dose cheia, de acordo com a textura do solo, é uma das estratégias para controle eficaz da buva.

O manejo de buva deve ser pensado no sistema, usando herbicidas pré-emergentes na soja e no milho, fazendo boas dessecações pré-plantio e um bom manejo de entressafra.

Espero que este artigo tenha sido útil para você!

 

Sobre o Autor

Ana-Ligia

Ana Lígia Giraldeli

Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar), Doutora em Fitotecnia (Esalq-USP) e especialista em Agronegócios. Atualmente sou professora da UNIFEOB.

Leia também:

Receber newsletter