Como fazer a classificação dos herbicidas?

Classificação dos herbicidas: seletividade, época de aplicação, translocação e mecanismo de ação.

Quando escolhemos um herbicida para o controle de plantas daninhas, devemos observar algumas características.

A escolha do melhor produto para cada situação leva em consideração quais são as plantas daninhas presentes na área.

Além disso, devemos verificar se o herbicida é seletivo ou não para a cultura, qual o modo de aplicação do produto e, se ele transloca dentro da planta.

Assim, é sempre importante compreender como os herbicidas podem ser classificados, isso vai lhe ajudar na escolha dos herbicidas.

Os herbicidas podem ser classificados de acordo com seletividade;época de aplicação; translocação e mecanismo de ação.

Ao longo desse texto, traremos mais informações sobre cada tipo. Continue a leitura e saiba mais!

Classificação dos herbicidas quanto à seletividade

Os herbicidas podem ser classificados como seletivo ou não seletivo. 

O herbicida não seletivo é aquele que vai controlar tanto a planta daninha quanto a cultura, ou seja, tem amplo espectro de controle.

Alguns herbicidas não seletivos são o glyphosate, o glufosinate e o diquat. Estes herbicidas quando aplicados levam a morte todas as plantas que entram em contato.

Herbicidas não seletivos controlam tanto plantas monocotiledôneas (folhas estreitas) quanto as eudicotiledôneas (folhas largas).

O herbicida seletivo é aquele que controla determinada espécie de planta daninha, mas não causa injúria na cultura.

Por exemplo: o herbicida 2,4-D (Auxina Sintética) controla plantas eudicotiledôneas, sendo seletivo para gramíneas.

Já, os herbicidas graminicidas (Inibidores da ACCase) controlam gramíneas e são seletivos para as eudicotiledôneas.

Alguns herbicidas são seletivos devido as processo de metabolização, por exemplo, herbicidas do grupo químico das triazinas (Inibidores do Fotossistema II), como atrazine, conseguem ser metabolizados pela cultura do milho, por isso não causam injúrias à cultura.

Outro exemplo é o imazethapyr, a soja consegue metabolizar a molécula por meio de reações de conjugação até inativar o composto. 

Outros herbicidas serão seletivos devido as posicionamento no tempo e no espaço.

Um herbicida seletivo devido as posicionamento no espaço é aquele que tem pouca mobilidade no solo, ficando restrito a camada superficial, sem entrar em contato com as raízes da cultura.

Já, a seletividade no tempo ocorre quando aplicamos o herbicida sem que a cultura esteja presente, ou antes dela germinar e emergir.

Como você pode ver a seletividade depende de uma série de fatores:

  • Fatores inerentes a planta (seletividade e o estágio de desenvolvimento, seletividade e os mecanismos de absorção diferencial, seletividade e os mecanismos de translocação diferencial e seletividade e o metabolismo diferencial);
  • Fatores inerentes aos herbicidas (seletividade e o modo de aplicação – posicionamento no tempo e espaço, seletividade e a estrutura molecular, seletividade com referência à dose e seletividade e as formulações);
  • Fatores inerentes ao ambiente (seletividade e a textura do solo, seletividade e a água disponível no solo, seletividade e as condições ambientais).

Mas, vamos continuar a ver a classificação dos herbicidas, e falamos de forma aprofundada sobre a seletividade em outro texto.

Classificação dos herbicidas quanto à época de aplicação

Quanto à época de aplicação,  os herbicidas podem ser classificados em : Pré-plantio e Pós-plantio.

Os herbicidas aplicados em pré-plantio são aqueles não seletivos para a cultura. São aqueles produtos usados como dessecantes, como o diquat, glyphosate, glufosinate, entre outros.

Além de herbicidas dessecantes, também é possível aplicar em pré-plantio herbicidas com efeito residual no solo, com o objetivo de controlar os fluxos iniciais de plantas daninhas dentro da cultura.

Os herbicidas aplicados em pós-plantio se dividem em: pré-emergentes e pós-emergentes. São os produtos que aplicamos após o plantio da cultura, porém eles podem estar em pré-emergência ou pós-emergência da cultura e/ou das plantas daninhas.

Para a consulta fitossanitária dos herbicidas pré e pós plantio,  o  AgroReceita disponibiliza o Compêndio de Defensivos Agrícolas Online. Preencha o formulário abaixo para ter acesso e comece já a sua consulta fitossanitária gratuita e ilimitada.

Herbicidas que têm apenas absorção foliar devem ser aplicados em pós-emergência das plantas daninhas.

Alguns são utilizados em pós-emergência da cultura, porém em jato dirigido as entrelinhas, pois são não seletivos, o que acontece com maior frequência em culturas com maiores espaçamento, como frutíferas e café. 

Quando o herbicida é seletivo para a cultura, ele poderá ser aplicado em área total em pós-emergência, é o caso de graminicidas aplicados em pós-emergência de culturas eudicotiledôneas, como a soja e o feijão.

A seletividade nesse caso também é possível por meio das culturas tolerantes a herbicidas, como a soja RR, milho RR, algodão RR, algodão LL, entre outras.

Nesses casos é possível aplicar herbicidas não seletivos em pós-emergência das culturas tolerantes a ele, por exemplo, o glyphosate em pós-emergência de soja, milho e algodão RR.

Classificação dos herbicidas quanto à translocação

Quanto à translocação os herbicidas podem ser classificados em:

  • Herbicidas sistêmicos;
  • Herbicidas de contato.

Os herbicidas de contato são aqueles que atuam próximo ou no local onde eles penetram nas plantas.

São exemplos de herbicidas de contato os Inibidores do Fotossistema I (diquat), os Inibidores da GS (glufosinate) e os Inibidores da PROTOX (lactofen, fomesafen, carfentrazone, saflufenacil e sulfentrazone).

Os herbicidas Inibidores da PROTOX são produtos que tem pouca translocação. 

Os herbicidas sistêmicos são aqueles que se movimentam (translocam) nas plantas pelo xilema, pelo floema ou por ambos;

Quando a translocação do herbicida é via floema ou floema e xilema, ele é classificado como sistêmico.

Herbicidas sistêmicos são capazes de se translocarem a grandes distâncias na planta. Alguns exemplos são: 2,4-D, glyphosate, imazethapyr, nicosulfuron, picloram e graminicidas.

Há herbicidas que tem a translocação apenas via xilema, como é o caso dos herbicidas Inibidores do Fotossistema II. 

Produtos com translocação apenas via xilema não são indicados para controle de plantas daninhas perenes, pois não conseguem descer para o sistema radicular por meio do floema.

A tabela abaixo classifica os herbicidas quanto à translocação.

Herbicidas sistêmicos, que translocam pelo xilema e floema são apossimplásticos. Já os herbicidas que se movem apenas via xilema são apoplásticos. E os herbicidas imóveis nas plantas são usados exclusivamente em pré-emergência.

HERBICIDAS

Classificação dos herbicidas quanto ao mecanismo de ação

Antes de falar sobre a classificação quanto ao mecanismo de ação é importante diferenciar o que é modo de ação e o que é mecanismo de ação.

Modo de ação refere-se à sequência completa de todas as reações que ocorrem desde o contato do produto com a planta até a sua morte ou ação final do produto.

Mecanismo de ação é a primeira lesão bioquímica ou biofísica que resulta na morte ou ação final do produto é considerada.

Quanto aos mecanismos de ação, os herbicidas são divididos em grupos. Nesse texto,  vamos seguir a classificação do Comitê de Ação a Resistência aos Herbicidas (HRAC) para os produtos registrados no Brasil.

  • A: Inibidores da ACCase (Acetil CoA carboxilase);
  • B: Inibidores da ALS (Acetolactato sintase);
  • C1/C2: Inibidores da fotossíntese no fotossistema II – Acopladores da D1 serina 264;
  • C3: Inibidores da fotossíntese no fotossistema II – Acopladores da D1 histidina 215;
  • D: Inibidores da fotossíntese no fotossistema I – Desvio de elétrons;
  • E: Inibidores da Protoporfirinogênio oxidase (PPO/PROTOX);
  • F2: Inibidores da HPPD (Hidroxifenil Piruvato Dioxigenase);
  • F4: Inibidores da Deoxi-D-Xilulose Fosfato (DOXP) sintase;
  • G: Inibidores da EPSP sintase (Enol Piruvil Shiquimato Fosfato sintase);
  • H: Inibidores da glutamina sintetase;
  • I: Inibidores da síntese de DHP (dihidropteroato);
  • K1: Inibidores da formação de microtúbulos;
  • K3: Inibidores da síntese de ácidos graxos de cadeia muito longa (VLCFAs);
  • L: Inibidores da síntese de celulose;
  • O: Mimetizadores de auxina;
  • Z: Desconhecido.
Mecanismo de ação

 

Nos próximos textos vamos falar de cada um dos mecanismos de ação dos herbicidas.

Conclusão

Os herbicidas são classificados de acordo com a seletividade, época de aplicação, translocação e mecanismo de ação.

Quanto a seletividade os herbicidas podem ser seletivos ou não seletivos. Em relação a translocação os herbicidas podem ser sistêmicos ou de contato.

Quanto à época de aplicação os herbicidas podem ser aplicados em pré-plantio ou pós-plantio. Os herbicidas também podem ser classificados de acordo com o seu mecanismo de ação.

Sobre o Autor

Ana-Ligia

Ana Lígia Giraldeli

Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar), Doutora em Fitotecnia (Esalq-USP) e especialista em Agronegócios.

Leia também:

Se inscreva em nossa newsletter.