Defensivos agrícolas e
sustentabilidade no campo

Defensivos agrícolas e sustentabilidade no campo

Qualquer ser vivo, seja animal ou vegetal, tem múltiplas interações com outros organismos durante o seu ciclo de vida. Muitas dessas interações podem ser benéficas e outras prejudiciais.

Em plantas cultivadas essas relações não são diferentes e podem ser positivas, por exemplo com bactérias de solo que facilitam a absorção de nutrientes, ou negativas, com pragas, patógenos e outras plantas.

Muitas dessas relações precisam ser controladas para o bom desenvolvimento das plantas no campo. Nesse contexto, o uso de defensivos agrícolas visa controlar as relações entre plantas e outros seres vivos, mantendo-as em um nível não-limitante para a produção agrícola.

Os defensivos agrícolas são produtos testados e recomendados para esse tipo de controle e, se utilizados de maneira correta, determinam o sucesso e sustentabilidade da atividade agrícola.

Nesse artigo traremos informações sobre os principais tipos de defensivos agrícolas, aspectos técnicos e legais e suas importâncias para a produtividade agrícola e segurança alimentar mundial.

Definição e nomenclatura

O termo defensivo agrícola tem vários sinônimos usados formal ou informalmente, como: agroquímicos, produtos, fitossanitários, agrotóxicos, veneno, dentre outros. Apesar das diversas nomenclaturas formais e informais, há muita discussão sobre o uso desses termos. 

Os termos “agrotóxico” e “veneno”, apesar de ainda serem comuns em meio a produtores e assistentes técnicos, são normalmente utilizados em sentido mais depreciativo, com o intuito de ressaltar os possíveis efeitos negativos do uso de defensivos químicos. 

Sua definição formal, de acordo com a lei 7.802 de 1989, pode ser resumida como: “produtos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao controle da ação de seres vivos considerados nocivos e danosos ao homem e suas atividades”.

Qual a função dos defensivos agrícolas?

A interação entre seres vivos é natural, assim como seu controle segue a lei de adaptação e sobrevivência. Porém, em ambientes naturais modificados, como áreas de lavouras implantadas, há um novo balanço entre as populações desses seres vivos.

O aumento da intensidade agrícola e a diminuição da diversidade de plantas cultivadas em grandes áreas é uma tendência do modo atual de agricultura mundial. O aumento de disponibilidade de área vegetal de uma determinada cultura acarreta no aumento da presença e capacidade de desenvolvimento de pragas e doenças que se beneficiam dela. 

Dessa forma, o uso de defensivos agrícolas é necessário para seu fim definido por lei, ou seja, controlar as populações de seres vivos nocivos para o interesse humano, especificamente na produção agrícola.

Quais os tipos de defensivos agrícolas?

Os defensivos agrícolas podem ser classificados de diversas maneiras, por exemplo, de acordo com seu modo de ação, aspecto físico, organismo alvo, nível de toxidez, dentre outros.

A classificação mais comum, normalmente é feita de acordo com o organismo alvo de sua ação. Sendo assim, alguns exemplos de classificação são:

  • Fungicidas: para controle de doenças fúngicas;
  • Bactericidas: para controle de doenças bacterianas;
  • Inseticidas: para controle de insetos;
  • Acaricidas: para controle de ácaros;
  • Nematicidas: para controle de nematoides no solo;
  • Herbicidas: para controle de ervas daninhas.

Outra classificação pode ser feita de acordo com o nível de toxicidade do produto a humanos:

  • Categoria 1 (faixa vermelha): produto extremamente tóxico;
  • Categoria 2 (faixa vermelha): produto altamente tóxico;
  • Categoria 3 (faixa amarela): produto moderadamente tóxico;
  • Categoria 4 (faixa azul): produto pouco tóxico;
  • Categoria 5 (faixa azul): produto improvável de causar dano agudo;
  • Não classificado (faixa verde).
Modelo de faixa de classificação toxicológica a ser exibida no rótulo e bula de agroquímicos Fonte Anvisa

Modelo de faixa de classificação toxicológica a ser exibida no rótulo e bula de agroquímicos. (Fonte ANVISA).

Teste e registro de defensivos agrícolas

Existem 3 órgãos que são responsáveis pelos testes e avaliações de defensivos agrícolas e seus princípios ativos previamente à sua liberação no Brasil. São diversos os testes aos que o produto a ser liberado é submetido, como: testes agronômicos, toxicológicos, ecotoxicológicos, físico-químicos e de metabolismo e degradação.

Cada um desses órgãos avalia a periculosidade e o impacto dos defensivos em diferentes partes da cadeia de produção e níveis do meio-ambiente. Entenda os detalhes:

  • Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis: o IBAMA, um órgão do Ministério do Meio Ambiente, analisa o Potencial de Periculosidade Ambiental (PPA), além de fazer o levantamento da Avaliação de Risco Ambiental (ARA);
  • Agência Nacional de Vigilância Sanitária: a ANVISA, um órgão do Ministério da Saúde, avalia o impacto do produto a organismos alvo e não-alvo e tem como foco principal a segurança da saúde humana;
  • Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento: o MAPA é responsável pelos testes de uso agronômico do produto, avaliando sobremaneira a eficiência do mesmo no controle das populações-alvo e do rendimento de culturas agrícolas.

Como planejar o uso de defensivos agrícolas

Primeiramente, é importante ter em mente que qualquer defensivo agrícola, assim como um medicamento de uso humano, precisa de receituário próprio para compra. Essa receita é chamada de receituário agronômico. O AgroReceita facilita todo o processo de entendimento e preparo desses receituários.

Os três profissionais habilitados a assinarem receituários agronômicos são os engenheiros agrônomos, engenheiros florestais (de acordo com a Lei 7.802/89 e Resolução CONFEA 3440/90) e técnicos agrícolas (pelo Decreto 4560/02).

Além disso, o receituário é importante pois apresenta informações sobre:

  • Dados do produtor e da propriedade;
  • A doença, praga ou planta daninha a ser controlada e a cultura de incidência;
  • O produto a ser usado e as doses recomendadas;
  • As técnicas de aplicação a serem empregadas no uso do produto;
  • A época de aplicação e o intervalo de segurança;
  • A destinação de embalagens de produtos usadas.

Outro fator crucial é entender quais produtos são regulamentados nos diferentes estados, uma vez que há autonomia para essa decisão pelos governos estaduais.

Para saber quais são os produtos aptos ou não aptos nos estados brasileiros, o AgroReceita disponibiliza o Compêndio Agrícola. 

Através do Compêndio do AgroReceita você pode realizar sua consulta fitossanitária gratuita e ilimitada, e descobrir quais produtos que podem ou ser utilizados e aplicados em sua lavoura.

Preencha o formulário abaixo para ter acesso ao Compêndio Agrícola e comece já a sua consulta. 

Defensivos agrícolas e agricultura sustentável

Hoje em dia, principalmente devido à má-informação do público em geral, os defensivos agrícolas são colocados como vilões ambientais e dificilmente são compreendidos por seu papel crucial na sustentabilidade da produção de alimentos.

Estima-se que apenas 25% do potencial genético de produção de uma cultura é alcançado no campo. Muitas dessas perdas são causadas por fatores climáticos (abióticos) que são de difícil controle, como secas, temperaturas altas ou baixas, inundações, ventos, dentre outras.

Os estresses bióticos (pragas, doenças e plantas daninhas) podem responder por até 40% das perdas de produtividade de uma lavoura. Dessa maneira, o uso correto de defensivos pode tornar a atividade agrícola muito mais eficiente.

Esse aumento de eficiência do uso de recursos como produtos, água, combustíveis e mão-de-obra é diretamente relacionado com fatores como: diagnóstico preciso do fator biótico, recomendação correta do produto, dose e época de aplicação e das tecnologias utilizadas para a aplicação do produto.

Conclusões

A necessidade de se tornar a atividade agrícola cada vez mais sustentável é urgente e tanto o produtor rural como o profissional de assistência técnica têm um papel primordial nesse desafio.

A recomendação e uso correto de defensivos agrícolas estritamente testados e regulamentos, aumenta enormemente a eficiência do processo produtivo, economizando recursos, diminuindo perdas na lavoura, aumentando a produtividade e garantindo segurança alimentar.

Para isso, é necessário que o profissional responsável pela assistência técnica tenha em mãos os materiais necessários para uma boa tomada de decisão no uso de defensivos e sua recomendação por meio do receituário agronômico.

Consulte o AgroReceita para mais informações.

Sobre o Autor

João Paulo Pennacchi
João Paulo Pennacchi
 

Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal de Lavras e Doutor em Fisiologia de Plantas pela Lancaster University.

Leia também:

Receber newsletter