Reguladores de crescimento das plantas: tudo o que você precisa saber!

O que você precisa saber sobre soluções que modulam o crescimento de plantas e podem auxiliar na tolerância a estresses e aumento do potencial produtivo.

O cenário agrícola mundial é cada vez mais desafiador a todo profissional envolvido na atividade de produção agrícola. A agricultura, por ser uma atividade a céu aberto, é cheia de fatores que aumentam as incertezas sobre o seu retorno.

A interação entre planta e ambiente reflete no crescimento e desenvolvimento dos organismos vegetais, definindo sua arquitetura, duração do ciclo e produtividade. Esse entendimento das condições do ambiente e sinalização interna na planta é feito pelos hormônios vegetais.

Da mesma forma que a alteração interna dessas moléculas causa alterações no metabolismo da planta, a aplicação externa delas pode levar à possibilidade de modulação do crescimento e desenvolvimento, potencializando a resiliência e a produtividade.

Nesse artigo falaremos sobre reguladores de crescimento de plantas (RCPs), seus tipos, vantagens e regulamentações de uso.

O que são os reguladores de crescimento ou RCPs?

Um RCP é uma molécula, ou composto, que tem a capacidade de alterar os processos fisiológicos que definem o crescimento e desenvolvimento de plantas. Eles são presentes naturalmente no interior das plantas e atuam em resposta a estímulos externos do ambiente.

Quando produzidos internamente nas plantas, esses compostos são denominados hormônios vegetais. São caracterizados por serem produzidos em pequenas quantidades, transportados dentro da planta e serem responsáveis por influenciar o metabolismo interno das plantas em órgãos específicos.

Porém, esses mesmos compostos podem ser produzidos externamente, seja de forma natural através de outros organismos, ou de forma sintética. Quando produzidos externamente e aplicados na planta com o intuito de alterar seu comportamento, são chamados de reguladores de crescimento de plantas.

Os hormônios mais conhecidos no meio da fisiologia vegetal são: auxinas, giberelinas, citocininas, etileno e ácido abscísico. Porém, há outros compostos com características similares aos hormônios que já são estudados e utilizados, como: ácidos jasmônicos, brassinosteróides, poliaminas, compostos salicílicos, dentre outros.

Ação dos reguladores de crescimento nos indivíduos e lavouras

Os hormônios, e consequentemente os RCPs, têm o potencial de modificar o padrão de crescimento ou desenvolvimento de uma planta em diversos estágios. Abaixo, citamos algumas dessas características em que há ação de fitormônios:

  • Germinação de sementes;
  • Crescimento radicular;
  • Crescimento da planta em altura;
  • Perfilhamento;
  • Crescimento de ramos laterais;
  • Brotação e quebra de dormência de gemas auxiliares;
  • Indução floral;
  • Pegamento de flores e frutos;
  • Abscisão de flores e frutos;
  • Senescência de folhas;
  • Enchimento de grãos ou frutos;
  • Fotossíntese e transpiração;
  • Maturação de frutos;
  • Sanidade pós-colheita.

Pode-se notar que há um potencial enorme do uso de RCP e que há uma infinidade de possibilidades para modular o crescimento de plantas através do seu uso.

Apesar das plantas naturalmente lançarem mão dos fitormônios em resposta ao ambiente, nem sempre o resultado é o esperado pensando em produtividade agrícola. Por exemplo, em um evento de seca após a florada em soja, a tendência da planta é abortar flores, diminuindo os drenos da planta e garantindo a perpetuação da espécie.

A aplicação externa de RCP visa manter um balanço hormonal favorável à manutenção de flores, visando a manutenção da capacidade produtiva quando a situação estressante seja regularizada (volta da chuva).

Qual o melhor RCP?

Não há uma resposta para essa pergunta. Não existe um regulador melhor pois cada um deles tem sua importância e impacta de uma maneira diferente na planta.

É conhecido, porém, que as auxinas, giberelinas e citocininas são promotoras de crescimento, enquanto o etileno e o ácido abscísico são mais relacionados à supressão de crescimento e senescência.

Dessa forma, cada tipo de RCP deve ser recomendado e usado de acordo com a necessidade da planta, dependendo de vários fatores como: estádio de crescimento, condições do ambiente, finalidade de uso.

Abaixo trazemos um quadro-resumo simplificado sobre alguns dos pontos de atuação de hormônios ao longo do ciclo da soja.

Quadro-resumo da função de hormônios na cultura da soja (Fonte: GeoVida)

Qual o papel do profissional de campo na recomendação de RCPs?

A recomendação de produtos agrícolas para os produtores fica a cargo de profissionais especializados como os técnicos agrícolas e os engenheiros agrônomos e florestais. Alguns produtos de bases hormonais, como os RCPs, também precisam ser recomendados.

Apesar de já haver fórmulas prontas de RCP em produtos comerciais com recomendações validadas de doses e momentos de aplicação por cultura, um profissional que entenda o modo de ação e os benefícios potenciais dos RCPs podem ser mais assertivos em suas recomendações.

Para isso é importante conhecer o ciclo da cultura, as características do material genético em uso, entender as interações planta-ambiente e os modos de atuação de cada composto ou produto a ser recomendado.

Legislações sobre reguladores de crescimento

A legislação brasileira regulamenta o registro e uso de produtos denominados como agrotóxicos através das Leis 7.802/1989 e 9.974/2000 e no Decreto 4.074/2002.

Essas regulamentações descrevem regras no que diz respeito aos testes de segurança, eficiência e dosagem para registro de novos produtos e das normas para preenchimento do receituário agronômico.

O receituário agronômico é o documento obrigatório para compra e uso de produtos regulamentados que deve ser preparado pelo profissional responsável e incluir todas as informações necessárias sobre o produto, dose e aplicação, dentre outras informações.

De acordo com a Instrução Normativa Conjunta 32/2005, os produtos à base de hormônios devem seguir as mesmas regulamentações anteriores para registro e uso, incluindo a necessidade de receituário agronômico. Essa instrução normativa também inclui os produtos enzimáticos à base de aminoácidos.

A Instrução Normativa Conjunta define esses produtos como “hormônios e reguladores de crescimento: substâncias sintetizadas em uma parte do organismo transportadas a outros sítios onde exercem controle comportamental ou regulam o crescimento de organismos”.

Dessa forma, a recomendação de RCPs deve ser feita através do uso do receituário agronômico

O AgroReceita apresenta as melhores soluções para preenchimento de receituários agronômicos em ambiente virtual, com assinatura digital ou eletrônica. Através do aplicativo, é possível realizar a emissão das receitas com ou sem internet, direto do campo ou de onde você estiver. 

Teste grátis por 14 dias e saiba mais!

Conclusão

O uso de RCPs baseados em hormônios vegetais têm surgido como solução para potencializar a produção de plantas em ambiente de campo ou ambiente controlado, além de melhorar a qualidade de produtos agrícolas.

Esses produtos são baseados na interação planta-ambiente e podem modular a resposta de indivíduos a condições não ideais como estresses bióticos e abióticos, evitando danos ao crescimento, desenvolvimento e produção vegetal.

Os produtos à base de RCPs necessitam receituário agronômico detalhado sobre sua composição, recomendação e aplicação, o que fica a critério do profissional responsável.

Além do preenchimento criterioso do receituário, o profissional deve atentar ainda à recomendação correta dos produtos de maneira a encontrar a melhor dose e momento de aplicação que maximize seus benefícios.

Esperamos que esse artigo tenha sido útil para você!

Sobre o Autor

João Paulo Pennacchi

João Paulo Pennacchi

Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal de Lavras e Doutor em Fisiologia de Plantas pela Lancaster University.

Leia também:

Se inscreva em nossa newsletter.