Dessecação pré-semeadura na cultura do milho
Sumário
Dessecação pré-semeadura do milho: entenda a importância dessa etapa e quais herbicidas podem ser usados no manejo.
Uma das principais estratégias no manejo de plantas daninhas é o plantio da cultura no limpo.
O plantio no limpo faz parte do controle cultural de plantas daninhas, no qual favorecemos a cultura em detrimento das espécies invasoras.
Para que possamos garantir a dianteira competitiva da cultura devemos fazer uma boa dessecação pré-semeadura.
Essa etapa é tão importante quanto os demais tratos culturais, por isso, hoje, vamos falar sobre a dessecação pré-semeadura na cultura do milho.
Para uma boa dessecação alguns pontos devem ser levados em consideração:
- Identificação correta das plantas daninhas;
- Manejo de plantas daninhas na entressafra;
- Escolha dos herbicidas para dessecação pré-semeadura.
Identificação de plantas daninhas
Para escolha correta dos herbicidas utilizados na dessecação pré-semeadura devemos saber quais as principais espécies presentes na área.
Identificando corretamente saberemos se vamos ter que usar herbicidas de contato ou sistêmicos, se uma aplicação será suficiente ou se teremos que fazer um manejo sequencial e, se nosso foco será as gramíneas, as folhas largas ou ambas.
Caso a área tenha plantas daninhas adultas e perenizadas, iremos precisar fazer uma dessecação sequencial, pois o estádio ideal de aplicação já foi ultrapassado.
O controle ideal deve ser feito com as plantas daninhas pequenas, pois assim o herbicida tem maiores chances de ser absorvido, tem uma menor distância a ser percorrida dentro da planta até o sítio alvo e menores dificuldades em ultrapassar as barreiras da folha.
Por isso, é que nas bulas vemos que o herbicida em pós-emergência deve ser aplicado quando as plantas daninhas estiverem com 2 a 4 folhas (eudicotiledôneas) ou 2 a 3 perfilhos (gramíneas).
Mas, é muito comum termos áreas com plantas maiores, por isso vamos ter que fazer aplicações sequenciais.
Na primeira aplicação vamos optar por herbicidas sistêmicos, como:
- Glyphosate + 2,4-D;
- Glyphosate + Graminicida.
Na segunda aplicação podemos fazer um herbicida de contato ou associações como:
- Diquat;
- Glufosinate + Graminicida.
A escolha vai depender de quais espécies estão presentes na área.
Plantação de milho.
Manejo de plantas daninhas na entressafra
Manejar as plantas daninhas na entressafra implica em menor dificuldade de controle de plantas daninhas na pré-semeadura.
Nesse período de entressafra você pode optar por fazer uma cultura de cobertura, uma cultura de inverno (dependendo da região) ou ainda fazer o manejo com herbicidas pré e pós-emergentes.
O que deve ser evitado é deixar a área em pousio. Áreas em pousio beneficiam as plantas daninhas, pois estas conseguem germinar, emergir, desenvolver-se, reproduzir e dispersar suas sementes (ou outras estruturas de propagação).
Área manejada com trigo na entressafra.
Manejo de plantas daninhas nos sistemas agrícolas
Temos algumas possíveis situações que vamos encontrar no campo.
Podemos ter o milho como primeira safra, no qual virá de um manejo de entressafra, seja com outra cultura de inverno seja com plantas de cobertura ou herbicidas.
Ou, ainda teremos o milho segunda safra, vindo após a soja.
Em ambos os casos, o manejo de plantas daninhas deve ser pensado como um sistema.
Vamos refletir com alguns exemplos.
O plantio de cereais de inverno, como trigo, aveia, triticale, centeio ou cevada, ajudam no controle de plantas daninhas na próxima safra.
Isso acontece porque elas ajudam a reduzir a infestação de diversas plantas daninhas, como a buva.
Além disso, nesse sistema usamos outros herbicidas que não são usados na cultura do milho e/ou soja, como o metsulfuron.
Na cultura da soja, se fizermos uma boa dessecação pré-semeadura, uso de herbicidas em pré-emergência e controle das plantas daninhas que escaparam, ajudaremos no manejo da cultura do milho.
O importante, quando pensamos em sistemas, é avaliar o uso dos herbicidas residuais para que não haja efeito de carryover na próxima cultura.
Herbicidas usados na dessecação pré-semeadura do milho
Quando chegamos na cultura do milho, podemos ter algumas situações:
- Plantio do milho logo após a colheita da soja, sem tempo para fazer o manejo de dessecação sequencial;
- Plantio do milho como primeira safra ou com tempo hábil de fazer a dessecação sequencial.
Na primeira opção, quando não temos esse tempo, é importante avaliar a quantidade de plantas daninhas no final do ciclo da soja, pois uma estratégia seria a dessecação da soja.
A dessecação da soja tem três objetivos: uniformizar a colheita, antecipar a colheita e controlar as plantas daninhas que escaparam.
As alternativas de herbicidas nesse manejo são o diquat e o glufosinate.
Mas, quando há tempo, o ideal é ser feito o manejo sequencial. Para isso teremos algumas opções, mas lembre-se de sempre verificar o período entre a aplicação do herbicida e o plantio do milho.
2,4-D
Usado na primeira aplicação do manejo sequencial, podendo ser associado com o glyphosate.
O objetivo é o controle de folhas largas, mas devemos nos atentar a lugares onde há resistência ao 2,4-D (rápida necrose), podendo ser substituído por outro auxínico (dicamba, halauxifen, triclopyr).
Aqui, também deve ser lembrado que o 2,4-D tem incompatibilidade com graminicidas.
Buva dessecada com herbicida auxínico.
Glyphosate
O glyphosate, mesmo com os casos de resistência, é um dos herbicidas mais utilizados na dessecação pré-semeadura, pois ainda controla diversas espécies.
Geralmente é associado com o 2,4-D ou com um graminicida, na primeira aplicação do manejo sequencial.
Graminicidas: haloxyfop e clethodim
Usados para o controle de gramíneas, associados com glyphosate ou glufosinate na primeira, ou na segunda aplicação do manejo sequencial.
No geral, em altas infestações de plantas daninhas, podemos fazer glyphosate + graminicida na primeira aplicação e glufosinate + graminicida na segunda aplicação.
É interessante alterar o graminicida usado entre uma aplicação e outra, para ajudar na prevenção da resistência cruzada.
Glufosinate
Por ser um herbicida de contato (translocação reduzida), ele é utilizado na segunda aplicação do manejo sequencial, associado com glyphosate ou graminicida.
Como é um herbicida de contato, é preciso esperar a rebrota das plantas daninhas, o que ocorre entre 10 e 15 dias após a primeira aplicação.
Lembre-se, herbicidas de contato precisam de folhas para serem absorvidos.
Saflufenacil
O saflufenacil pode ser usado para controle de plantas pequenas ou ainda na segunda aplicação do manejo sequencial nas rebrotas.
O foco do saflufenacil é as eudicotiledôneas (folhas largas) e, pode ser associado com o glyphosate.
E depois da dessecação pré-semeadura do milho, o que fazer?
Após fazer uma boa dessecação pré-semeadura, é importante usar o herbicida pré-emergente.
O pré-emergente pode ser associado com a segunda aplicação do manejo sequencial, caso a infestação de plantas daninhas não seja alta.
Lembre-se que o herbicida pré-emergente precisa chegar ao seu alvo, que é o solo, portanto em altas infestações ele atingirá as folhas e não terá efeito no solo.
O objetivo do herbicidas aplicados em pré-emergência é controlar os fluxos de germinação das sementes de plantas daninhas na camada de 0 a 10 cm.
A escolha do herbicidas pré-emergentes para a cultura do milho vai depender da infestação que você tem na área.
Área com sementes de plantas daninhas.
Para o milho você terá as opções de: atrazine, terbuthylazine, s-metolachlor, isoxaflutole e trifluralin.
Para escolher quais herbicidas você vai utilizar você pode acessar o Compêndio de Defensivos Agrícolas Agroreceita.
Lá você pode visualizar os produtos pela cultura de interesse ou ainda, pela planta daninha que deseja controlar.
Conclusão
A dessecação pré-semeadura do milho deve ser feita com qualidade para que não haja desperdício de tempo, dinheiro e produto.
A dessecação pré-semeadura, geralmente, deve ser feita com manejos sequenciais.
Herbicidas como o glyphosate, haloxyfop, clethodim, glufosinate, 2,4-D são muito utilizados na dessecação pré-semeadura.
O objetivo da dessecação pré-semeadura do milho é dar a dianteira competitiva para a cultura sair na frente da planta daninha.
Sobre o Autor
Ana Lígia Giraldeli
Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar), Doutora em Fitotecnia (Esalq-USP) e especialista em Agronegócios. Atualmente sou professora da UNIFEOB.
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