Índices de vegetação: como medir a eficácia dos defensivos agrícolas
Sumário
Índices de vegetação como NDVI, EVI, NDRE e MSAVI2 auxiliam no monitoramento de plantas daninhas após aplicação ou monitoramento remoto durante uma safra
Os índices de vegetação são ferramentas essenciais para o monitoramento do campo e uma das principais utilidades diz respeito à eficácia dos defensivos agrícolas.
Por meio dos índices de vegetação é possível comparar imagens captadas por sensoriamento remoto e verificar o antes e depois da aplicação do defensivo, tendo, assim, uma avaliação mais rápida e abrangente da área da lavoura.
Existe um método que você pode seguir para usar os índices de vegetação para esta finalidade, levando-se em conta a cultura, o defensivo e o tipo de índice utilizado.
Neste artigo você vai saber como isso pode ser feito, para o melhor gerenciamento da sua área agrícola, seja ela agricultura ou pecuária. Confira!
Quais são os índices de vegetação?
São diversos os índices de vegetação: NDVI, EVI, NDRE e MSAVI2 são exemplos, usados para o sensoriamento remoto da agricultura em diferentes culturas e suas fases de desenvolvimento.
NDVI - Normalized Difference Vegetation Index
O NDVI (ou Índice de Vegetação por Diferença Normalizada) é o índice de vegetação mais popular que existe, sendo uma derivação da Razão Simples (SR – Simple Ratio).
Muito utilizado na cultura de grãos em geral, tem como principal serventia acompanhar o desenvolvimento da lavoura no estágio de crescimento ativo da cultura.
Os avanços nas pesquisas com o NDVI possibilitaram que hoje em dia ele seja altamente correlacionado com o teor de nitrogênio das plantas e com a produtividade, e assim fazer recomendações de adubação nitrogenada e previsão de safras.
EVI - Enhanced Vegetation Index
O EVI (Índice de Vegetação Melhorado) vem sendo bastante utilizado, principalmente para o sensoriamento remoto de áreas com vegetação densa.
Uma das características do EVI é que ele é menos propenso à saturação, efeito que ocorre quando o índice chega a 1 e estabiliza, não fornecendo dados sobre a variabilidade espacial da lavoura.
O efeito de saturação é muito comum no monitoramento de lavouras mais densas, como milho e culturas perenes, sobretudo quando é utilizado o NDVI.
Por conta disso, o EVI é muito recomendado para o monitoramento de vegetações mais densas, com grandes quantidades de clorofila, e culturas perenes e semiperenes, a exemplo de café e cana-de-açúcar.
NDRE - Normalized Difference Red Edge Index
O NDRE (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada na Borda do Vermelho) é um índice que pode ser utilizado tanto em culturas agrícolas anuais quanto perenes.
Nas culturas anuais (de grãos), o NDRE é muito útil para fazer o monitoramento do meio para o final de desenvolvimento (dossel mais denso), sendo também uma boa alternativa para a utilização em culturas agrícolas perenes.
Diversas pesquisas apontam, por exemplo, alta correlação da produtividade do café com o NDRE, em comparação com outros índices, como o NDVI.
MSAVI2 - Modified Soil Adjusted Vegetation Index
O MSAVI2 (Índice de Vegetação Ajustado ao Solo Modificado) é uma variação ampliada do NDVI para ser usado em áreas com muito solo descoberto.
Normalmente, em áreas desse tipo, o NDVI e o NDRE, fornecem dados imprecisos por conta da baixa quantidade de vegetação.
Assim, o MSAVI2 minimiza a influência do fundo do solo para aumentar o nível de informações sobre a vegetação, sendo muito útil para o monitoramento do estágio fenológico de emergência da lavoura.
Como calcular o índice de vegetação?
O índice de vegetação é calculado com base nas bandas espectrais dos sensores ativos e passivos, com as quais são feitas equações simples para obtenção do resultado final.
- Cálculo do NDVI:
NDVI = (NIR – RED) / (NIR +RED)
- Cálculo do EVI:
EVI = 2.5 * (NIR – RED) / (NIR + 6*RED -7.5.BLUE +1)
- Cálculo do NDRE:
NDRE = (NIR – RED EDGE) / (NIR +RED EDGE)
- Cálculo do MSAVI2:
MSAVI2 =(2 *NIR + 1 -1*√(2*NIR +1) – (NIR – RED)) / 2
Esteja sempre atento às bandas do sensor que está utilizando para fazer os cálculos da forma correta. A depender do sensor, é necessário fazer o processamento da imagem para correção de efeitos atmosféricos e da reflectância na base da superfície.
Especialista monitorando plantas daninhas na lavoura com drone (Fonte: Canva)
Como obter imagens NDVI e de outros índices?
Esses índices podem ser obtidos por meio de sensores ativos (independentes da luz do Sol) e passivos (dependentes da luz do Sol), de forma terrestre, aérea ou orbital.
São exemplos de sensores ativos os equipamentos usados no sensoriamento remoto terrestre, seja embarcado em maquinários ou usados de forma manual.
Os sensores passivos são os utilizados por meio de drones, aeronaves e satélites, os quais necessitam da luz do sol para captar informações do alvo.
Como interpretar o NDVI e outros índices de vegetação?
A interpretação do NDVI ocorre de acordo com a sua prática na lida no campo. Cada índice de vegetação pode ser utilizado em uma fase do desenvolvimento da cultura.
É sempre importante fazer fotos da lavoura toda vez que você for no campo e salvar no seu sistema de monitoramento e gestão da fazenda, com vistas a comparações com o NDVI e outros índices no sistema.
As imagens dos sensores, originalmente, são fornecidas em tons de cinza e branco. O colorido que vemos nos sistemas é apenas para facilitar nossa observação e é feita de forma manual durante o geoprocessamento das imagens.
O NDVI e a maioria dos índices de vegetação variam de -1 a 1, sendo que valores próximos a -1 e 0 representam, para esses índices, o solo exposto e próximo a 1 a vegetação sadia. Veja dicas de como acompanhar a sua lavoura:
- 0 – 0,30: estágio inicial de crescimento;
- 0,30 – 0,60: aumento da densidade de folhas;
- 0,60 – 0,90: reta final do desenvolvimento.
Na cultura de grãos, as plantas começam a apresentar redução do índice quando estão no ponto de colheita, por isso esteja atento a isso: com a planta mais “seca”, ocorre a redução da atividade fotossintética e o índice cai.
Neste sentido, você deve estar mais atento nos números dos índices que nas cores dos mapas.
Se no monitoramento remoto você verificar que alguma área da lavoura não está seguindo o desenvolvimento esperado, pode ir a campo verificar o que está ocorrendo, pois é algum problema que precisa ser corrigido, como infestação de praga, falha na irrigação, etc.
Método para usar índices de vegetação para medir a eficácia dos defensivos agrícolas
- Capture imagens de sensoriamento remoto aéreo (drone, avião) ou orbital (satélite) de uma data mais próxima possível de fazer a aplicação do defensivo químico;
- Registre imagens com o celular se possível da mesma data da imagem do sensoriamento ou data mais próxima;
- Verifique o tempo de ação do defensivo químico;
- Após a aplicação, faça fotos da área que foi aplicado o produto;
- Capture novas imagens do sensoriamento remoto e faça comparações, de acordo com o tempo esperado de ação do defensivo químico;
- Caso não haja recuperação da atividade fotossintética da planta, é um forte indicativo de que o produto não surtiu efeito e vice e versa.
Outra dica importante é você conferir a bula do produto químico, que deve estar atualizada conforme a legislação em vigor.
Uma ótima opção para isso é a plataforma da AgroReceita, onde você pode usar o Compêndio de defensivos agrícolas online, que permite a consulta fitossanitária dos produtos registrados no Brasil, atualizados por estado.
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Conclusão
Áreas infestadas com pragas, doenças ou plantas daninhas causam diversos prejuízos à lavoura, sendo por isso necessário utilizar ferramentas que auxiliem na resolução do problema o quanto antes.
O sensoriamento remoto e os índices de vegetação, nesse sentido, facilitam o monitoramento da lavoura, sobretudo em extensas áreas, muitas vezes longe dos olhos de quem está no campo.
E para além disso você pode utilizar os índices de vegetação seguindo o método descrito acima para verificar a eficácia dos produtos, sendo importante também para isso a consulta ao tempo de ação do produto na sua versão mais atual da bula.
Sobre o Autor:
Mário Bittencourt
Jornalista e pós-graduado em Agricultura de Precisão.
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