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Como obter altas produtividades aplicando a fenologia da soja no campo?

Plantação de soja

Sumário

A soja é uma cultura de extrema importância, especialmente no Brasil, onde sua produção tem crescido de forma constante ao longo das últimas décadas. Este grão se tornou fundamental para a economia agrícola do país, sendo um dos principais produtos de exportação e uma fonte de proteína para a alimentação humana e animal. 

Para a safra 2024/25, a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) projeta uma produção de 166,28 milhões de toneladas, o que representa um aumento significativo de 12,82% em relação ao ciclo anterior.

O crescimento da área cultivada e a adoção de tecnologias modernas têm impulsionado essa expansão, permitindo que a soja se adapte a diversas regiões do Brasil, além do Sul, onde tradicionalmente era cultivada. 

A versatilidade da soja, que pode ser utilizada para a produção de óleo, ração animal e biocombustíveis, contribui ainda mais para sua relevância no cenário agrícola.

Neste contexto, a fenologia da soja se torna um tema essencial a ser abordado, pois envolve o entendimento das diferentes fases de desenvolvimento da planta e como essas fases são impactadas pelas condições ambientais e pelas práticas de manejo. 

Conhecer a fenologia da soja é importante para maximizar a produtividade e garantir a sustentabilidade do cultivo. 

Boa leitura!

A importância da soja para o Brasil

A soja é a principal cultura da agricultura brasileira desde a década de 70, quando seu cultivo passou de 1,3 milhões de hectares para 8,8 milhões. A ampliação da indústria de óleo e o desenvolvimento de novas tecnologias. 

A versatilidade do grão, que pode ser utilizado na produção de ração animal, óleo vegetal e até biocombustíveis, consolidou sua liderança na agricultura nacional.

Além de sua relevância econômica, a soja garante a segurança alimentar e a nutrição, com alto teor proteico e de aminoácidos essenciais. Com cerca de 40% de proteína e 20% de óleo em sua composição, a soja se tornou uma alternativa acessível à proteína animal, especialmente em dietas vegetarianas e veganas. 

O crescimento da demanda e da produção de soja no Brasil tem sido expressivo, com projeções que indicam um aumento de 32% na produção até 2029, solidificando o país como o maior exportador mundial do grão. 

Por isso, saber aplicar a fenologia da soja é fundamental para aumento da produtividade no campo. Nesse artigo, destacaremos as principais dicas de manejo.

Uso e aplicação da soja

Figura 1. Uso e aplicação da soja. Créditos: APROSOJA (2024).

Como compreender a fenologia da soja?

A fenologia da soja refere-se ao estudo das fases de desenvolvimento da planta ao longo do tempo. Este campo analisa as variações nas características físicas e fisiológicas da soja em resposta às condições ambientais e às técnicas de manejo utilizadas.

Observar a fenologia da soja implica considerar a “idade fisiológica” da planta em vez da “idade cronológica”. Essa abordagem proporciona uma visão mais precisa do estado atual da planta e das suas necessidades específicas em termos de ambiente e práticas de manejo adequadas para cada fase de crescimento.

Além disso, reconhecer a idade fisiológica correta permite que a soja atinja seu máximo potencial produtivo. Nos próximos tópicos, exploraremos mais detalhes sobre a fenologia da soja e sua importância para a produção agrícola.

Divisão da Fenologia da Soja

Período vegetativo (V)

O período vegetativo é caracterizado pelo “crescimento da planta e pela produção de folhas”. Inicia-se com a germinação da semente e termina com o início do florescimento. 

A compreensão dos estádios fenológicos da soja é essencial para o manejo agrícola, pois ajuda no monitoramento do desenvolvimento da cultura e na tomada de decisões sobre insumos. 

Os estádios vegetativos da soja são classificados da seguinte forma, conforme a obra de Fehr e Caviness (1977):

Emergência (VE): neste estádio, os cotilédones estão acima da superfície do solo, sinalizando o início do crescimento da planta.

Cotilédone desenvolvido (VC): aqui, os cotilédones estão totalmente abertos, o que indica um desenvolvimento inicial adequado.

Primeiro nó (V1): a planta alcançou o primeiro nó, onde as folhas unifolioladas estão completamente abertas, mostrando que o crescimento está progredindo.

Segundo nó (V2): neste estádio, a primeira folha trifoliolada está aberta, o que representa uma fase importante no desenvolvimento foliar.

Terceiro nó (V3): a planta apresenta a segunda folha trifoliolada aberta, indicando um avanço no crescimento vegetativo.

Enésimo nó (V(n)): este estádio refere-se a um “enésimo” nó ao longo da haste principal, onde uma folha trifoliolada está aberta. O número “n” pode variar, representando o desenvolvimento contínuo da planta.

Período reprodutivo (R)

O período reprodutivo abrange a formação de flores, vagens e grãos, começando com o florescimento e terminando com a maturação dos grãos.

R1 – Início do florescimento: uma flor aberta em qualquer nó da haste principal.

R2 – Florescimento pleno: maioria das inflorescências da haste principal com flores abertas.

R3 – Início da frutificação: vagens com 0,5 a 1,5 cm de comprimento no terço superior da haste principal.

R4 – Frutificação plena: maioria das vagens no terço superior da haste principal com comprimento de 2 a 4 cm (conhecidas como “canivete”).

R5.1 – Início da granação: até 10% da granação máxima na maioria das vagens localizadas no terço superior da haste principal.

R5.2 – Granação inicial: maioria das vagens no terço superior com 10 a 25% da granação máxima.

R5.3 – Média granação: maioria das vagens no terço superior com 25 a 50% da granação máxima.

R5.4 – Granação avançada: maioria das vagens no terço superior com 50 a 75% da granação máxima.

R5.5 – Final da granação: maioria das vagens no terço superior com 75 a 100% da granação máxima.

Fenologia da soja — estadio reprodutivo

Figura 2. Raízes infectadas com espécies de nematoide Meloidogyne spp. Fonte: CDFA, 2007.

R6 – Semente formada: 100% de granação, com maioria das vagens no terço superior contendo sementes verdes em volume máximo (chamadas de “vagem gorda”).

R7.1 – Maturidade fisiológica: até 50% de folhas e vagens amarelas.

R7.2 – Maturidade fisiológica: entre 50 e 75% de folhas e vagens amarelas.

R7.3 – Maturidade fisiológica: acima de 75% de folhas e vagens amarelas.

R8.1 – Desfolha natural: até 50% de desfolha.

R8.2 – Desfolha natural: acima de 50% de desfolha, aproximando-se do ponto de colheita.

R9 – Maturidade a campo: 95% de vagens com a cor madura.

Fonte: Ritchie et al. (1982).

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Conclusão

Os estádios fenológicos reprodutivos da soja, conforme descritos, são fundamentais para entender o desenvolvimento da cultura e planejar as práticas de manejo adequadas. 

Cada estágio, desde o início do florescimento até a maturidade a campo, reflete mudanças importantes na planta que impactam diretamente a produtividade. 

O monitoramento atento desses estádios permite aos agricultores tomarem decisões informadas sobre irrigação, controle de pragas e colheita, contribuindo para a maximização dos rendimentos e a sustentabilidade da produção agrícola. 

Portanto, o conhecimento profundo dessas fases é essencial para otimizar o cultivo da soja e garantir uma colheita bem-sucedida.

Referências

CÂMARA, G. M. S. Fenologia da soja. In: CÂMARA, G. M. S. (Ed.). Soja: tecnologia da produção. Piracicaba: ESALQ/Departamento de Agricultura 1998. p. 26-39.

CÂMARA, G. M. S. Ecofisiologia da cultura da soja. In: SIMPÓSIO SOBRE CULTURA E PRODUTIVIDADE DA SOJA, 1., 1991, Piracicaba. Anais. Piracicaba, SP: ESALQ/Departamento de Agricultura; FEALQ, 1992. p. 129-142.

COSTA, J. A.; MARCHEZAN, E. Características dos estádios de desenvolvimento da soja. Campinas: Fundação Cargill, 1982. 30 p.

FEHR, W. R.; CAVINESS, C. E. Stages of soybean development. Ames, Yowa: Yowa State University of Science and Technology, Cooperative Extension Service, 1977. 11 p. (Special Report, n. 80).

RITCHIE, S.; HANWAY, J. J.; THOMPSON, H. E. How a soybean plant develops. Ames, Yowa: Yowa State University of Science and Technology, Cooperative Extension, 1982. 20 p. (Special Report, n. 53)

Sobre o Autor

Alasse Oliveira

Engenheiro Agrônomo, Mestre e Especialista em Produção Vegetal e, Doutorando em Fitotecnia (ESALQ/USP)

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