Lojas agropecuárias: oportunidades no mercado de defensivos
Sumário
As lojas agropecuárias passam por desafios no mercado de defensivos, com margens de lucro reduzidas, mas novas oportunidades surgem à porta com os biológicos
As lojas agropecuárias são uma importante estrutura comercial do agronegócio, ao fazer a ponte entre as grandes marcas do setor e os produtores rurais em todo o Brasil.
Atuar neste mercado não é nada fácil, sobretudo no que se refere ao comércio de produtos cujos preços sofrem influência direta do mercado global, como os defensivos agrícolas.
O ano de 2024 tem sido marcado pelo aumento dos estoques de defensivos, que gerou redução dos preços, mas por outro lado há o crescimento considerável nas vendas de defensivos biológicos, tendência que já vem de outros anos.
Assim, novas oportunidades de negócios têm surgido à porta das revendas, mas para que elas sejam aproveitadas é necessário obter informações e dados corretos para montar as estratégias de atuação. Saiba mais neste artigo!
Importância das lojas agropecuárias para o agro
As lojas agropecuárias são locais de comercialização de diversos produtos utilizados nas propriedades rurais, como ferramentas, máquinas e insumos, além de assistência técnica especializada em vários segmentos.
Elas são uma importante estrutura de negócios que faz a ligação entre os agricultores e os produtos e serviços oferecidos por grandes marcas nacionais e globais.
Uma revenda agrícola pode funcionar de forma isolada, como uma loja agropecuária, ou como estrutura de cooperativas agrícolas, onde os cooperados possuem acesso a descontos especiais.
O trabalho tem como foco as vendas, e para que elas ocorram é necessário criar estratégias de mercado que possam atender às necessidades dos produtores locais durante todas as épocas do ano ou do ciclo da cultura.
Dentre os produtos comercializados pelas lojas agropecuárias, estão os defensivos, essenciais para o controle de pragas que causam prejuízos diversos na lavoura e são necessários para a sustentabilidade do negócio rural.
Como cada revenda atua de forma local ou regional, é natural que se comercialize apenas defensivos voltados para culturas próprias daquela região e que, portanto, possuem grande demanda dos produtores.
Ao longo do tempo, com o desenvolvimento de pesquisas e leis restritivas ao uso de produtos tóxicos de grau elevado, têm surgido produtos de menor impacto no ambiente e com a mesma eficácia dos químicos. São os defensivos biológicos.
Apesar de ainda serem uma fatia pequena do mercado de defensivos, os biológicos seguem em ritmo crescente de vendas ano a ano, com potencial de manutenção, à medida que vão gerando confiança nos agricultores.
Dessa forma, as lojas agropecuárias podem obter bons lucros tanto com as negociações envolvendo defensivos químicos quanto biológicos, devendo para isso estabelecer uma estratégia de comercialização baseada na análise de dados dos clientes.
Como revender defensivos agrícolas?
A revenda de defensivos agrícolas deve ser feita a partir do atendimento às leis vigentes no país, a exemplo da exigência do receituário agronômico, que só pode ser emitido por profissionais de agronomia, engenharia florestal ou técnicos agrícolas que estejam com seus registros profissionais ativos, como orienta a Lei 7.802/1989.
Lojas agropecuárias devem ter profissionais habilitados para lidar com esses produtos, já que eles também precisam seguir as orientações constantes em normas e regulamentos para armazenagem adequada.
Neste sentido, a revenda de defensivos passa pelo cumprimento das leis de abrangência nacional ou estadual, a depender de cada produto, que pode ser autorizado para ser comercializado apenas em determinado local.
Também envolve a observação constante dos fatores que interferem nos preços dos defensivos, como o nível de oferta do produto e os estoques.
O ano de 2024, por exemplo, está sendo de grande volume de oferta de defensivos, o que gerou redução do preço de muitos produtos, como o Glifosato, que saiu de US$ 25 por hectare, em média, na safra passada, para US$ 8 por hectare na atual safra.
Ao mesmo tempo, produtores apresentam margens mais reduzidas de lucro por conta da maior oferta de produtos do campo à venda, sobretudo soja, que é responsável por metade do volume utilizado na agricultura brasileira.
Análise do mercado de defensivos agrícolas
De acordo com a consultoria Kynetec, ocorre no Brasil uma desaceleração do ritmo de crescimento da área tratada. Na safra 2023/2024, foram tratados 2,2 bilhões de hectares, aumento de 3% em relação à safra anterior – a média de crescimento de anos anteriores era de 10%. A safra 2024/2025 deve continuar no mesmo ritmo da atual.
A avaliação da Kynetec para a cadeia de lojas agropecuárias é a de tendência de nova consolidação nos canais de distribuição e ajustes que devem ser feitos tanto por grandes quanto por pequenas empresas.
A preocupação de momento é com os estoques. Enquanto os de fungicidas e inseticidas já caminham para uma normalização, o de herbicidas deve perdurar ainda na temporada de 2024/2025.
Oportunidades no mercado de bioinsumos
Outra grande oportunidade para revendas e cooperativas agrícolas é o mercado de bioinsumos, que vêm sendo utilizados em diversas culturas agrícolas.
Somente na safra 2023/2024, o mercado de bioinsumos avançou mais de 15% no Brasil, em relação à safra anterior, com R$ 5 bilhões em vendas para os agricultores, conforme pesquisa da Crop Life Brasil.
Os bioinsumos incluem produtos de controle, inoculantes, bioestimulantes e solubilizadores. Dentre eles, o segmento de maior destaque é o de produtos de controle biológico, com 57% das vendas no mercado.
As culturas em que esses produtos estão sendo mais utilizados são a soja, milho, cana-de-açúcar, café, algodão, citros e hortifruti.
Representatividade dos segmentos no mercado, nos últimos três anos. (Fonte: Blink/CropLife Brasil)
O segmento de bioinsumos tem previsão de crescimento anual de 16,6% em área tratada até a safra de 2027/2028, o que representa o maior crescimento do setor de insumos agrícolas no Brasil, onde a adoção desses produtos é três vezes maior que nos Estados Unidos e Europa.
Além de representar ótima oportunidade comercial para revendas e cooperativas agrícolas, os bioinsumos contribuem para a maior sustentabilidade no campo, a partir de práticas agrícolas que favorecem à diversidade ambiental e melhoria biológica do solo.
Mas, tal como os defensivos químicos, é preciso seguir à risca o Receituário Agronômico para utilização desses produtos, sobretudo com relação às bulas atualizadas.
Para isso, conte sempre com a plataforma da AgroReceita, onde as bulas dos defensivos químicos e biológicos do Brasil, separadas por Estado, são atualizadas em tempo real, assim que é publicada novas informações sobre determinado produto.
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Conclusão
O mercado de defensivos agrícolas tem se apresentado com grande dinamismo no Brasil, maior importador desses produtos. Se por um lado há desafios para a comercialização de defensivos químicos, por outro há o crescimento das vendas dos biológicos.
Apesar de ainda estar longe de as vendas dos biológicos compensarem as reduções de lucros com químicos, eles são uma importante fonte para obtenção de boas margens de negociações, uma vez que estão em expansão.
O atendimento às leis e normas referentes a venda e uso desses produtos, mediante receituário agronômico, é um outro ponto de atenção que deve ser constante para evitar que haja riscos aos negócios. Por isso, conte sempre com o sistema da AgroReceita para estar em dia com a legislação de defensivos agrícolas.
Sobre o Autor
Mário Bittencourt
Jornalista e pós-graduado em Agricultura de Precisão.
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