Preço dos defensivos agrícolas: perspectivas para 2024

Trator aplicando defensivos agrícolas

O preço dos defensivos agrícolas em 2024 deve ter redução por conta dos estoques elevados, mas com boas perspectivas de crescimento, conforme pesquisas do setor

O aumento da participação do Brasil no comércio global de alimentos, e agora com a liderança na exportação de dez produtos agrícolas, tem cada vez mais chamado a atenção do mercado de defensivos químicos. 

O cenário do mercado para as vendas dos defensivos para 2024 aponta para o aumento da oferta desses produtos, mas com boas perspectivas de melhorias na comercialização.

Nos últimos cinco anos, os fabricantes da Europa enviaram para o país 270 mil toneladas de produto, volume 13% a mais que no mesmo período anterior. 

Conforme especialistas, devido ao aumento da oferta, a tendência é de queda no preço dos defensivos agrícolas para 2024. Veja mais detalhes neste artigo!

Qual o defensivo agrícola mais caro?

O defensivo agrícola mais caro no Brasil tende a ser os produzidos à base do glifosato, ingrediente ativo presente em vários herbicidas para o controle de plantas daninhas e o mais utilizado no país.

O produto mais conhecido mundialmente associado ao glifosato é o Roundup, da fabricante Bayer, mas há outros que também o utilizam em sua composição, a exemplo do herbicida 480, da Dipil, e o herbicida da fabricante Dimy.

No Brasil, o glifosato é utilizado principalmente no controle de plantas daninhas na cultura de grãos, como soja, milho e arroz irrigado, além de cana-de-açúcar, café, citros, maçãs e pastagens. O preço do Roundup varia entre R$ 136,00 a R$ 179,99 o litro, e o de 5 litros pode chegar a R$ 510,00. Os demais herbicidas fabricados tendo como ingrediente ativo o glifosato possuem preços menores, e geralmente são utilizados para outras finalidades, como a jardinagem.

Qual o agrotóxico mais vendido no Brasil?

Por conta da sua utilidade em várias culturas, o glifosato é o agrotóxico mais vendido no Brasil e no mundo. De acordo com dados de 2017, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o glifosato responde por 32% do total de produtos químicos usados no Brasil.

Dados dos produtos mais usados no Brasil

Dados dos produtos mais usados no Brasil. (Fonte: Ipea)

Na sequência, no ranking dos mais utilizados no país, vêm o 2,4-D, o mancozebe, o acefato, o óleo mineral, a atrazina, o imidacloprid e o oxicloreto de cobre. O paraquat não é mais utilizado no país desde setembro de 2020.

Cada defensivo precisa ter o receituário agronômico para que seja utilizado. Esteja atento para a legislação de cada estado, referente a cada produto.

Preço dos defensivos agrícolas: panorama do mercado

O mercado de defensivos agrícolas em 2024 deve passar por um momento de grande oferta de produtos, sobretudo porque os fabricantes da Europa estão cada vez mais voltados para o Brasil.

Esse interesse no mercado brasileiro tem dois grandes motivos: o crescimento do agronegócio no país, com safras recordes de grãos, e as restrições da União Europeia referente ao uso de defensivos.

Os negócios entre países do bloco europeu e o Brasil têm beneficiado principalmente a França, cujas indústrias receberam dos brasileiros US$ 1,23 bilhão e, em troca, enviaram 56 mil toneladas do produto.

Em volumes, porém, o país que mais enviou defensivos ao Brasil foi a Dinamarca: 79 mil toneladas ao todo, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior.

Os produtos mais comprados foram fungicidas, herbicidas, inseticidas, inibidores de germinação e reguladores de crescimento de plantas. No geral, em 2023, o Brasil importou 589 mil toneladas de defensivos agrícolas, ao custo de US$ 4,9 bilhões.

De acordo com a consultoria Kynetec, o mercado para proteção de cultivos movimentou cerca de US$ 20 bilhões no Brasil na temporada 2022/2023, um crescimento de 43% em relação ao ciclo 2021/22, que registrou US$ 14 bilhões.

Na análise da Kynetec, o aumento da venda de defensivos na temporada 2022/23 acompanhou o aumento da área plantada, que ultrapassou os 90 milhões de hectares no período, contudo não foi registrada muita alteração na área potencialmente tratada. 

Assim, o elevado preço dos produtos e a valorização do dólar foram os principais fatores que movimentaram o mercado de defensivos agrícolas no período, os quais foram mais utilizados nas culturas da soja, milho e cana-de-açúcar. 

Com relação ao dólar, a Kynetec avalia que houve o crescimento pelo aumento no custo de alguns produtos e maior quantidade de aplicações.

Perspectivas de crescimento para o mercado global de defensivos

Dados da consultoria Next Move Strategy Consulting apontam que o mercado global de defensivos deve valer em 2024 mais de 240,22 bilhões de dólares, e a projeção é de que esse valor aumente para mais de 279,12 bilhões de dólares em 2030.   

Expansão do mercado de defensivos

Expansão do mercado de defensivos. Fonte: Statista.com

Defensivos químicos e biológicos: avanços para o setor agrícola

Ainda que os defensivos agrícolas representem a maior parte da fatia do mercado, o uso dos produtos biológicos também vêm crescendo e em algumas situações os dois tipos de defensivos podem ser utilizados em conjunto

Em 2023, foram registrados no Brasil 121 produtos biológicos, 28 deles classificados como de baixo impacto pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Com relação ao faturamento, os produtos biológicos chegaram a R$ 3 bilhões, com participação de 4% na receita dos defensivos, sendo que em 2015 era de apenas 1%, segundo dados da Kynetec.

Não à toa, conforme pesquisa da McKinsey, mostrou que o Brasil é o país que mais usa produtos biológicos no controle de pragas e doenças. E com o avanço de mais produtos registrados no Brasil, a tendência é também de crescimento para esse mercado.Por conta disso, existe também a necessidade de atualizações com relação à legislação dos defensivos, pois muitos destes produtos devem ser prescritos através do receituário agronômico.

Emissão do Receituário Agronômico na AgroReceita

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Perspectivas para os preços dos defensivos agrícolas

O ano de 2024 deve ser marcado pela queda dos defensivos agrícolas, cenário que já vem sendo confirmado desde o final de 2023, no início da safra de Verão. 

Segundo especialistas, a tendência de queda deve ser confirmada até o meio do ano, quando os estoques já estarão reduzidos e o preço deve passar por reajuste, com vistas à safra 2024/2025.

De forma geral, há uma expectativa de que os produtos possam voltar a normalidade, conforme avaliação de especialistas.

Na análise da Kynetec, com os estoques elevados no atual momento, deve haver queda, no valor de mercado, nos preços dos defensivos agrícolas.

Outro fator de influência é a forte valorização do Real brasileiro em relação ao Dólar norte-americano ao mesmo tempo em que houve queda nos preços das commodities agrícolas.

Com a redução dos preços dos defensivos, é bem possível que haja aumentos das vendas dos produtos para estoques para a safra 2024/25, sobretudo dos que já possuem uma maior confiança do produtor rural em sua eficácia no combate às pragas e doenças.

Conclusão

O preço dos defensivos agrícolas é um dos principais itens do custo de produção no agronegócio, e por isso é de grande importância que haja um acompanhamento regular das oscilações e dos seus fatores de influência.

Pelo fato de a maioria dos produtos serem importados, a variação do dólar é um dos principais pontos de atenção quando se fala na compra dos defensivos. Assim, esteja sempre atento ao mercado financeiro.

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Sobre o Autor

Autor do texto

Mario Bittencourt 

Jornalista e pós-graduado em Agricultura de Precisão.

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