Pragas do tomate: conheça os 3 principais grupos causadores de danos ao cultivo!
Sumário
Uma das olerícolas mais consumidas mundialmente, o tomate é uma cultura de extrema importância para o agro no país. Por outro lado, muitos insetos também “apreciam” essa hortaliça tão popular, causando prejuízos ao produtor.
O tomate faz parte do seleto grupo de hortaliças mais cultivadas e mais vendidas no Brasil. Atualmente, a tomaticultura é destaque no cenário agrícola por ser um dos setores mais rentáveis do país. A sua importância econômica é tão expressiva que o fruto é hoje a terceira hortaliça mais comercializada em território nacional, e cada brasileiro consome, em média, 4,2 kg de tomate por ano.
Na safra de 2022/23 da cultura, foram colhidas 3,8 milhões de toneladas de tomate, e os maiores produtores nacionais da hortaliça foram os Estados de Goiás e São Paulo. Entretanto, na última safra, 2023/24, a produção retrocedeu e tende a continuar caindo devido à ocorrência de condições climáticas adversas decorrentes da presença do El niño e incidência de fatores bióticos diversos.
Dentre os fatores abióticos, está o ataque de pragas, que tem dificultado, cada vez mais, a otimização do cultivo e aumento da produção de tomate nos pólos produtores do país. Neste artigo, serão abordados os principais grupos de pragas causadoras de danos ao cultivo e como manejá-los de forma integrada!
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Conheça as principais pragas do tomate
O tomate pode ser produzido em diferentes sistemas de produção: em campo a céu aberto ou em ambientes protegidos, que abrangem o cultivo diretamente no solo e o cultivo hidropônico. Independentemente do sistema de produção escolhido, várias espécies de insetos-praga e ácaros fitófagos podem incidir sobre a cultura ao longo da safra de cultivo.
Desde o início da produção de mudas até a época de colheita dos frutos, diferentes pragas do tomateiro atacam a plantação, a depender do hábito alimentar e bioecologia de cada espécie.
Desta forma, a correta identificação das pragas é de extrema importância para o posicionamento assertivo de um ou mais métodos de controle, preferencialmente, dentro de um programa de Manejo Integrado de Pragas do tomateiro.
É válido salientar que a importância atribuída ao manejo de uma dada praga, seja ela primária ou secundária, varia de acordo com o estágio fenológico da cultura, sistema de produção adotado e, região e época de cultivo. Conheça abaixo, os principais grupos de pragas causadoras de danos ao tomateiro:
Vetores de vírus no tomateiro
Vários insetos fitossuccíveros que se alimentam do tomateiro são vetores de vírus, ocasionando danos severos, que podem ser irreversíveis, ao disseminarem viroses na plantação. Portanto, ao serem constatados na área de cultivo, o manejo deve ser realizado. São geralmente controlados por pulverização de inseticidas e por inimigos naturais presentes na área e/ou liberados de forma inundativa. São algumas espécies de vetores:
Moscas-brancas
As moscas-brancas das espécies Bemisia tabaci e Trialeurodes vaporariorum são pragas de ocorrência frequente em plantações de tomate e potenciais transmissoras de fitovírus diversos. O ciclo biológico das moscas-brancas varia de 14 a 27 dias, passando pelas fases de ovo, ninfa e adulto. As moscas-brancas adultas medem cerca de 1mm e possuem 4 asas de coloração branca e corpo de coloração amarelo-palha.
Os sintomas aparecem quando adultos e ninfas sugam a seiva, reduzindo o vigor das plantas. Além disso, injetam toxinas nas plantas que causam anomalias nos frutos, que passam a apresentar amadurecimento irregular, polpa esponjosa e de coloração desuniforme. Ao se alimentarem, também excretam uma substância açucarada conhecida por honeydew, favorecendo a ocorrência de fumagina (doença causada por fungos do gênero Capnodium).
Contudo, a transmissão de vírus é o maior problema relacionado ao ataque de mosca-branca no tomateiro. No Brasil, ocorrem quatro espécies crípticas de Bemisia tabaci: duas nativas (New World 1 – NW1 e New World 2 – NW2) e duas exóticas (Middle East-Asia Minor 1 – MEAM1 e Mediterranean – MED). A espécie invasora MEAM1 é amplamente distribuída no país e é uma praga-chave da cultura do tomate (Figura 1).
Figura 1. Adultos de Bemisia tabaci, espécie críptica MEAM1. Foto: S. Ausmus | USDA.
As espécies crípticas de Bemisia tabaci são vetoras de vírus causadores de geminiviroses e crinivirose, e ocorrem com maior frequência em regiões de clima seco e quente. Já a espécie Trialeurodes vaporariorum é vetora do vírus causador da crinivirose, e é favorecida por climas mais amenos, principalmente em regiões elevadas.
Pulgões
Os pulgões das espécies Aphis gossypii, Myzus persicae e Macrosiphum euphorbiae ocasionam danos no tomateiro como a sucção de seiva, a injeção de toxinas nas plantas e a transmissão de vírus. O ciclo biológico deste grupo de pragas varia de 5 a 15 dias. Ninfas e adultos geralmente possuem coloração esverdeada e o tamanho varia a depender da espécie.
Os pulgões também excretam honeydew, favorecendo a ocorrência de fumagina nas folhas, que reduz a capacidade fotossintética da planta. São transmissores dos vírus causadores do mosaico-amarelo, do topo-amarelo-do-tomateiro e amarelo-baixeiro. A infestação se iniciar no viveiro de mudas e chegar à lavoura após o transplantio.
Tripes
As espécies de tripes que comumente atacam o tomateiro são Frankliniella schultzei, Frankliniella occidentalis, Thrips tabaci e Thrips palmi. São insetos facilmente encontrados nas inflorescências das plantas. Os adultos de tripes possuem coloração geralmente escura, asas franjadas e aparelho bucal do tipo picador-raspador. O ciclo biológico varia de 12 a 25 dias e compreende as fases de ovo, larva, pupa e adulto.
Adultos e larvas de tripes perfuram os tecidos vegetais para sugar o conteúdo das células, deixando a região atacada repleta de manchas irregulares de coloração prateada ou esbranquiçada com pontuações escuras (gotículas fecais). São vetores de vírus causadores do vira-cabeça-do-tomateiro.
2 - Pragas no tomate: broqueadores de frutos
Insetos-praga que são broqueadores de frutos ocasionam danos diretos à produção, atingindo a parte da planta a ser comercializada e, portanto, requerem atenção especial durante as fases de formação e maturação de frutos.
Traça-do-tomateiro
A traça-do-tomateiro, Tuta absoluta é uma praga-chave de difícil controle. O seu ciclo biológico dura de 25 a 40 dias e compreende as fases de ovo, larva, pupa e adulto. As larvas são pequenas, medem cerca de 7 mm, e possuem coloração verde-parda, cabeça escura e listras pardas.
As larvas se movimentam rapidamente, o que facilita a dispersão da espécie na área de cultivo, ocasionando mais danos. As lagartas iniciam o ataque abrindo minas nos folíolos, e deixando fezes escuras no interior destes (Figura 2).
Figura 2. Larva de Tuta absoluta. Foto: D. Blancard | INRAe.
Perfuram ponteiros, brotações, atacam botões florais e broqueiam frutos, deixando-os com perfurações de coloração escura e galerias no cálice, também com a presença de fezes. Altas infestações levam ao secamento de folhas e abortamento de botões florais e frutos pequenos.
Broca-grande-do-fruto
As espécies de lepidópteros Helicoverpa zea e Helicoverpa armigera receberam o nome de broca-grande-do-fruto devido ao tamanho das lagartas, que podem medir até 4 centímetros. Outras espécies do complexo Heliothinae também podem receber essa denominação ao serem encontradas atacando frutos de tomate.
As lagartas de Helicoverpa sp. apresentam de duas a três listras longitudinais e as mariposas possuem asas de coloração que varia do amarelo ao esverdeado, com um mancha central marrom-escura. Atacam a planta desde a fase vegetativa, mas se tornam mais preocupantes no estágio de maturação dos frutos, podendo ocasionar até 80% de danos nos frutos ao broqueá-los, e favorecer a incidência de outros insetos e microrganismos saprófitos.
Broca-pequena-do-fruto
A broca-pequena-do-fruto, Neoleucinodes elegantalis, como o nome já nos adianta, se trata de uma lagarta pequena de cerca de 13 mm. O ciclo biológico da espécie varia de 30 a 50 dias. Sua coloração varia de acordo com o desenvolvimento dos frutos: ao se alimentar de frutos verdes, possui coloração esbranquiçada, e quando maduros, se torna avermelhada. As mariposas ovipositam ainda nos botões florais e a broca, ao eclodir, começa seu desenvolvimento junto com o do fruto, se alimentando e deixando galerias. Saem para empupar no solo, deixando orifícios característicos no tomate.
O manejo da broca-pequena-do-fruto deve ser realizado ainda no início do florescimento, e geralmente é realizado o controle químico, com pulverizações de inseticidas direcionadas para os botões florais e frutos.
3 - Minadores de folhas e ácaros fitófagos no tomateiro
Os minadores de folhas e ácaros fitófagos são comumente classificados como pragas secundárias do tomateiro, também chamadas de ocasionais. Como o próprio nome diz, tais pragas causam prejuízos ocasionalmente, geralmente em áreas localizadas e em períodos específicos da safra.
Moscas-minadoras
A moscas-minadoras do gênero Liriomyza possuem um ciclo biológico que varia de 14 a 30 dias, abrangendo as fases de ovo, larva, pupa e adulto. As fêmeas da mosca realizam a postura endofítica no interior dos folíolos, e as larvas, ao eclodirem começam a se alimentar do mesófilo foliar, formando minas translúcidas e estreitas, em forma de serpentina. Altas infestações da praga levam ao secamento dos folíolos e desfolha precoce, impactando a produtividade da cultura.
A praga é geralmente controlada por pulverizações de inseticidas quando 10% das folhas apresentam minas ativas.
Ácaros fitófagos
Os ácaros das espécies Aculops lycopersici, Tetranychus urticae e Tetranychus evansi podem ser encontradas atacando o tomateiro. A. lycopersici apresenta corpo vermiforme de cerca de 0,2 mm, quatro pernas e coloração marrom-avermelhada. É também conhecido como o ácaro-do-bronzeamento, pois ao perfurar as células da epiderme foliar com o seu aparelho bucal, leva ao extravasamento do conteúdo celular e as folhas secam sem murchar. Desta forma, assumem uma coloração bronzeada. O mesmo pode ocorrer com a superfície dos frutos atacados.
Já os ácaros do gênero Tetranychus são maiores, medem aproximadamente 0,5 mm, têm oito pernas, são esverdeados e possuem manchas dorsais de coloração vermelho-escura. Os ácaros produzem teia na face abaxial das folhas, que ficam retorcidas e secas, afetando a produtividade das plantas. Em casos de altas infestações de ácaros, aplicações de inseticidas piretroides devem ser evitadas na lavoura, pois podem levar ao desequilíbrio das populações de ácaros fitófagos (efeito de hormese).
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Conclusão
É de suma importância realizar a identificação e classificação das pragas ao longo do desenvolvimento do tomateiro, a fim de se posicionar adequadamente os controles químico e biológico. Contudo, um manejo integrado eficiente também engloba cuidados como conhecer o histórico da área, realizar a rotação de culturas e o preparo do solo, destruir restos culturais e utilizar cultivares mais adequadas à região de cultivo.
Referências
DE MOURA, A. P., MICHEREFF FILHO, M., GUIMARÃES, J. A., & DE LIZ, R. S. Manejo integrado de pragas do tomateiro para processamento industrial. 2014. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/991795/1/1205CT129.pdf>. Acesso em: 25 set. 2024.
MICHEREFF FILHO, M., LINS JUNIOR, J. C., QUEZADO-DUVAL, A. M., INOUE-NAGATA, A. K., & LIMA, M. Manejo integrado de pragas do tomate para mesa. 2022. Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1148404/1/DOC-192-Final.pdf>. Acesso em: 24 set. 2024.
Sobre o Autor
Gabryele Silva Ramos
Engenheira Agrônoma (UFV), Mestre em Proteção de Plantas (UNESP/Botucatu), MBA em Marketing (USP/Esalq) e Doutoranda em Entomologia (Esalq/USP)
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