Tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas

tecnologia no campo

A agricultura mundial tem em uma de suas bases o uso de produtos, químicos ou biológicos, para controle de população de pragas, microrganismos e outras plantas indesejáveis aos interesses humanos.

Dentre os principais defensivos agrícolas, incluem-se os fungicidas, inseticidas e herbicidas. Esses se apresentam nas mais diversas formas físicas e necessitam diversas técnicas de aplicação diferentes. Conheça mais sobre defensivos agrícolas e seu uso sustentável aqui.

O sucesso e eficiência da aplicação de defensivos depende de vários fatores que se iniciam desde uma diagnose bem-feita, recomendação do produto mais adequado e a definição do melhor método de aplicação do produto.

Aqui apresentamos informações sobre as máquinas, técnicas e tecnologias para aplicação de defensivos agrícolas e como entender fatores que aumentam a eficiência da aplicação.

Técnica ou tecnologia de aplicação de defensivos?

Você já deve ter ouvido ambos os termos para falar em métodos de aplicação de defensivos. Porém, eles não são exatamente a mesma coisa.

A técnica é um procedimento que tem como objetivo a obtenção de um determinado resultado, ou seja, é o método utilizado para a aplicação, baseado, em grande parte, no maquinário a ser usado.

Já a tecnologia de aplicação é o emprego de todos os conhecimentos científicos que proporcionem a correta colocação do produto biologicamente ativo no alvo, em quantidade necessária, de forma econômica e com mínimo de contaminação de outras áreas.

Eficiência de aplicação de defensivos

Considerando que a diagnose do problema tenha sido correta, assim como a escolha do produto, sua dose e data de aplicação, a aplicação propriamente dita passa a ser o próximo passo. Uma aplicação bem executada deve alcançar os seguintes resultados: atingir o alvo, não haver deriva, controlar a praga/doença/planta daninha e não contaminar o ambiente ou outros animais. Existem pontos muito importantes que devem ser levados em conta ao se definir a técnica de aplicação, visando aumento da eficiência e segurança na aplicação. São elas:
  • Escolha de maquinário adequado para o tipo de produto e com manutenção atualizada;
  • Calibração do maquinário e regulagem de acordo com a recomendação (vazão, pressão, pontas, tamanho de gota, velocidade de aplicação, dentre outros fatores);
  • Evitar condições climáticas como vento, chuva, baixa umidade do ar e calor excessivo;
  • Mão de obra especializada para a tarefa e uso de equipamentos de proteção individual.

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Tipos de produto e técnicas de aplicação de defensivos

Existem basicamente três formas físicas de defensivos agrícolas: sólidos, líquidos e gasosos. Produtos sólidos normalmente são aplicados em pó ou grânulos, enquanto produtos líquidos podem ser nebulizados ou pulverizados.

Cada um deles tem um tipo diferente de aplicação e suas próprias especificidades relacionadas ao método. As máquinas podem ser classificadas pelo tipo de produto que elas estão aptas a aplicar , em 

  • Polvilhador: aplicador de pó (grânulos menores que 30 µm);
  • Granulador: aplicador de grânulo (grânulos maiores que 30 µm);
  • Nebulizador: aplicador de gotas menores que 30 µm;
  • Pulverizador: aplicador de gotas maiores que 30 µm;
  • Fumigadores: aplicador de gases.

Outra classificação normalmente feita para essas máquinas, é de acordo com o seu método de deslocamento:

  • Estacionário: o equipamento não se desloca;
  • Manual: deslocado sustentado exclusivamente pelo operador;
  • Costal/Frontal: transportado como uma mochila no dorso/tórax do operador;
  • Montado: o equipamento é sustentado pelo engate de três pontos do trator ou sustentado no dorso de um animal;
  • De arrasto: tracionado por um trator;
  • Aeronave: deslocados por uma aeronave/drone adaptada ou própria para a finalidade;
  • Autopropelido: deslocado como um veículo único, sem a necessidade de outro veículo transportador.

Uso de defensivos no Brasil

Produtos mais usados

No Brasil, a lista dos defensivos agrícolas mais utilizados vária de uma região para outra ou da prevalência de culturas por região. Porém, em geral, os defensivos mais utilizados no Brasil são:

  • Glifosato: o herbicida utilizado em múltiplas culturas agrícolas é o defensivo mais vendido no Brasil e no mundo;
  • 2,4-D: outro herbicida bastante usado, principalmente para espécies de plantas daninhas que desenvolveram tolerância ao glifosato;
  • Mancozeb: fungicida usado para controle de ferrugens, principalmente a ferrugem asiática da soja;
  • Acefato: o inseticida atua em diversos insetos de importância na agricultura brasileira, como o bicudo-do-algodoeiro e o percevejo-da-soja;
  • Atrazina: outro herbicida em que são utilizados para controlar plantas que não são controlados pelo glifosato, principalmente na cultura do milho;

O Paraquat (herbicida), hoje não mais permitido no país era o sexto produto mais indicado em safras anteriores. A lista segue com Imidaclopride (inseticida), oxicloretos e sulfatos de Cobre (fungicida), Enxofre polivalente (fungicidas e inseticidas) e Diuron (herbicida).

Nota-se que a maioria dos defensivos químicos utilizados no Brasil são líquidos ou sólidos que podem ser diluídos em calda. Dessa forma, grande parte da discussão sobre técnicas de aplicação são voltadas especificamente a pulverizadores.

Defensivos agrícolas mais utilizados no Brasil, USA e UE (Fonte: AENDA)

Defensivos agrícolas mais utilizados no Brasil, USA e UE (Fonte: AENDA)

As culturas que mais receberam aplicações (em litros) de defensivos agrícolas no Brasil, na safra de 2019, foram: a soja (55%), o milho (15%), o algodão (9%), as pastagens (5%), a cana-de-açúcar (4%), seguido por outras.

Culturas de maior uso

Uso de defensivos agrícolas por cultura no Brasil em 2019

Uso de defensivos agrícolas por cultura no Brasil em 2019 (Fonte: Sindiveg)

Brasil comparado ao mundo

O Brasil é considerado o país que mais utiliza defensivos agrícolas no mundo. Considerando a dimensão da área agrícola do Brasil, o consumo, em litros é alto. Porém, quando se fala sobre uso por área e produção, o Brasil é muito mais eficiente que outros países.

Em um estudo com 20 países, o Brasil foi apenas o décimo terceiro em uso de defensivos agrícola por tonelada de produto produzido e apenas o sétimo em uso de defensivos agrícolas por área.

Modernização da tecnologia de aplicação de defensivos

Apesar da modernização das tecnologias de aplicação de defensivos, essa atividade ainda tem baixo rendimento e existem inovações que podem aumentar a eficiência.

  • Aplicação aérea: o uso de drones e veículos voadores diminuem a interação humana e a compactação do solo, apesar de ainda terem baixa autonomia e capacidade de carregar produtos;
  • Geolocalização e aplicação diferencial: o uso de equipamentos com localização controlado por GPS permite a aplicação diferencial de produtos em áreas específicas de acordo com sinais de sensores e histórico da área;
  • Dados climáticos: o acesso a dados climáticos recentes, atuais e próximos futuros são cruciais para definir se as condições são ideais para aplicações;
  • Verificação em tempo real: o uso de máquinas autônomas e ferramentas de agricultura de precisão permitem verificar a aplicação em tempo real, fazendo ajustes conforme necessário.

Conclusões

A aplicação de defensivos agrícolas é crucial para o sucesso da atividade agrícola, para a sustentabilidade do agronegócio e a produção de produtos vegetais, como alimentos, combustíveis e fibras.

O Brasil, em comparação com outros países, é eficiente no uso de defensivos por área e produção, mesmo apesar das condições climáticas tropicais que dificultam grandemente o controle de pragas, doenças e plantas daninhas, o que justificaria um uso maior de defensivos.

O profissional responsável pela assistência técnica e recomendação de defensivos agrícolas e seus métodos de aplicação, tem papel fundamental no aumento da eficiência e sustentabilidade do uso destes produtos.

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Sobre o Autor

João Paulo Pennacchi
João Paulo Pennacchi
 

Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal de Lavras e Doutor em Fisiologia de Plantas pela Lancaster University.

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