Seletividade de herbicidas: o que é, conceitos, tipos de seletividade e importância?

Trator aplicando defensivos agrícolas na lavoura

Sumário

A seletividade de herbicidas é essencial para se realizar o controle e manejo ideal das plantas daninhas nas lavouras.

Na hora de escolher um herbicida para aplicar temos que considerar diversos fatores relacionados a cultura, as plantas daninhas, ao herbicida e ao ambiente.

A escolha é baseada no herbicida que controla de forma eficaz as plantas daninhas e que seja seletivo à cultura que semeada.

Seletividade de herbicidas pode ser definida como a resposta diferencial de várias espécies de plantas a um herbicida.

Em razão disso temos que lembrar que o herbicida pode ser seletivo ou não seletivo, a planta pode ser suscetível, tolerante ou resistente ao herbicida.

A seletividade depende da dose do herbicida, das condições ambientais e do modo de aplicação.

Ao alterarmos a dose, o ambiente ou o modo de aplicação, uma cultura, manejada com o mesmo herbicida, mas em locais distintos, pode acontecer de o herbicida ser seletivo para a cultura em um local e não seletivo em outro.

Quais são os erros que levam a quebra de seletividade de herbicidas?

Alguns dos erros mais comuns que causam a quebra de seletividade são o uso de dose inadequada, o uso de produto não registrado para a cultura e a aplicação em momento errado.

Dose do herbicida

A dose usada deve sempre respeitar a dose indicada na bula.

Para a escolha da dose analise o estádio da planta daninha e da cultura, em caso de aplicações em pós-emergência.

Já, em aplicações em pré-emergência, observe a dose de bula recomendada de acordo com a textura do solo. Doses maiores, no geral, são recomendadas para solos com maior teor de argila.

Também verifique que alguns herbicidas tem restrição de uso em solos de textura arenosa, devido a problemas de lixiviação.

A dose usada também depende do produto formulado e da cultura. O diclosulam, por exemplo, tem recomendação de doses variando de 23,8 a 41,7 g ha-1 na cultura da soja e, de 126 a 231 g ha-1 na cultura da cana-de-açúcar.

O imazapic, tem dose variando de 150 a 350 g ha-1 na cultura da cana-de-açúcar, sendo a maior dose no despraguejamento, a menor dose para solos leves e 175 g ha-1 em solo médio e pesado.

Uso de herbicida não registrado para a cultura

O uso de herbicidas deve respeitar a recomendação para a cultura, pois um produto não registrado não se tem dados do comportamento na planta.

A recomendação de uso de um herbicida em determinada cultura só é possível com diversos testes de eficácia e seletividade, pois assim sabe-se como o herbicida é absorvido, metabolizado, translocado e degradado.

Sintomas de herbicida inibidor da PPO na cultura do algodão devido ao residual do produto.

Sintomas de herbicida inibidor da PPO na cultura do algodão devido ao residual do produto. Foto: Ana Ligia Giraldeli.

Herbicida em momento errado

O modo de aplicação do herbicida também influencia na seletividade.

Os herbicidas podem ser aplicados em pré-plantio incorporado, em pré-semeadura e pós-semeadura.

Na pré-semeadura pode estar posicionado em pré-emergência da cultura e/ou da planta daninha.

Em pós-semeadura, pode estar posicionado em pós-emergência da cultura e/ou da planta daninha.

É importante verificar o posicionamento do produto, pois alguns podem ser utilizados na pós-emergência da cultura, porém deverão ser aplicados em jato dirigido, sem atingir as folhas. 

Também é preciso observar o estádio de desenvolvimento da cultura, pois alguns herbicidas tem restrição de uso dependendo do estádio.

Sintomas de herbicida inibidor da ACCase

Sintomas de herbicida inibidor da ACCase (esquerda) e ALS (direita). Foto: Ana Ligia Giraldeli.

Quais são os tipos de seletividade de herbicidas?

Como você aprendeu, a seletividade do herbicida vai depender de fatores relacionado à planta, ao herbicida e ao ambiente.

Fatores inerentes à planta:

  • Seletividade e o estágio de desenvolvimento;
  • Seletividade e os mecanismos de absorção diferencial;
  • Seletividade e os mecanismos de translocação diferencial;
  • Seletividade e o metabolismo diferencial.

Fatores inerentes ao herbicida:

  • Seletividade e a estrutura molecular;
  • Seletividade com referência à dose;
  • Seletividade e as formulações;
  • Seletividade e o modo de aplicação (posicionamento no tempo e espaço).

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Fatores inerentes ao ambiente:

  • Seletividade e a textura do solo;
  • Seletividade e a água disponível no solo;
  • Seletividade e as condições ambientais.
  • Nos próximos textos vamos ver cada um desses tipos, com exemplos e posicionamento nas culturas.

Conclusão

A seletividade do herbicida depende de fatores relacionados a planta, ao ambiente e ao herbicida.

Alguns erros que podem quebrar a seletividade do herbicida são erro na dose, na época de aplicação e uso de produto não registrado para a cultura.

Nos próximos textos você verá sobre os tipos de seletividade.

Sobre o Autor

Ana-Ligia

Ana Lígia Giraldeli

Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar), Doutora em Fitotecnia (Esalq-USP) e especialista em Agronegócios.

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