Tecnologia de aplicação de agrotóxicos: técnicas de pulverização e boas práticas

Produtor rural realizando a aplicação de agrotóxicos na lavoura

Sumário

Os métodos que permitem maior eficiência, retorno de investimento e sustentabilidade ao agronegócio, em umas das atividades mais importantes de manejo

A condução e manejo das lavouras para produção agrícola incluem uma série de atividades desde a abertura da área, passando por preparo e correção do solo, semeadura/plantio, fertilização, aplicação de agrotóxicos (produtos fitossanitários) ou bioestimulantes, até a colheita e pós-colheita.

Cada uma dessas etapas tem sua importância no resultado final e na produtividade agrícola, definindo a viabilidade do negócio, o retorno dos investimentos feitos e a sustentabilidade e longevidade da atividade.

Porém, as condições específicas do agronegócio brasileiro aumentam sobremaneira a importância da aplicação de agrotóxicos e outros produtos, fitossanitários ou bioestimulantes ao longo do ciclo da cultura. Essas aplicações variam de acordo com vários fatores que serão detalhados ao longo do texto.

As técnicas de aplicação para pulverização têm evoluído grandemente e é importante que o responsável técnico tenha segurança para fazer a melhor recomendação ao produtor, de acordo com as tecnologias disponíveis e o nível de investimento. 

Esse artigo traz informações cruciais ao representante técnico, visando dar maior assertividade na tomada de decisão e maior confiança ao produtor.

Uso de produtos agrícolas no Brasil

O Brasil tem características bastante específicas e benéficas para a produção agrícola, sendo esse é um dos fatores de seu papel de destaque no agronegócio mundial. O clima predominantemente tropical e a extensão territorial são fatores que aumentam o potencial produtivo do país.

Porém, ao mesmo tempo em que a alta taxa de insolação e a baixa ocorrência de temperaturas muito baixas potencializam a produção, o clima quente e úmido traz desafios à boa manutenção das lavouras e à proteção de cultivos.

O clima predominante na maior parte do território brasileiro é propício ao surgimento de doenças, principalmente as fúngicas, ao desenvolvimento e velocidade de ciclo de pragas agrícolas e na germinação de sementes e crescimento de plantas invasoras que competem com as culturas de interesse.

Por esse motivo, o Brasil é um dos países que mais aplica defensivos agrícolas no mundo, apesar de que, em litros por área, fica muito abaixo de outros países produtores, como países da União Europeia, Estados Unidos e Japão, por exemplo.

O que define o número de aplicação de agrotóxicos em uma lavoura?

Vários fatores definem o número de aplicações em uma cultura agrícola. Abaixo ressaltamos os mais importantes:

  • Cultura: o tipo de lavoura é um fator importante para o número de aplicações devido à incidência de pragas e doenças de importância;
  • Valor agregado: o objetivo das aplicações de defensivos agrícolas é aumentar o rendimento da cultura e evitar perdas. Porém, devido ao alto custo, deve-se avaliar o custo-benefício do número de aplicações. Por exemplo, o algodão, de alto valor agregado, tem muito mais aplicações que o milho;
  • Clima: as condições climáticas alteram os ciclos de pragas e doenças e podem favorecer a competição de plantas daninhas. Por esse motivo, os fatores climáticos serão decisivos para o número de aplicações.
  • Necessidade de manejo: esse é o fator primordial para a decisão do número de aplicações. Apesar de haver aplicações preventivas, a maioria das vezes as aplicações são curativas/corretivas e o nível de dano/competição é o que define se é necessário manejo por defensivos ou não;
  • Maquinário disponível: alguns tipos de maquinários não permitem entradas em culturas mais altas após um certo estádio de desenvolvimento das plantas. Dessa forma, o tipo de maquinário também afeta o número total de aplicações.
Pivô central de irrigação realizando a aplicação de agrotóxicos no campo

Pivô central de irrigação realizando a aplicação de agrotóxicos no campo. Fonte (Camva)

Quais são as tecnologias para aplicação de agrotóxicos?

Há vários tipos de tecnologia disponível para aplicações. Abaixo trazemos as classificações mais comumente utilizadas.

Tecnologia por tipo de aplicação:

  • Aplicação por gotejamento: essa técnica de alta precisão permite o uso de defensivos agrícolas na água de irrigação;
  • Aplicação terrestre: essa aplicação é feita normalmente através de pulverizador acoplado ao trator ou pulverizador autopropelido. A aplicação terrestre é normalmente feita pouco acima da copa da planta e pode ajudar a diminuir a deriva. A desvantagem é a limitação para entradas em plantas mais altas e a possível compactação do solo;
  • Aplicação aérea: essa aplicação é feita normalmente através de drones e aviões de pulverização. A aplicação aérea tem sido muito usada e tem como benefícios a facilidade de aplicação em qualquer cultura, mesmo mais altas e a possibilidade de se aplicar em menores vazões. Porém, é uma aplicação ainda mais cara que a terrestre e os cuidados com a deriva devem ser aumentados devido à altura de aplicação.

Tecnologia por tipo de taxa:

  • Aplicação direta: essa aplicação entrega uma taxa de produto igual em toda a área, não possibilitando diferentes vazões em cada bico ou ao longo do terreno;
  • Aplicação em taxa variável: a aplicação em taxa variável apresenta a possibilidade de se controlar a taxa de aplicação diferencialmente, seja ao longo do terreno ou em cada bico. Para isso é importante um mapeamento da área, normalmente feita através de sensoriamento remoto e a criação de mapas que detectam a presença de patógenos, pragas e plantas daninhas por meio do georreferenciamento.

Fatores a serem definidos na aplicação de agrotóxicos

  • Vazão: a vazão de aplicação depende do método a ser usado. Por exemplo, aplicações terrestres normalmente tem volume de aplicação de 100 a 400 L/ha, enquanto as aplicações aéreas têm volume menor, da ordem de 20 a 80 L/ha.
  • Tipos de bicos: há diversos tipos de bicos de pulverização que podem ser usados de acordo com o tipo de lavoura e de produto. O tipo de bico e a vazão normalmente definem o tamanho de gota e o tipo de jato. Hoje em dia existem bicos para aplicação em alta precisão, por exemplo;
  • Sistemas anti-deriva: é importante controlar a deriva por conta da perda de eficiência do produto, mas também pela possível contaminação ambiental. Algumas técnicas auxiliam na diminuição da deriva, como: aplicação com pouco vento, adequação do tipo de bico, tamanho de gota e altura de aplicação, velocidade correta de aplicação e uso de adjuvantes, por exemplo.
  • Mistura de produtos: é importante conhecer as características e compatibilidades dos produtos para definir a melhor ordem de mistura. Isso evita alterações do pH da solução, além de diminuir as chances de formação de borra, ou alteração de viscosidade, podendo gerar entupimento de bico e ineficiência dos produtos;
  • Qualidade da água: a qualidade da água é primordial para uma boa calda e para diminuir os problemas com pH, partículas de sujeira e compostos químicos;
  • Clima: a verificação da velocidade do vento, da insolação, da temperatura e da umidade no momento de aplicação de agrotóxicos ou bioestimulantes, são muito importantes, pois diminuem grandemente a chance de deriva, escorrimento e lavagem do produto aplicado.

Isso faz com que a recomendação de produtos tenha que ser ainda mais assertiva, sem espaço para qualquer ineficiência no manejo da cultura.

Com o Compêndio Agrícola Online da AgroReceita, você pode consultar gratuitamente e de forma ilimitada os defensivos mais indicados para a aplicação de agrotóxicos. Você pode realizar a sua consulta través do Aplicativo – disponível para Google Play ou via web. Preencha o formulário abaixo e comece já:

Conclusão

A aplicação de agrotóxicos é uma parte crucial da agricultura moderna, visando o controle de pragas, doenças e plantas daninhas. As tecnologias para a aplicação desses produtos têm evoluído para melhorar a eficiência e reduzir impactos ambientais e riscos à saúde.

A sustentabilidade do uso de defensivos inicia na boa recomendação e preenchimento correto do receituário agronômico, dando segurança ao produtor para utilizar a melhor tecnologia de aplicação e alcançar maior eficiência do produto recomendado.

O AgroReceita oferece ferramentas aos responsáveis técnicos que facilitam o preenchimento do Receituário Agronômico e minimizam a possibilidade de erros no campo, gerando maior potencial de uso dos produtos e menores perdas de eficiência.

Sobre o Autor:

João Paulo Pennacchi

João Paulo Pennacchi

Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal de Lavras e Doutor em Fisiologia de Plantas pela Lancaster University.

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