Bioinsumos: o futuro do manejo no agro

bionsumos/defensivo biológico agindo em praga em lavoura

Sumário

Saiba quais bioinsumos estão disponíveis para a agricultura brasileira. Neste artigo, abordamos os principais tipos de bioinsumos, as tecnologias mais recentes, os critérios para a escolha dos produtos mais eficazes e os bioinsumos mais utilizados no Brasil.

De acordo com a Crop Life Brasil, o setor de biodefensivos/bioinsumos no país experimentou um crescimento médio de 63% entre 2018 e 2022, em comparação com uma taxa de crescimento global de 12,5% no mesmo período. A previsão é que o mercado brasileiro de bioinsumos alcance R$ 17 bilhões até 2030.

Os bioinsumos estão transformando o manejo agrícola, com aplicações em cultivos como soja, milho, cana, café e algodão. Esses produtos biológicos, incluindo biofertilizantes e agentes de controle biológico, oferecem uma alternativa sustentável aos insumos químicos tradicionais. 

Eles melhoram a qualidade do solo, aumentam a eficiência na absorção de nutrientes e controlam pragas com menor impacto ambiental.

A utilização de bioinsumos pode diminuir o impacto ambiental e aumentar a produtividade das lavouras. Ao adotar essas soluções, os agricultores promovem uma prática agrícola mais responsável nas áreas agrícolas e alinhada com os princípios da sustentabilidade, garantindo um futuro mais eficiente para a produção.

Vamos entender quais são os principais bioinsumos?!

Boa leitura!

O que são bioinsumos?

Os bioinsumos “são produtos, processos ou tecnologias de origem vegetal, animal ou microbiana, utilizados na produção, armazenamento e processamento de produtos agropecuários, sistemas aquáticos ou florestas plantadas. Eles ajudam no crescimento, desenvolvimento e resposta de plantas, animais e microrganismos, além de interagirem com processos físico-químicos e biológicos” (MAPA, 2020).

Os principais tipos de bioinsumos incluem:

  • Biofertilizantes: melhoram a fertilidade do solo e promovem o crescimento das plantas;
  • Bioacaricidas: controlam ácaros que prejudicam as culturas;
  • Bioinseticidas: Combatem insetos nocivos;
  • Biofungicidas: tratam e previnem doenças fúngicas;
  • Produtos fitoterápicos: utilizam plantas para fins terapêuticos;
  • Inoculantes: introduzem microrganismos benéficos para melhorar a saúde das plantas.

Esses produtos são fundamentais para promover práticas agrícolas mais sustentáveis e podem ser aplicados em várias etapas, incluindo produção, armazenamento e processamento agropecuário, bem como em sistemas aquáticos e florestas plantadas.

Os bioinsumos podem ser classificados em:

  • Macrobiológicos: insetos, ácaros e nematoides;
  • Microbiológicos: bactérias, fungos e vírus;
  • Promotores de crescimento: biofertilizantes, extratos de plantas e algas, inoculantes e substâncias orgânicas;
  • Fitoquímicos/Bioativos: substâncias químicas de plantas, semioquímicos e feromônios.
Tipos de bioinsumos

Figura 1. Classificação didática de diferentes tipos de bioinsumos. Fonte: Panutti (2023) apud Boschiero (2024).

Bioinsumos: tendência de crescimento

Há uma tendência visível no crescimento do setor de bioinsumos nacional. O mercado produtor no Brasil atingiu, em 2020-2021, faturamento anual na casa de um bilhão de reais

A exigência crescente por sistemas de produção e produtos mais sustentáveis explica esse contexto: o mercado consumidor tem se preocupado e, consequentemente, demandado produtos renováveis e mais seguros de produtores agrícolas e agroindústrias.

Nesse sentido, em 2003 o governo federal instituiu a lei dos orgânicos que, em 2011, gerou reflexos positivos após o estabelecimento de procedimentos para registro de bioinsumos para a agricultura orgânica, que atingiu seu auge em 2022.

Aspectos legais e regulatórios de bioinsumos

O desenvolvimento de um produto biológico é regulado por um conjunto de leis e demais tipos de instrumentos normativos nas esferas da agricultura, do meio ambiente e da saúde, as quais incluem também aspectos relativos ao acesso ao patrimônio genético. 

As etapas para a regulação dos produtos biológicos incluem a coleta do material biológico a ser pesquisado, a identificação, a experimentação no laboratório, o desenvolvimento de formulação (quando for o caso), a experimentação no campo do produto final ou do agente biológico e o registro do produto comercial.

Em que pese o Brasil estar entre os maiores consumidores de agroquímicos e fertilizantes do mundo, é importante salientar que o país é reconhecido internacionalmente como líder em pesquisas e uso de microrganismos promotores do crescimento de plantas na agricultura, possuindo a legislação mais avançada de inoculantes, inclusive servindo de modelo para outros países.

Crescimento dos registros de bioinsumos no Brasil

Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), cerca de 40 milhões de hectares são cultivados com bactérias promotoras de crescimento de plantas, além dos 10 milhões de hectares utilizando outros bioinsumos para controle de pragas. As principais aplicações de bioinsumos dão-se como: 

  • Melhoramento do solo;
  • Defensivos agrícolas;
  • Tratamento de massa residual para utilização como coproduto;
  • Uso como acaricidas, inseticidas, fungicidas e formicidas.

O uso de bioinsumos tem crescido no Brasil e no mundo devido ao aumento do interesse por práticas agrícolas mais sustentáveis e à busca por alternativas aos insumos químicos tradicionais.

Prova disso é que, em 2020, foi criado o Programa Nacional de Bioinsumos pelo Ministério da Agricultura.

Essa iniciativa tem como objetivo utilizar a biodiversidade brasileira e ampliar o uso de bioinsumos na agropecuária, além de diminuir a dependência da agricultura nacional de insumos sintéticos. 

O programa tem como objetivo organizar o progresso e a legalização de produtos derivados de fontes biológicas, ao mesmo tempo em que expande a disponibilidade, o acesso e fomenta a adoção e utilização adequada desses produtos.

Em termos de valores, a CropLife Brasil estima que o mercado de bioinsumos brasileiro deverá encerrar a safra 2022/23, com uma arrecadação de R$5,6 bilhões, cerca de 70% a mais na comparação anual.

Isso é reflexo de uma indústria inovadora, que oferece uma alternativa sustentável às plantações: ao mesmo tempo que entregam um controle eficiente de pragas, podem atuar de forma sinérgica com outros produtos químicos, favorecendo o meio ambiente.

Esse ótimo cenário também alavanca as perspectivas futuras para o setor: pesquisas projetam um valor próximo a R$17 bilhões para o mercado nacional até 2030, considerando uma taxa de crescimento anual composta (2022 a 2030) que gira em torno de 23%.

Quais são os benefícios da utilização dos bioinsumos?

Ao reduzir a dependência de produtos químicos sintéticos e minimizar o impacto ambiental, eles também melhoram a qualidade dos produtos agrícolas e, consequentemente, a saúde dos consumidores. A seguir estão os principais benefícios da utilização de bioinsumos:

  • Melhoria da saúde do solo: bioinsumos, como biofertilizantes, contêm microrganismos que aumentam a fertilidade do solo e sua capacidade de retenção de água, promovendo um ambiente mais saudável para o crescimento das plantas;
  • Eficiência no uso de nutrientes: produtos como biofertilizantes ajudam as plantas a absorver nutrientes de forma mais eficiente, resultando em maior produtividade e redução da necessidade de fertilizantes químicos;
  • Controle de pragas e doenças: biopesticidas controlam pragas e doenças de maneira seletiva, visando organismos indesejados sem prejudicar os benéficos, contribuindo para um manejo mais sustentável;
  • Melhoria na qualidade dos produtos agrícolas: bioinsumos ajudam a produzir alimentos com menos resíduos químicos e maior valor nutricional, beneficiando a saúde dos consumidores;
  • Menor custo a longo prazo: apesar de um custo inicial potencialmente mais alto, os bioinsumos frequentemente proporcionam economia a longo prazo através de solos mais saudáveis e menor necessidade de produtos químicos.
Diversos ODS se relacionam com os bioinsumos, potencializando seus impactos positivos e/ou reduzindo os impactos negativos

Figura 2. Diversos ODS se relacionam com os bioinsumos, potencializando seus impactos positivos e/ou reduzindo os impactos negativos. Fonte: VIDAL, Mariane C.; DIAS, Rogério P (2023).

Como realizar a consulta fitossanitária dos bioinsumos registrados no Brasil?

No contexto atual da agricultura, a escolha correta dos bioinsumos é fundamental para garantir a saúde das culturas e a sustentabilidade do meio ambiente. A AgroReceita oferece ferramentas essenciais para que os usuários possam tomar decisões informadas sobre o uso de defensivos químicos e biológicos. Uma dessas ferramentas é o compêndio agrícola, que permite a consulta fitossanitária de bioinsumos registrados no Brasil.

Com o Compêndio Agrícola da AgroReceita é possível realizar a consulta fitossanitária dos defensivos químicos e biológicos, registrados no Brasil, de forma gratuita e ilimitada!

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Conclusão

Os bioinsumos estão se destacando como uma solução inovadora e sustentável no manejo agrícola, beneficiando cultivos como soja, milho, cana, café e algodão. 

Esses produtos biológicos, que incluem biofertilizantes e agentes de controle biológico, oferecem uma alternativa ecológica aos insumos químicos, melhorando a qualidade do solo e a eficiência na absorção de nutrientes, além de controlar pragas de forma mais responsável.

A adoção de bioinsumos não apenas reduz o impacto ambiental, mas também contribui para a saúde das plantas e a produtividade das lavouras. Com práticas mais sustentáveis, os agricultores conseguem produzir alimentos de melhor qualidade e promover uma agricultura mais alinhada com os princípios da sustentabilidade.

Esse avanço na utilização de bioinsumos representa um passo importante para uma agricultura mais eficiente e consciente. As práticas sustentáveis promovidas por esses produtos ajudam a garantir um futuro mais verde e produtivo para o setor agrícola.

Referências

SPARKS, T.C.; STORER, N.; PORTER, A.; SLATER, R.; NAUSEN, R. Insecticide resistance management and industry: the origins and evolution of the Insecticide Resistance Action Committee (IRAC) and the mode of action classification scheme. Pest Management Science, v. 77, p. 2609-2619, 2021. DOI: 10.1002/ps.6254. 

VIDAL, Mariane, C.; AMARAL, Daniela F. S.; NOGUEIRA, Joaquim D.; MAZZARO, Marcio A. T.; LIRA, Virginia, M. C. Bioinsumos: a Construção de um Programa Nacional pela Sustentabilidade do Agro Brasileiro. Economic Analysis of Law Review, v. 12, n. 3, p. 557-574, 2021 

Organização das Nações Unidas (ONU). Report of the Open Working Group of the General Assembly on Sustainable Development Goals UN Report A/68/970/Add.1: 2014. 2014. Disponível em:<https://digitallibrary.un.org/record/784147>.

Sobre o Autor

Alasse Oliveira

Engenheiro Agrônomo, Mestre e Especialista em Produção Vegetal e, Doutorando em Fitotecnia (ESALQ/USP)

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