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Broca-do-café: principais métodos de controle

Plantação de café sendo afetada pela praga Broca-do-café

Sumário

O consumo de café a nível mundial cresce a cada ano que passa acompanhado de perto da demanda de cafés com alta qualidade de bebida. São inúmeros fatores pré e pós-colheita, além do clima, que são determinantes na produção de cafés especiais.

Dentre os fatores de pré-colheita, o controle da broca-do-café se mostra essencial para que o café produzido apresente mínimos defeitos e qualidade superior.

Duas são as espécies de café cultivados comercialmente: arábica e conilon. No entanto, ambas as culturas são fortemente castigadas pela presença da broca-do-café.

Fique conosco nesta leitura para entender como funciona o ciclo de vida da broca-do-café, o que favorece sua multiplicação, o monitoramento da praga e, os métodos de controle.

Características e condições favoráveis à broca-do-café

Pertencente à ordem Coleoptera, a broca-do-café (Hypothenemus hampei) é uma das principais pragas que acometem o cultivo do cafeeiro. Ela se caracteriza por ser um pequeno besouro de coloração preta.

Broca-do-café (Fonte: Global Crop Protection).

Nesta praga, as fêmeas são maiores que os machos, medindo cerca de 1,7 mm de comprimento e conseguem voar. Já os machos medem cerca de 1,2 mm e não voam, ficando alojados dentro dos frutos.

O ciclo de vida desta praga dura em torno de 17 a 46 dias, dependendo das condições climáticas (temperaturas elevadas encurtam o ciclo). Após esse ciclo, os insetos chegam à fase adulta e podem viver em média 40 dias (machos) e 156 dias (fêmeas).

Por ter a capacidade de voar, a fêmea deve ser monitorada. Após a fecundação dela, a broca-do-café se movimenta na lavoura, perfura os frutos do cafeeiro e, após fazer uma galeria no interior, deposita seus ovos, dando continuidade no ciclo.

Após isso, as larvas eclodem dos ovos, por volta de 4 dias após a oviposição e começam a se alimentar das sementes, causando danos que irão refletir em defeitos posteriormente, além de serem porta de entrada para patógenos.

Considerando as características edafoclimáticas, esta praga se beneficia em ambientes com temperaturas amenas, estiagens na frutificação e lavouras com espaçamentos adensados. Além disso, a broca-do-café sobrevive em frutos da safra anterior, sejam eles esquecidos no solo ou nas plantas. 

Portanto, em áreas onde não foi feita a varrição e a colheita como um todo e já existe um histórico de broca na área, o produtor pode esperar que a próxima safra seja atacada novamente pela referida praga.

Isto acontece porque entre 80 e 90 dias após a florada, as fêmeas da broca-do-café iniciam o período de trânsito, onde elas saem dos frutos da safra anterior em busca de frutos novos.

Nesta época os frutos se encontram verdes ainda e com altos teores de água, impossibilitando a broca de perfurá-lo totalmente. Sendo assim, ela perfura os frutos na região da coroa e retorna depois de, em média, 50 dias para a ovoposição.

Ataque da broca-do-café a frutos verdes, cerejas e secos

Ataque da broca-do-café a frutos verdes, cerejas e secos (Fonte: Embrapa).

Monitoramento da broca-do-café

Além da colheita bem feita na safra anterior, o monitoramento é um ponto crucial no manejo da broca-do-café. Como dito anteriormente, o monitoramento deve iniciar entre 80 e 90 dias após a maior florada, época de trânsito da fêmea da broca.

Sendo assim, antes mesmo de iniciar o monitoramento deve-se dividir os talhões de forma uniforme, separando plantas da mesma idade e cultivar, evitando a separação em talhões muito extensos.

Feito isso, o técnico responsável pelo monitoramento deve caminhar dentro dos talhões em ziguezague de forma a avaliar 30 plantas. Ao selecionar as plantas, o técnico irá avaliar três pontos de cada lado da planta, conforme mostra o esquema abaixo.

Divisão da planta de café em terço superior, médio e inferior para avaliação de infestação da broca-do-café

Divisão da planta de café em terço superior, médio e inferior para avaliação de infestação da broca-do-café (Fonte: Embrapa).

Feita a divisão nos três terços, o avaliador irá analisar 10 frutos em cada terço de cada lado da planta, totalizando 6 pontos por planta. Para isso, o técnico pode se valer da tabela de monitoramento da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG).

Sendo assim, avaliamos 10 pontos em 6 pontos por planta, totalizando 60 frutos por planta. Considerando 30 plantas por talhão teremos um total de 1800 frutos avaliados. Ao final da avaliação, soma-se o nº de frutos brocados e divide-se por 18.

Porcentagem de infestação = Total de Frutos Brocados/18

Ao constatar um percentual acima de 3%, deve-se iniciar o controle químico imediatamente. Porém, mesmo com a aplicação de inseticidas iniciada, o monitoramento deve ser mantido até abril, final da época de trânsito da broca-do-café.

Métodos de controle da broca-do-café

Controle cultural

Como dito anteriormente, mas extremamente necessário frisar, a broca-do-café sobrevive de uma safra para outra nos frutos remanescentes das lavouras, estejam eles no solo ou ainda aderidos às plantas.

Sendo assim, o repasse na área para a retirada destes frutos é essencial para reduzir a incidência desta praga. Mesmo em área de colheita mecanizada, a recomendação é que o repasse seja feito de forma manual para maior eficácia.

Controle químico

Com relação ao índice de controle, tem-se na literatura de 3 a 5%, entretanto, na prática, já se entra com o controle com 1% de infestação, devido à rapidez que essa praga se desenvolve causa prejuízos ao cafeeiro.

Banido em 2013, o endosulfan era o principal produto utilizado para o controle da broca-do-café. Atualmente, existem outros produtos que podem auxiliar o produtor a obter níveis de controle eficazes quando utilizados da forma correta e na hora correta.

Dentre os produtos podemos destacar: Azadiractina; Cyantraniliprole; Abamectina + Clorantraniliprole; Clorpirifós; Espinosade; Etofenproxi. 

Para a escolha correta do produto, sua dosagem e formas de aplicação, você pode contar com a ajuda do Compendio Agricola da AgroReceita que conta com uma base de dados atualizada dos agroquímicos registrados pelo MAPA

Controle biológico

Para o controle biológico, os produtos com melhor eficácia de controle até então são os à base de Beauveria bassiana

Porém, considerando a aplicação de um organismo vivo e, que precisará se disseminar na área, a aplicação de produtos à base de B. bassiana é imprescindível que a aplicação seja iniciada de forma preventiva.

Portanto, antes mesmo do início do monitoramento, é recomendado que, em área com histórico de broca, a primeira aplicação seja feita no solo, visando atingir os frutos esquecidos no solo.

Após esta aplicação e, seguindo o monitoramento, é comum que se façam mais 2 aplicações foliares com o inseticida biológico.

Ao ser aplicado na área, os conídeos de B. bassiana germinam ao entrar em contato com o hospedeiro, no caso a broca-do-café. Após isso, por ação química e física, penetra no inseto o matando, se reproduz, e depois se dissemina novamente.

Sobre o inseto morto ocorre a formação de conidióforos com uma grande quantidade de conídios, que após 7 a 10 dias são liberados no ambiente podendo contaminar novos indivíduos, reiniciando o ciclo do fungo.

É importante frisar que existem condições ideais para a aplicação da B. bassiana. Dê preferência a dias mais amenos, nublados, com temperaturas por volta de 25ºC e umidade relativa do ar acima de 60%.

Antes de fazer a calda de pulverização, certifique-se de que o produto biológico tenha compatibilidade com os outros produtos da calda de pulverização. Lembre-se, estamos aplicando um organismo vivo.

Além disso, é importante respeitar um período de carência de 3 dias da aplicação de fungicidas na área para que seja feita a aplicação de B. bassiana.

Conclusão

Haja visto tudo o que foi enunciado acima, o controle da broca-do-café é imprescindível para mitigar a redução de peso de grãos, queda de frutos prematura, defeitos nos grãos e, a entrada de patógenos. Em síntese, perdas na produtividade e qualidade do café produzido.

Portanto, você técnico/agrônomo, responsável pela lavoura cafeeira, atente-se ao histórico da área, colheitas bem feitas e ao monitoramento constante. 

Além disso,  conte com a AgroReceita para a emissão do Receituário Agronômico e otimize a prescrição dos inseticidas mais indicados para o controle da broca do café. 

Sobre o Autor

Cássio

Cássio Honda

Engenheiro Agrônomo, Mestre em Fisiologia Vegetal e Doutor em Fitotecnia pela Universidade Federal de Lavras.

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