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Empoasca kraemeri: saiba como realizar o manejo da cigarrinha-verde na lavoura!

Cigarrinha-verde na plantação

Sumário

Uma praga bastante comum em diversas lavouras e que até parece inofensiva, mas pode causar danos significativos às culturas atacadas. Entenda, neste artigo, da identificação ao manejo de Empoasca kraemeri, a cigarrinha-verde! 

A espécie de cigarrinha Empoasca kraemeri é uma importante praga de diversas culturas de importância econômica para o Brasil. Entre elas, destacam-se as culturas do feijão, feijão-vagem, soja, amendoim, ervilha, algodão, mamão, tomate, batata e trigo.

A cigarrinha-verde é um inseto sugador capaz de causar prejuízos à agricultura — especialmente em regiões tropicais e subtropicais de toda a América Latina — e requer mais atenção quanto ao monitoramento e ao posicionamento do controle

Além dos danos causados pela sucção da seiva, o ataque da cigarrinha-verde também pode levar ao aparecimento de sintomas fisiológicos nas plantas, como a clorose e a necrose foliar, afetando significativamente o rendimento das lavouras.

Confira a seguir como identificar a cigarrinha-verde, os danos causados, o monitoramento e os métodos de controle de Empoasca kraemeri!

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Como identificar a cigarrinha-verde na lavoura?

Pertencente à ordem Hemiptera — a mesma de insetos sugadores como os percevejos e pulgões — e à família Cicadellidae, a cigarrinha-verde, cientificamente chamada Empoasca kraemeri, é um pequeno inseto saltador de coloração translúcida e esverdeada.

A cigarrinha-verde é extremamente ágil, o que facilita uma rápida e ampla dispersão da praga na lavoura. Mas quais características podem auxiliar na identificação de Empoasca kraemeri? Apesar da agilidade, pode ser facilmente reconhecida por sua coloração esverdeada e por seu tamanho reduzido — uma cigarrinha adulta mede cerca de 3 milímetros apenas (Figura 1).

Figura 1. Adulto de Empoasca kraemeri. Fonte: Villa Verde Agro.

Além disso, outras fases de desenvolvimento de Empoasca kraemeri podem ser encontradas em áreas de cultivo sob ataque da praga. Os ovos são ovipositados junto à nervura principal da face abaxial das folhas, ou próximos à inserção do pecíolo. Possuem formato cilíndrico, levemente curvado, e coloração esbranquiçada. Por medirem cerca de 0,6 mm de comprimento, são de difícil observação. 

Ao eclodirem dos ovos, por se tratar de um inseto com desenvolvimento do tipo hemimetábolo, as ninfas iniciam o seu desenvolvimento e estas são semelhantes ao adulto.

Aumentam gradualmente de tamanho, passando por cinco estágios de desenvolvimento — chamados de instares — até tornarem-se adultas. No primeiro ínstar, são incolores e vão adquirindo coloração verde-amarelada à medida que se desenvolvem. 

As ninfas de Empoasca kraemeri, quando incomodadas, deslocam-se rapidamente e de forma lateral, permanecendo, preferencialmente, na face abaxial da folha. Essa característica, aliada ao fato de apresentarem um abdômen alongado e cilíndrico, facilita a visualização e identificação da cigarrinha-verde no campo.

As cigarrinhas adultas apresentam coloração verde-clara, translúcida, que tende ao amarelo, e medem de 2,8 a 3,2 milímetros. Tanto ninfas quanto adultos sugam a seiva das plantas, injetando compostos tóxicos capazes de bloquear o floema. Com isso, água e nutrientes não chegam a algumas partes das folhas.

Ciclo de vida da cigarrinha-verde

O ciclo de vida de Empoasca kraemeri é relativamente curto, e várias gerações da cigarrinha-verde podem ocorrer, simultaneamente, em uma lavoura sob ataque da praga. Conforme mencionado anteriormente, os ovos da cigarrinha são geralmente encontrados na parte inferior das folhas, e as ninfas eclodem entre uma e duas semanas após a oviposição (Figura 2).

Ninfa de Empoasca spp

Figura 2. Ninfa de Empoasca spp. Foto: Scott Justis | BugGuide.net.

As ninfas de Empoasca kraemeri concluem seu desenvolvimento e tornam-se cigarrinhas adultas em cerca de 15 dias. Por se tratar de um inseto polífago, pode permanecer na área de cultivo entre diferentes culturas, além de sobreviver também em tigueras ou plantas daninhas hospedeiras da praga.

Danos causados por Empoasca kraemeri

Os danos decorrentes do ataque da cigarrinha-verde são consequência da forma como esse inseto se alimenta: por possuir um aparelho bucal do tipo picador-sugador, alimenta-se através da penetração do estilete no floema, succionando a seiva da planta na parte abaxial das folhas. 

Ao se alimentarem, ocorre também a desorganização e granulação das células, a obstrução dos vasos condutores de seiva e a injeção de substâncias toxicogênicas. 

Além dos danos diretos, de ordem física, a praga também ocasiona danos indiretos: os orifícios deixados pela alimentação da cigarrinha-verde também podem funcionar como porta de entrada para fitopatógenos, como fungos e bactérias.

Sob altas infestações da praga, as plantas podem apresentar sintomas de “enfezamento”: as bordas dos folíolos enrolam-se para baixo. Infestações mais intensas também causam o amarelecimento das margens dos folíolos, seguido de necrose (as folhas passam a apresentar encarquilhamento e aspecto coriáceo, ficando completamente secas e caindo precocemente). Com isso, as plantas podem apresentar porte reduzido e queda acentuada na produtividade.

Dentre as culturas atacadas pela cigarrinha-verde, os prejuízos são geralmente mais acentuados em cultivos de “feijão de seca”: época em que a gama de hospedeiros da cigarrinha é menor e altas infestações da praga passam a acometer o cultivo desde o início de seu desenvolvimento vegetativo até o florescimento. 

O ataque severo da praga durante o período de floração do feijão também pode levar ao abortamento de flores, influenciando diretamente na produção de grãos e no rendimento da cultura. Portanto, o cuidado com a praga deve ser redobrado durante a floração.

Durante o período reprodutivo da cultura, a praga também pode causar redução no comprimento e no número de vagens por planta, bem como no número e peso de grãos por vagem.

Culturas como a soja e o amendoim também podem ter a produtividade significativamente afetada por altas infestações de Empoasca kraemeri.

Monitoramento da cigarrinha-verde

Uma vez que a cigarrinha-verde é capaz de causar a obstrução do floema das plantas, os danos causados por Empoasca kraemeri podem ser facilmente confundidos com estresse hídrico ou deficiência nutricional, tornando-se visíveis apenas dias após o ataque.

Portanto, a fim de evitar confusões, é necessário monitorar a presença da cigarrinha-verde na área de cultivo para identificar a real causa dos danos. 

Para a cultura do feijão, é recomendado que o monitoramento de Empoasca kraemeri seja realizado semanalmente por meio da inspeção da parte superior e inferior das folhas (da emergência das plântulas até plantas com 3 a 4 trifólios) ou com o uso do pano de batida (plantas com 3 a 4 trifólios até a floração). Também podem ser utilizadas armadilhas adesivas amarelas para monitorar e capturar cigarrinhas na lavoura.

O nível de controle da cigarrinha-verde para as amostragens é de 40 ninfas — apenas as ninfas são contabilizadas, uma vez que os adultos são bastante ágeis e dificultam a contagem.

Manejo da cigarrinha-verde

Quando o nível de controle da cigarrinha-verde é atingido na lavoura, o controle deve ser assertivamente posicionado, preferencialmente, de forma integrada.

O controle biológico pode ocorrer por meio de agentes como parasitoides e fungos entomopatogênicos, que atacam ovos de Empoasca kraemeri, além de insetos predadores, como crisopídeos e joaninhas, que predam ninfas da cigarrinha.

Trata-se de um método de controle ainda pouco de utilizado, sendo mais comum o controle biológico conservativo, no qual agentes de controle já se encontram naturalmente presentes na área de cultivo. 

Medidas de controle cultural também são fundamentais no manejo integrado de Empoasca kraemeri. Entre elas, destacam-se a destruição de restos culturais e tigueras que possam servir como abrigo ou alimento para a cigarrinha-verde; a rotação de culturas com espécies não hospedeiras; o escalonamento dos plantios, que evita a sincronia com períodos de maior ocorrência da praga; e o manejo adequado da adubação, já que o excesso de nitrogênio torna as plantas mais atrativas aos insetos sugadores, de forma geral.

O controle químico é o método comumente adotado para o manejo de Empoasca kraemeri, consistindo na aplicação de inseticidas de contato e/ou sistêmicos, pulverizados sobre as folhas. 

É válido salientar a importância de se rotacionar os ingredientes ativos e mecanismos de ação diferentes para evitar a seleção de cigarrinhas resistentes a inseticidas. As moléculas inseticidas mais utilizadas para o controle de Empoasca kraemeri nas culturas do feijão, soja, batata e algodão são: acetamiprido, imidacloprido, tiametoxam (neonicotinoides), clorpirifós, profenofós, acefato (organofosforados), fenpropatrina, deltametrina e bifentrina (piretroides).

A combinação de ingredientes ativos também é uma estratégia utilizada no controle químico da cigarrinha, unindo moléculas de ação sistêmica e de contato em uma mesma aplicação. Aposte sempre em produtos registrados para a cultura de interesse, atentando-se à dose recomendada pela bula do produto e às orientações do receituário agronômico.


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Conclusão

É de suma importância realizar a identificação da cigarrinha-verde ao longo da safra de cultivo, objetivando monitorar a praga continuamente e posicionar, de forma assertiva, os métodos de controle — integrando-os, sempre que possível.

Sobre o Autor

Gabryele Silva Ramos

Engenheira Agrônoma (UFV), Mestre em Proteção de Plantas (UNESP/Botucatu),  MBA em Marketing (USP/Esalq) e Doutoranda em Entomologia (Esalq/USP)

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