EPI agrícola: veja os tipos para aplicar defensivos
Sumário
O EPI agrícola, ou EPI rural, tem como função proteger contra intoxicações, mas é importante saber os tipos adequados para usar em cada situação
O uso do EPI (Equipamento de Proteção Individual) agrícola ou rural é essencial para a saúde e a segurança do trabalhador durante a aplicação de defensivos agrícolas.
Mas existem vários tipos de EPI agrícola, sendo necessário conhecer cada um deles para a sua utilização correta nas variadas situações no campo.
Há EPIs de uso generalizado e outros de uso mais específico, de modo que você deve seguir a recomendação do receituário agronômico ou o rótulo dos produtos químicos para a sua utilização. Confira neste artigo!
Por que usar EPI agrícola?
O uso do EPI rural objetiva reduzir o risco à integridade física dos trabalhadores e obedece a NR 31 (Norma Regulamentadora 31).
Segundo a norma, os EPIs e outros dispositivos de proteção pessoal devem ser adequados ao risco, mantidos e conservados em condições de funcionamento.
Eles devem ser fornecidos de forma gratuita pelo empregador aos trabalhadores.
Nos últimos anos, passou a ser obrigatório também o fornecimento de protetor solar, caso não haja medidas de proteção coletiva ou individual contra a radiação solar.
Seu uso, porém, é facultado ao trabalhador. Cabe ao empregador orientar os seus colaboradores sobre o uso de EPI e dos dispositivos de proteção pessoal.
Até mesmo porque há diferenças entre os trabalhadores que estão em exposição direta e os que estão em exposição indireta, conforme a NR 31.
Trabalhadores em exposição direta são os que manipulam os agrotóxicos, aditivos, adjuvantes e produtos afins, em qualquer uma das etapas de armazenamento, transporte, preparo, aplicação, descarte e descontaminação de equipamentos e vestimentas.
Já os trabalhadores em exposição indireta são os que circulam em locais onde é feita a manipulação dos agrotóxicos em qualquer uma das etapas de armazenamento, transporte, preparo, aplicação, descarte e descontaminação de equipamentos e vestimentas.
Também se enquadram como exposição indireta atividades de trabalho em áreas recém-tratadas por defensivos agrícolas e o transporte e armazenamento de embalagens lacradas e não violadas.
Dentre outras normas, a NR 31 proíbe que essas atividades sejam feitas por gestantes, lactantes, e pessoas com idade inferior a 18 anos ou superior a 60 anos.
Outra norma importante é a NR 06, que versa sobre o EPI – Equipamento de Proteção individual (fabricação, comercialização, utilização) e determina as responsabilidades do trabalhador.
Dentre elas, está a de usar o EPI (e somente em serviço) e ser responsável pela limpeza, guarda e conservação, cumprindo as determinações sobre uso adequado.
Quais os EPIs utilizados na agricultura?
Os principais EPIs utilizados na agricultura são os que protegem os olhos, os pés e as mãos, sobretudo durante a preparação das caldas e aplicação dos defensivos.
EPI agrícola de uso geral
- máscaras contra poeira: evita o excesso de pó nas narinas e na boca, e seu uso é muito recomendado para atividades de correção de solo, quando grande quantidades de calcário ou gesso agrícola são aplicados no campo;
- luvas de segurança: protege as mãos contra atritos e cortes e precisam ser usadas em tamanho adequado;
- óculos de segurança: para proteção dos olhos contra poeiras e impactos das partículas. É necessário que estejam bem ajustados;
- calçado de segurança: garante a segurança dos pés, devendo também ser em tamanho correto.
EPIs para aplicação de agrotóxicos
O preparo da calda e a aplicação de agrotóxicos são momentos de grande atenção para com o uso do EPI rural, pois é quando mais estão sujeitas ocorrerem as intoxicações.
Devem sempre serem usados:
- boné árabe com aba de proteção contra raios solares na nuca e no couro cabeludo;
- máscara ou viseira facial acoplada ao respirador ou viseira facial;
- respirador específico para o tipo de aplicação e produto utilizado – deve ser escolhido o mais adequado conforme o tipo de filtro para cada situação;
- macacão completo com gorro, produzidos em material próprio para a atividade; deve cobrir todo o corpo;
- avental produzido com material resistente a solventes orgânicos – ele ajuda a evitar o contato do corpo com os respingos e escorrimento da calda;
- máscara e viseira facial integrada ao respirador – escolher o tipo mais adequado, conforme o tipo de produto;
- luva e bota de segurança adequadas para o tamanho da pessoa que fará a aplicação.
EPI agrícola de uso específico
Momentos em que há barulho excessivo, risco de queda de grande altura ou de objeto em cima da pessoa exigem o uso de EPI rural específico. São eles:
- capacete: atividades realizadas em áreas de manutenção ou construção rural requerem esse tipo de equipamento;
- protetor auricular: operar ou estar perto de maquinários muito barulhentos requer o uso de proteção nos ouvidos para evitar perda de audição;
- cinturão de segurança: uso na operação de maquinários muito altos ou em outras atividades em que a queda de grande altura representa um risco.
Utilização e principais cuidados com EPI agrícola
A correta utilização do EPI rural começa pela ordem com que cada um deve ser colocado.
Siga esta sequência:
- calça
- jaleco
- botas
- avental
- respirador
- viseira
- boné árabe
- luvas
Lembre-se que cada trabalhador deve cuidar do seu equipamento e mantê-lo em condições de uso. Qualquer dano precisa ser informado para que seja feita a manutenção.
Importante: só tire o EPI depois que lavar os equipamentos. Tome cuidado com intoxicação, pois isso pode causar uma série de problemas para a sua saúde, com danos irreversíveis, sobretudo neurológicos e desenvolvimento de outras enfermidades.
Aos primeiros sintomas, como diarreia, dor de cabeça, tontura, manchas na pele, dificuldade respiratória, fraqueza, impotência ou náuseas procure um médico.
Trabalhador rural usando EPI agrícola no campo para aplicação de defensivos (Fonte: Canva)
Limpeza dos EPIs
A limpeza dos EPIs é um momento também de importante atenção, já que podem ocorrer contaminações ou intoxicações por meio do contato com a pele, olhos ou boca. Para evitar isso, o trabalhador deve fazer a lavagem protegido com luvas de nitrila ou neoprene.
O EPI não pode ser lavado junto com outras roupas, ficar de molho ou ser esfregado. Não use cloro, alvejante ou amaciante, já que esses produtos podem retirar a hidrorrepelência.
É recomendado lavar com sabão neutro, em pó ou em barra em tanques ou máquinas de lavar específicas – elas vêm sinalizadas com informações sobre a toxicidade do produto.
A distância do local de lavagem deve ser a 30 metros do centro de vivência. O enxágue do EPI é com água corrente e a secagem sempre à sombra.
Respiradores devem ser higienizados conforme a orientação do fabricante, obedecendo às especificações de cada modelo. Observe também a vida útil do seu EPI. Jogue no lixo quando ele chegar ao fim da vida útil.
Outras recomendações são não comer, não beber, não fumar e não pegar em objetos pessoais com a luva contaminada. Proteja sempre os olhos e não se deixe enganar pela quantidade, pois uma gota pode conter grande concentração do produto.
Obrigatoriedade do uso de EPIs para aplicação de agrotóxicos
O uso de EPIs para a aplicação de agrotóxicos é uma necessidade diante dos riscos de intoxicação ao trabalhador por conta da exposição aos produtos químicos, e por isso ele é obrigatório.
A recomendação para a utilização do EPI deve vir no receituário agronômico, conforme o Decreto Lei nº 4.074/20202, o qual determina quais itens precisam estar no documento emitido por profissionais técnicos agrícolas e engenheiros agrônomos e florestais.
Normas e leis sobre o uso do EPI agrícola
A NR 31 é a principal norma sobre o uso de EPI agrícola, tendo sido estabelecida pelo Ministério do Trabalho. Ela traz as regras que devem ser seguidas no ambiente de trabalho rural e na organização, atribuindo responsabilidades ao empregador e ao trabalhador rural.
Obrigações do empregador rural
Conforme a NR 31, são obrigações do empregador:
- orientar os trabalhadores sobre o uso correto dos EPIs e assegurar que nenhum trabalhador usará roupas pessoais para aplicar os defensivos agrícolas;
- fornecer EPI e vestimenta de acordo com o risco a que o trabalhador estará exposto e que não representem desconforto térmico;
- garantir que os EPIs estejam higienizados e em perfeitas condições de uso;
- fazer a descontaminação do EPI ao final de cada jornada de trabalho e a sua substituição, se necessário, e evitar o seu uso sem a devida descontaminação;
- evitar que EPIs contaminados sejam transportados para fora do ambiente de trabalho;
- disponibilizar local seguro para higiene pessoal do trabalhador e local para guardar seus pertences pessoais;
- guardar notas fiscais de aquisição de EPIs, número de certificado de registro no Ministério do Trabalho e comprovante de entrega de EPI assinado;
- advertência formal pelo não uso, se for o caso;
- incentivar e promover que trabalhadores tenham certificado de treinamento de aplicação de agrotóxicos.
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Obrigações do trabalhador rural
As obrigações do uso de EPIs por parte do trabalhador rural devem ser seguidas e, caso não sejam, podem resultar em advertência ou demissão por justa causa.
Eles devem:
- usar o EPI, seguindo as orientações;
- zelar pelo equipamento;
- informar o responsável em caso de haver necessidade de troca por desgaste ou defeito.
O uso de EPI rural passa por uma conscientização das duas partes, empregador e trabalhador. Uma boa forma de resolver possíveis desentendimentos é dialogar sobre o assunto e ter orientação especializada, como, por exemplo, em cursos de atualização sobre o tema.
Conclusão
O EPI agrícola é fundamental para preservar a saúde e a segurança dos trabalhadores do campo, que cada vez mais precisam estar conscientes da importância do uso desses equipamentos para se protegerem.
No campo, o uso dos EPIs precisa ser cada vez mais uma prática recorrente, sobretudo porque os casos de intoxicação são geradores de danos graves tanto à saúde humana quanto aos animais e ao meio ambiente.
Empregadores e empregados devem cumprir o seu papel no uso do EPI agrícola, seguindo as normas da NR 06 e NR 31, bem como as regras básicas do seu uso, lavagem, manutenção e adequação para cada tipo de serviço que será realizado.
Sobre o Autor
Mário Bittencourt
Jornalista e pós-graduado em Agricultura de Precisão.
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