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Dosagem de aplicação de defensivos agrícolas: como calcular?

Trabalhador rural preparando a calda para aplicação de defensivos agrícolas

Sumário

O cálculo da dosagem de aplicação de defensivos agrícolas é um importante ponto de atenção no manejo fitossanitário e deve seguir a bula do produto e o receituário agronômico.

A aplicação correta de defensivos agrícolas é sinônimo de eficiência e redução de custos, já que boa parte do produto (estima-se que 70%) seja perdido pela deriva, evaporação e escorrimento.

Realizar esta tarefa é um grande desafio, devendo para o seu sucesso haver mão-de-obra treinada para seguir à risca as diversas etapas da aplicação.

Dentre elas, está o cálculo da dosagem de aplicação de defensivos, que pode ser feito de maneiras diferentes, conforme o produto e a tecnologia de aplicação utilizada.

Saiba neste artigo como fazer o cálculo da dosagem de aplicação dos defensivos agrícolas e quais são as melhores práticas para esta etapa do manejo fitossanitário. Boa leitura!

Como calcular a dosagem de aplicação de defensivos agrícolas?

O cálculo da dosagem para a aplicação de defensivos deve ser feita de acordo com o indicado na bula do produto e no receituário agronômico.

Se a recomendação é de 3 litros/ha (ou 3.000 ml/ha), a dosagem pode ser dividida pelo número de pulverizadores/ha: 3.000 ml / 15 pulverizadores (capacidade de 20 litros cada). Neste caso, são 200 ml do produto por pulverizador.

As embalagens dos defensivos podem apresentar recomendação de dosagem em duas formas, com a quantidade de produto em gramas/ha ou em litros/ha ou ainda com a quantidade de gramas/100 litros ou de mililitros/100 litros.

Neste caso, há uma recomendação de um volume de calda mínimo que deve ser utilizado para o controle eficiente de pragas e doenças.

A forma mais utilizada costuma ser a de gramas/100 litros ou de mililitros/100 litros, devido a facilidade para o preparo de grandes quantidades de calda, como acima de 500 litros, volume suficiente para tratar 3,33 hectares. Geralmente, o volume de aplicação recomendado é de 100 a 300 litros/ha.

É possível fazer adaptações para diferentes equipamentos, como bombas pulverizadoras, pulverizadores tratorizados, pulverizador autopropelido ou drones de pulverização, sendo essencial estar atento à capacidade do reservatório de cada equipamento.

O volume de calda gasto pode ser obtido multiplicando-se a vazão do pulverizador (15,38 litros/min, por exemplo) pelo tempo que se gasta para a pulverização (9,52 min/ha).

Neste caso, o volume consumido/ha = 15,38 x 9,52 = 146,46 litros/ha.

Pulverização x aplicação

É preciso também entender alguns conceitos, como os de pulverização e o de aplicação:

  • Pulverização: é o processo físico-mecânico de transformação de uma substância líquida em partículas ou gotas;
  • Aplicação: é a deposição de gotas sobre um alvo desejado, com tamanho e densidade adequadas ao objetivo proposto.

Da mesma forma, é necessário também estar ciente de que dentro dos princípios básicos da tecnologia de aplicação não existe uma solução única que atenda a todas as necessidades, devendo por isso a tecnologia ser ajustada para cada condição de aplicação.

Calibragem x regulagem

Outros dois pontos importantes de entendimento são a diferença dos conceitos entre calibração e regulagem do equipamento:

  • Regulagem: diz respeito ao ajuste dos componentes da máquina às características da cultura e produtos a serem utilizados, como ajuste de velocidade, tipos de pontas, espaçamento entre bicos, altura da barra, etc.
  • Calibração: objetiva a verificação da vazão das pontas, determinar o volume de aplicação e a quantidade de produto a ser colocada no tanque. 

É importante estar atento a estes dois pontos porque muitos aplicadores ignoram a regulagem e fazem apenas a calibração, o que pode gerar perdas significativas de tempo e do produto.

Tamanho das gotas

O tamanho das gotas na pulverização de defensivos agrícolas é muito importante para se atingir o alvo desejado. Elas podem ser:

  • Gotas pequenas (<200 μm): são arrastadas pela deriva e apresentam grandes problemas com evaporação durante a aplicação, mas proporcionam cobertura do alvo e quantidade de gotas por cm2 normalmente altas, sob condições climáticas adequadas. Possuem ainda alta capacidade de penetração na cultura e reduzem a possibilidade de escorrimento do produto nas folhas;
  • Gotas médias (200-400 μm): possuem características intermediárias. Caso não haja indicação na bula do produto fitossanitário, deve-se utilizar gotas de tamanho médio, com o objetivo de reduzir a probabilidade de erros na aplicação;
  • Gotas grandes (>400 μm): são menos levadas pela deriva e menos suscetíveis à evaporação no trajeto até o alvo, mas proporcionam menor cobertura da superfície a ser tratada e concentração de gotas por cm2. Além disso, possuem baixa capacidade de penetração na cultura e elevam a possibilidade de escorrimento do produto pelas folhas.

Em toda pulverização, seja fina, média ou grossa, haverá gotas pequenas, médias e grandes, variando-se apenas a proporção entre elas.

O que é taxa de aplicação do pulverizador?

A taxa de aplicação se refere à quantidade de produto aplicada por hectare.

Mas é preciso estar atento para um erro comum no manejo fitossanitário, referente à prioridade dada ao rendimento operacional em detrimento da técnica de aplicação. Ambas são importantes para a eficácia da aplicação.

Calibrar um pulverizador não é somente ajustar uma taxa de aplicação em função da velocidade a ser utilizada, mas inclui a adequada relação entre o tipo de defensivo, o tamanho da gota, as condições climáticas e a quantidade de alvo que se deseja pulverizar. Após a definição desses parâmetros é que se obtém a taxa de aplicação.

Com base nas bulas dos defensivos, é possível obter informações sobre:

  • taxa de aplicação mínima e máxima relacionada com o estágio de desenvolvimento do cultivo;
  • classificação do tamanho da gota escolhida para a aplicação;
  • e densidade de gotas segundo o tipo de agroquímico a ser aplicado.

A melhor taxa de aplicação sempre será aquela que consegue resolver os problemas relativos às condições ambientais com a melhor cobertura em função do tipo de agroquímico utilizado, estágio de desenvolvimento da planta e rendimento operacional.

Preparação da calda de defensivos agrícolas

Preparação da calda de defensivos agrícolas (Fonte: Reprodução)

Interação entre o produto e o pulverizador

No manejo fitossanitário, é preciso atenção para a interação entre o produto e o pulverizador, devendo-se ter em mente que esses fatores serão responsáveis pela eficácia do controle. Dois aspectos devem ser levados em conta: a agitação da calda e o uso de filtros corretos.

Agitação da calda

O passo inicial para a regulagem do pulverizador é saber se o sistema de agitadores funciona de forma adequada.

No caso de pulverizadores tratorizados, é recomendável usar rotação de 540 rpm na tomada de potência, sendo esta, normalmente, a rotação para o qual o sistema é dimensionado.

A rotação abaixo de 540 rpm pode gerar interferência negativa no sistema de agitação, em função da redução no número de revoluções da hélice (agitador mecânico) ou da quantidade de calda devolvida ao tanque pelo retorno (agitação hidráulica).

Formulações pó-molhável ou suspensão concentrada tendem a se depositar no fundo do pulverizador em condições de agitação ineficientes. Já as formulações de concentrado emulsionável, tendem a migrar para a superfície nestas mesmas condições, o que faz com que a aplicação ocorra de forma desigual, mesmo com a dose adequada.

Uso de filtros corretos

O uso de filtros corretos é de grande importância para a eficácia do manejo fitossanitário, devendo-se ter atenção quanto aos tipos utilizados.

Pulverizadores equipados com malha 80 (80 aberturas em 1 polegada) ou superior, por exemplo, podem apresentar problemas. Isso porque formulações pó-molhável ou suspensão concentrada têm partículas em suspensão na calda. 

Em consequência, ocorre que grande quantidade de produto seja retirada pelo filtro, formando uma pasta que o bloqueia com frequência, o que obriga o operador a realizar limpezas constantes.

Assim, na aplicação de suspensões, filtros de malha fina não devem ser empregados. O ideal é optar por malhas de 50 ou menores, se possível.

Tenha atenção ainda com a mistura de tanque de suspensões com adjuvantes oleosos, onde esses problemas podem ser potencializados pela coalizão de duas ou mais partículas de pó em uma de óleo.

Como a AgroReceita pode ajudar na aplicação de defensivos?

A AgroReceita uma plataforma de inteligência agronômica que disponibiliza um banco de dados das bulas dos defensivos, atualizados conforme alterações do Mapa, desempenhando um papel crucial na aplicação de defensivos agrícolas, conforme a seguir:

Orientação precisa: fornece orientações precisas sobre quais defensivos agrícolas devem ser utilizados para o melhor controle das pragas e doenças em uma determinada cultura. 

Dosagem correta: disponibiliza informações detalhadas sobre a dosagem correta dos defensivos agrícolas a serem aplicados. Isso ajuda a garantir que os produtos sejam usados na quantidade adequada para alcançar os melhores resultados de controle, evitando tanto a subdosagem quanto a superdosagem.

Registro e rastreabilidade: realiza o registro das aplicações de defensivos agrícolas,  incluindo informações sobre os produtos utilizados, dosagens aplicadas, datas e locais de  aplicação. Isso não só ajuda os agricultores a cumprir os requisitos regulatórios, mas também facilita a rastreabilidade dos produtos agrícolas, garantindo a segurança dos  consumidores.

Além de fornecer todas as frases de modalidade e época de aplicação, dosagem recomenda, volume de calda e cálculo da área a tratar, a AgroReceita também disponibiliza a listagem dos produtos aptos e não aptos que podem ser comercializados nos estados brasileiros. 

Com a AgroReceita é possível emitir o receituário agronômico, de forma ágil e segura, facilitando a correta prescrição dos defensivos.  Preencha o formulário abaixo e comece já o seu teste grátis:

Conclusão

O cálculo dosagem de aplicação de defensivos agrícolas deve seguir a recomendação do receituário agronômico e da bula do produto.

Nesse sentido, é de grande importância que você esteja trabalhando com produtos que estejam com a bula atualizada, para não haver riscos de estar atuando em desconformidade com a lei.

Para evitar problemas, utilize a plataforma da AgroReceita, onde as bulas dos defensivos estão em conformidade com a legislação nacional e por estado.

Sobre o Autor

Autor do texto

Mário Bittencourt

Jornalista e pós-graduado em Agricultura de Precisão.

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