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Adubação do milho: 10 dicas de manejo para uma safra 2025 mais produtiva

Adubação do milho

Sumário

Aprenda como fazer uma adubação eficiente do milho para a safra 2025 com 10 dicas práticas de manejo. Veja recomendações técnicas baseadas em análise de solo, exigências nutricionais e estratégias para alta produtividade.

O milho é uma das culturas mais importantes do Brasil, com destaque para seu uso na alimentação animal, na indústria de alimentos, biocombustíveis e silagem. Em 2024, segundo a Conab, o milho safrinha representou mais de 59% da produção total do cereal no país.

Para manter a rentabilidade e o alto rendimento, o manejo da adubação deve ser preciso e adaptado às condições de solo, clima e produtividade esperada.

A fertilidade do solo e a disponibilidade adequada de nutrientes são os principais pilares para garantir o pleno desenvolvimento da lavoura.

A adoção de boas práticas de adubação e necessidades do solo pode resultar em incrementos de até 30% na produtividade, conforme demonstrado por estudos recentes (Santos et al., 2024).

Neste guia, reunimos as 10 principais dicas para o planejamento da adubação do milho na safra 2025, com base nas publicações mais recentes, manuais tropicais e dados de pesquisas aplicadas.

Boa leitura!

Importância da adubação na cultura do milho

Panorama da cultura no Brasil e destaque para o milho safrinha

O milho é uma das principais culturas agrícolas do Brasil, ocupando vastas áreas em diferentes regiões do país. 

Sua relevância econômica está associada tanto ao mercado interno quanto às exportações, além de ser base para alimentação animal, humana e insumo para a indústria. 

Nos últimos anos, o destaque tem sido o milho safrinha, que representa mais de 70% da produção nacional. 

Plantado logo após a colheita da soja, esse cultivo exige planejamento técnico, já que enfrenta desafios como menor disponibilidade hídrica e menor tempo de desenvolvimento.

Relação entre nutrição e produtividade na lavoura

Para alcançar bons resultados na lavoura de milho, é essencial garantir uma nutrição equilibrada e adequada ao solo e às exigências da planta. 

A adubação influencia diretamente o desenvolvimento radicular, o crescimento vegetativo, o enchimento de grãos e a tolerância a estresses. 

Deficiências de nutrientes como nitrogênio, fósforo, potássio, zinco e enxofre impactam negativamente a produtividade, podendo reduzir significativamente o rendimento por hectare. Portanto, o manejo nutricional bem-feito é um dos pilares da lavoura moderna.

Exigências nutricionais do milho

A nutrição do milho é um fator determinante para o sucesso da lavoura, especialmente em sistemas de alta produtividade. 

O milho apresenta elevada exigência em nutrientes essenciais, demandando uma estratégia de manejo de fertilidade do solo que considere tanto a análise de solo quanto as particularidades da cultivar, época de plantio e objetivo da produção (grão ou silagem). 

A seguir, estão os principais pontos sobre os nutrientes necessários para o desenvolvimento equilibrado da cultura.

Macronutrientes: N, P e K

Os macronutrientes mais exigidos pelo milho são: nitrogênio (N), fósforo (P₂O₅) e potássio (K₂O). Para cada saca de 60 kg de milho colhida, estima-se a exportação média de:

  • 1,0 kg de N
  • 0,5 kg de P₂O₅
  • 0,3 kg de K₂O

Esses elementos são fundamentais para funções vitais das plantas, como crescimento vegetativo, formação de grãos e metabolismo energético. Em solos com fertilidade construída, a recomendação de adubação para milho deve priorizar a reposição desses nutrientes.

 Já em solos com baixa fertilidade, especialmente em regiões de fertilização no cerrado, é comum a necessidade de adubação corretiva, com calagem e gessagem, além da aplicação de adubos fosfatados e potássicos de forma antecipada ou parcelada.

Micronutrientes: zinco, manganês, boro e outros

Além dos macronutrientes, o milho também responde à aplicação de micronutrientes, como zinco, manganês, boro, enxofre, cálcio e magnésio

O zinco, por exemplo, está diretamente ligado à formação de hormônios vegetais e ao crescimento inicial das plantas. 

Deficiências desses nutrientes podem causar sintomas de deficiência nutricional no milho, como clorose internerval, encurtamento de entrenós, má formação de espigas e redução no enchimento de grãos.

A análise de solo para milho e, em algumas situações, a análise foliar, são ferramentas essenciais para ajustar a fertilização e garantir que não haja desequilíbrios nutricionais. A aplicação via solo ou foliar de micronutrientes deve ser planejada conforme o estágio fenológico e as condições do ambiente.

Diferenças entre milho grão e silagem na absorção de nutrientes

Quando se trata de milho para silagem, as exigências nutricionais são ainda maiores. 

Isso ocorre porque, diferentemente do milho grão, em que apenas os grãos são colhidos, a produção de silagem envolve a remoção de toda a biomassa aérea da planta — colmos, folhas e espigas — o que resulta em maior exportação de nutrientes.

Por isso, a adubação do milho safrinha destinado à silagem deve ser ainda mais criteriosa, com reposições mais amplas de macro e micronutrientes. 

O risco de esgotamento nutricional e perda da fertilidade do solo é maior nesse sistema, exigindo atenção redobrada no planejamento da fertilização do milho.

Além disso, práticas como rotação de culturas, uso de plantas de cobertura e o manejo adequado de resíduos da colheita contribuem para a conservação da fertilidade e a produtividade do milho ao longo das safras.

Produção com a adubação do milho correta
Produção com a adubação do milho correta

Figura 1. Produção de milho com a adubação correta. Créditos: Igor Juliani (2024) e Diana P. Bonfanti (2024), respectivamente.

10 dicas de manejo para adubação do milho na safra 2025

1. Realize análise de solo antes da semeadura

A análise de solo é a base da recomendação de fertilizantes. Coletas devem ser feitas nas camadas de 0-20 cm e 20-40 cm. 

Com base nos resultados, é possível corrigir a acidez, determinar a necessidade de calcário, gesso e definir as doses de NPK.

2. Corrija o solo com antecedência

A calagem para neutralizar o alumínio tóxico e melhorar a CTC. Em solos do Cerrado, a saturação por bases deve ser elevada a pelo menos 60% (sequeiro) ou 70% (irrigado). 

A aplicação de gesso agrícola pode complementar a oferta de cálcio e enxofre.

3. Defina a adubação com base na expectativa real de produtividade

Para milho grão, a exportação estimada é:

  • N: 200 kg/ha
  • P2O5: 100 kg/ha
  • K2O: 60 kg/ha

Esses valores são ajustados conforme a meta de produtividade. 

Para 12.000 kg/ha, por exemplo, deve-se calcular os nutrientes proporcionalmente.

4. Escolha as fontes certas de NPK

  • Ureia (45% N): preferência com inibidores de urease.
  • TSP (fosfato triplo): 45% de P2O5.
  • MAP: fósforo e nitrogênio em um único produto.
  • KCl (Cloreto de potássio): 60% de K2O.

A escolha deve considerar disponibilidade, custo e interação com o solo.

Consórcio milho com brachiaria e a adubação correta

Figura 2. Consórcio milho com brachiaria e a adubação correta. Fonte: Eduardo R. Nazarian (2024).

5. Aplique o nitrogênio na fase certa

A absorção de N é mais intensa entre os estádios V4 a R1

Recomenda-se parcelar a aplicação:

  • 1ª dose: no plantio ou entre V3-V4
  • 2ª dose: entre V6-V7

Em solos arenosos, prefira até três parcelamentos. Em solos argilosos, duas aplicações são suficientes.

6. Evite perdas de nitrogênio

A aplicação superficial de ureia pode causar perdas por volatilização de amônia. Para reduzir isso:

  • Incorpore o adubo.
  • Utilize ureias estabilizadas.
  • Aplique em dias nublados ou antes de chuva leve.

Segundo Castro et al. (2023), essas práticas podem reduzir perdas em até 50%.

7. Fósforo: evite o "pedágio do solo"

O P tem baixa mobilidade no solo. Parte do fósforo aplicado é fixado (forma não lábil). Por isso:

  • Em solos pobres, use adubação corretiva com altas doses.
  • Em solos corrigidos, mantenha a adubação de reposição.

Prefira aplicações no sulco de plantio ou incorporadas.

8. Monitore os micronutrientes

Micronutrientes como zinco, boro, manganês e cobre são essenciais. Solos com baixa matéria orgânica ou arenosos são mais propensos a deficiências.

A reposição pode ser feita via:

  • Formulações granuladas com micro.
  • Adubação foliar.
  • Tratamento de sementes (especialmente com Zn).
Preparo de amostras para avaliação da fertilidade do solo.

Figura 3. Preparo de amostras para avaliação da fertilidade do solo. Fonte: Juliano R. Duarte (2024).

9. Otimize o manejo para o milho safrinha

O milho segunda safra exige ajustes na adubação:

  • Reduza a dose de P e K se o solo estiver com boa fertilidade.
  • Ajuste o N conforme o balanço de nutrientes da soja antecessora.

Utilize inoculação com Azospirillum: segundo Barbosa et al. (2022), é possível reduzir em 25% a dose de N sem perdas na produtividade.

10. Evite excesso de KCl no sulco de plantio

O excesso de KCl no sulco pode causar salinidade e fitotoxicidade nas sementes, especialmente em solos arenosos.

Para evitar esse problema:

  • Divida a dose entre plantio e cobertura.

Aplique KCl a lanço em épocas prévias ao plantio.

Como identificar e corrigir deficiências nutricionais no milho

Principais sintomas visuais nas folhas e espigas

A deficiência de nutrientes no milho compromete diretamente o seu desenvolvimento fisiológico, reduzindo o potencial produtivo e a qualidade dos grãos ou da silagem.

Cada nutriente desempenha funções específicas na planta e, quando ausente ou em desequilíbrio, desencadeia sintomas visuais distintos.

A tabela abaixo resume os principais sinais de deficiência observados no campo, relacionando-os à função de cada elemento na fisiologia vegetal.

O nitrogênio (N), por exemplo, é essencial para o crescimento vegetativo e está ligado à fotossíntese, síntese de proteínas e acúmulo de grãos. Sua deficiência provoca o amarelecimento das folhas em formato de “V” invertido, morte prematura e formação de espigas pequenas.

Já o fósforo (P), fundamental para o desenvolvimento radicular e a transferência de energia, manifesta-se por coloração arroxeada nas folhas e espigas deformadas.

O potássio (K), envolvido na regulação hídrica e resistência a estresses, mostra sintomas como folhas amareladas nas margens e sabugos afilados.

Micronutrientes como zinco, manganês e boro, embora exigidos em menores quantidades, são igualmente vitais.

O zinco, por exemplo, influencia o crescimento e a formação de grãos, e sua deficiência leva ao encurtamento dos internódios e coloração esbranquiçada das folhas jovens.

O boro, por sua vez, é importante na polinização e no transporte de carboidratos, sendo sua carência associada a espigas falhadas e folhas avermelhadas.

A identificação precoce desses sintomas é essencial para corrigir a adubação e evitar prejuízos na lavoura.

Tabela de nutrientes, funções e sinais de deficiência

Tabela 1. Relação entre nutrientes essenciais, suas funções e sintomas de deficiência no milho. Fonte: Vinicius Winnikes e AgroInovadores (2020).

Nutriente

Sintoma de deficiência

Importância nutricional

Nitrogênio

– Amarelecimento das fTabela 1. Relação entre nutrientes essenciais, suas funções e sintomas de deficiência no milho. Fonte: Vinicius Winnikes e AgroInovadores (2020). Folhas (formato de “V” invertido) – Morte prematura de folhas e/ou plantas – Espigas pequenas -Grãos leves -Colmos finos -Tombamento de plantas.

– Está associado ao crescimento vegetativo das plantas – Participa ativamente da fotossíntese – Participa da síntese de proteínas – Aumenta peso (densidade de grãos) – Aumenta porcentagem de óleo.

Fósforo

– Coloração púrpura ou arroxeada das folhas novas – Colmos frágeis e delgados – Espigas pequenas e retorcidas (tortas) nas extremidades

– Estimula o desenvolvimento das raízes – Aumenta o teor de proteínas nos grãos – Atua na fotossíntese e respiração – Participa no processo de transferência de energia e no enchimento de grãos

Potássio

– Margens das folhas inferiores (velhas) amareladas, alaranjadas ou bronzeada – Manchas marrons no interior do colmo – Espigas com extremidades sem grãos e com sabugo afilado (pontiagudo)

– É responsável pelo uso eficiente da água (regula abertura e fechamento de estômatos) – Aumenta a resistência das plantas ao acamamento – Aumenta a tolerância à pragas e doenças

Cálcio

– Clorose nas folhas novas – Redução do crescimento radicular – Morte das extremidades das raízes – Falhas de granação (afeta a fecundação)

– É essencial para o crescimento e aprofundamento das raízes – Vital para a germinação do grão de pólen – Faz parte da parede celular dos tecidos vegetais

Magnésio

– Folhas inferiores (velhas) com listras esbranquiçadas (clorose) paralelas às nervuras – Crescimento reduzido da planta

– É essencial para a fotossíntese – É componente da clorofila (pigmento participante ativo do processo fotossintético) – Auxilia na absorção de fósforo

Enxofre

– Amarelecimento das folhas novas – Crescimento reduzido da planta

– Participa na composição das proteínas – Auxilia na síntese de enzimas e vitaminas – Participa na formação dos grãos

Boro

– Folhas avermelhadas no final do ciclo – Espigas pequenas e falhas na granação – Extremidade das espigas com aspecto de cortiça

– Atua no processo de divisão celular – Auxilia no transporte de carboidratos – Participa na formação dos grãos Importante para a germinação das sementes

Zinco

– Folhas com coloração esbranquiçada próxima à região do “cartucho” – Crescimento reduzido da planta – Encurtamento dos internódios

– Participa no crescimento das plantas – É ativador de inúmeras enzimas – Participa na formação dos grãos

Manganês

– Clorose internerval nas folhas novas (sintomas semelhantes à deficiência de magnésio) – Colmos finos – Menor crescimento das plantas

– Atua no sistema enzimático – Têm ação relevante na fotossíntese – Acelera a germinação da semente – Favorece a maturação das plantas

Estratégias para correção via solo e foliar

 correção das deficiências nutricionais deve ser feita com base na análise de solo para milho e, quando necessário, por meio de análise foliar. Em solos de baixa fertilidade, a adubação corretiva com fontes adequadas de macro e micronutrientes é recomendada, respeitando as exigências da cultura. 

Em casos emergenciais ou de rápida absorção, a aplicação via foliar pode ser uma solução eficiente.

Produtos formulados com micronutrientes quelatizados, aplicações parceladas de nitrogênio e fósforo, bem como o uso de bioestimulantes e nutrientes essenciais para milho são práticas comuns. 

Monitorar os sintomas e antecipar o manejo garante maior segurança para manter a produtividade do milho, especialmente em sistemas intensivos como o milho safrinha ou regiões de fertilização no cerrado.

O papel do planejamento agronômico na safra 2025

Por que antecipar a adubação é essencial?

Antecipar a adubação permite maior eficiência no uso dos insumos e evita imprevistos durante a semeadura. 

Com a definição prévia das doses, fontes e formas de aplicação, o produtor garante maior uniformidade no estabelecimento da lavoura, especialmente em safras como a de 2025, onde cada detalhe logístico pode impactar diretamente nos custos e no rendimento final da cultura.

Integração entre análise de solo, expectativa de produtividade e histórico da área

Um bom planejamento agronômico integra diferentes informações: os resultados da análise de solo para milho, a expectativa de produtividade e o histórico da área. Essa combinação permite ajustar as doses de nutrientes conforme a real demanda da cultura, evitando tanto excessos quanto deficiências. 

O conhecimento prévio sobre correções feitas em safras anteriores, presença de compactação ou desequilíbrios específicos torna o manejo mais seguro e técnico.

Caminho para decisões mais assertivas

Quando bem planejado, o sistema de produção reduz riscos e aumenta o retorno sobre o investimento. Essa visão estratégica, que envolve também o posicionamento de híbridos, o calendário de operações e o monitoramento climático, fortalece a tomada de decisão em tempo real. Para a safra 2025, o sucesso começa muito antes do plantio — começa com planejamento.

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Conclusão

A adubação do milho é um dos principais fatores que determinam o sucesso da lavoura. 

Ao seguir essas 10 dicas, o produtor pode otimizar a eficiência dos insumos, reduzir perdas, melhorar o aproveitamento dos nutrientes e aumentar a produtividade, tanto para milho grão quanto para silagem.

A safra 2025 exige planejamento antecipado, análise técnica e o uso inteligente de tecnologias agronômicas. O futuro da produtividade está na integração entre conhecimento, solo e planta.

Sobre o Autor

Alasse Oliveira

Engenheiro Agrônomo, Mestre e Especialista em Produção Vegetal e, Doutorando em Fitotecnia (ESALQ/USP)

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