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Qual a temperatura basal da soja e milho?

Plantação de soja ao pôr do Sol

Sumário

Explore como a temperatura basal da soja e milho, e a exigência calórica impactam o desenvolvimento dessas culturas e descubra estratégias para otimizar o manejo agrícola e aumentar a eficiência produtiva!

A temperatura basal e a exigência calórica das plantas são parâmetros importantes no manejo agrícola, uma vez que afetam diretamente o desenvolvimento e o comportamento das culturas.

Esses conceitos servem para o planejamento agrícola, especialmente em culturas como a soja e o milho, que possuem grande relevância econômica e agrícola no Brasil.

A temperatura basal é o valor mínimo de temperatura necessário para que as atividades metabólicas das plantas ocorram de maneira adequada, abaixo do qual o crescimento é drasticamente reduzido ou interrompido. 

Já a exigência calórica, expressa em graus-dia (°C dia), representa a soma das temperaturas diárias acima da temperatura basal necessárias para que a planta complete uma fase fenológica específica.

Esses parâmetros não apenas influenciam o crescimento vegetal, mas também determinam o planejamento das práticas agrícolas, como época de plantio e colheita, irrigação e fertilização. 

Este artigo tem como objetivo discutir como a temperatura basal da soja e milho e a exigência calórica impactam o desenvolvimento, oferecendo uma base científica para o aprimoramento do manejo dessas culturas.

Boa leitura!

Vamos lá?

Exigência calórica e temperatura basal da soja e milho

A temperatura e o acúmulo térmico são aspectos que influenciam diretamente o desenvolvimento de culturas como soja e milho. Cada uma apresenta limites de temperatura basal, que definem as condições mínimas e máximas para seu ciclo de vida.

Vamos entender como o manejo da temperatura influencia para altas produtividades?

Temperatura basal da soja

A cultura da soja (Glycine max) apresenta um intervalo de temperatura basal que é fundamental para garantir seu desenvolvimento adequado. 

A soja se adapta melhor em regiões onde as temperaturas variam entre 20°C e 30°C, sendo que temperaturas abaixo de 10°C prejudicam o crescimento da planta, reduzindo seu porte devido à diminuição do metabolismo.

A temperatura basal inferior para a soja é estabelecida em torno de 10°C, enquanto a temperatura basal superior é de aproximadamente 40°C. Essas faixas definem as condições mínimas e máximas nas quais a soja pode se desenvolver adequadamente.

O acúmulo térmico, ou graus-dia, é um método utilizado para quantificar a energia acumulada pela planta para seu desenvolvimento. As cultivares de soja com maiores graus-dia tendem a florescer mais tardiamente, e o número de vagens está diretamente relacionado ao número de grãos, independentemente do tipo de cultivar. 

Durante a emergência e o florescimento, por exemplo, a cultura exige entre 1.200 e 1.400 graus-dia, enquanto o enchimento de grãos demanda ainda mais energia acumulada.

Figura 1 – representação didática da fenologia da soja. Fonte: Dekalb (2021) e Fancelli (2005).

representação didática da fenologia da soja

Fonte: Alasse Oliveira adaptado de Dekalb (2021).

A faixa ideal de temperatura do solo para a semeadura da soja varia entre 20°C e 30°C, sendo 25°C considerada ideal para uma emergência rápida e uniforme

Temperaturas abaixo de 10°C resultam em crescimento nulo ou muito limitado, enquanto temperaturas superiores a 40°C afetam negativamente a taxa de crescimento e causam distúrbios na floração e na retenção de vagens.

Compreender esses valores permite aos agricultores prever o ciclo de desenvolvimento da soja e ajustar práticas como irrigação e controle de pragas em momentos críticos. 

Além disso, o monitoramento dos graus-dia é fundamental para antecipar riscos climáticos, como geadas ou períodos de déficit hídrico, que podem comprometer o rendimento final. 

Tabela 1 – Temperatura basal Tb inferior, ótima e superior na cultura da soja

SojaTemperatura basal inferior (Tb°C)Temperatura ótima/baseTemperatura basal superior (TB°C)
Farias et al. (2007). Müller et al., (2009) e Pezzopane (2004).1020-3040
Ritchie et al (2002) e Amaral et al (2020)1222-2838
Silva et al (2018) e Santos e Silva (2022).103038-40

Essa abordagem também auxilia na escolha de cultivares adaptadas às condições locais, garantindo maior estabilidade no desempenho das lavouras.

Temperatura basal do milho

Para o milho (Zea mays), a temperatura basal situa-se entre 8°C e 10°C, variando conforme o híbrido e as condições climáticas da região. 

As condições climáticas, especialmente a temperatura do ar, a precipitação e a radiação solar, têm grande impacto no desempenho do milho, já que as condições ideais variam conforme os diferentes estádios de desenvolvimento da planta.

O intervalo de temperatura basal inferior para o milho é de cerca de 10°C, abaixo do qual o crescimento da planta é severamente reduzido, enquanto o limite superior é de 30°C.

 Figura x. representação didática da fenologia do milho. Fonte: FarmBox (2020).

representação didática da fenologia do milho

Fonte: Alasse Oliveira adaptado de FarmBox (2024).

Temperaturas superiores a esse valor, especialmente à noite, resultam em perda de rendimento, pois os produtos metabólicos gerados durante o dia são consumidos, provocando senescência precoce das folhas e impactando a produtividade.

A faixa ideal de temperatura para o desenvolvimento do milho é entre 25°C e 30°C. Durante a fase da emergência até a floração, a planta se desenvolve melhor em temperaturas médias diurnas de 25°C.

Temperaturas abaixo de 18°C ou acima de 30°C comprometem a produção de matéria seca e o rendimento de grãos. Durante a polinização, temperaturas elevadas prejudicam a germinação do pólen, afetando a qualidade e a quantidade dos grãos. 

Figura x. A cultura de milho apresenta as seguintes exigências térmicas (GD)

Apresentação de temperatura basal do milho

Além disso, altas temperaturas durante o período de florescimento podem acelerar o ciclo da planta, mas com impactos negativos no número e na qualidade dos grãos produzidos.

O milho demanda de 890 a 1.200 graus-dia para atingir o florescimento. O manejo eficiente do milho utilizando esses parâmetros permite o ajuste das práticas agrícolas para maximizar o aproveitamento das condições climáticas disponíveis. 

Tabela 2 – Temperatura basal Tb inferior, ótima e superior na cultura do milho.

MilhoTemperatura basal inferior (Tb°C)Temperatura ótima/baseTemperatura basal superior (TB°C)
Berlato e Matzenauer, (1986) e Fancelli (2001)10
Romano (2005) e Assis (2006), Yan et al., 2017; Liu et al., 2008.1027-3032-35
Fancelli e Dourado-Neto (1997) e Garcia (1993)10-1225-3030-35

Por exemplo, agricultores podem optar por híbridos com menores exigências calóricas em regiões com menor disponibilidade de graus-dia ou em locais onde o ciclo climático é mais curto. 

Esse conhecimento é particularmente valioso em sistemas de rotação ou integração com culturas de cobertura.

Qual a importância no planejamento agrícola?

Esses conceitos têm ampla aplicação prática no manejo das lavouras. No caso do milho e da soja, a compreensão da temperatura basal e da exigência calórica auxilia na escolha de cultivares adaptadas ao clima local, além de melhorar a previsibilidade de produtividade. 

Essa previsibilidade é essencial para tomadas de decisão, como o escalonamento de plantio em grandes áreas e o manejo eficiente de insumos agrícolas.

Além disso, o uso desses parâmetros em plantas de cobertura permite o planejamento do melhor momento para o plantio. 

Essas plantas são importantes na conservação do solo e no controle de plantas daninhas, influenciando positivamente os sistemas de cultivo.

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Conclusão

O conhecimento detalhado sobre a exigência calórica e temperatura basal da soja e milho é essencial para o sucesso das práticas agrícolas. Esses parâmetros fornecem uma base científica para decisões estratégicas, promovendo um manejo mais eficiente. 

Investir em estudos e tecnologias que auxiliem na determinação precisa desses valores é um passo fundamental para garantir o aumento da produtividade e a estabilidade das lavouras frente às mudanças climáticas.

Sobre o Autor

Alasse Oliveira

Engenheiro Agrônomo, Mestre e Especialista em Produção Vegetal e, Doutorando em Fitotecnia (ESALQ/USP)

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