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Mancha-branca do milho: causa, sintomas e manejo

mancha-branca do milho

Sumário

A mancha-branca é um problema fitossanitário encontrado nos milharais de quase todo o Brasil desde a década de 1980! Conheça mais neste artigo sobre as causas, a epidemiologia, os sintomas e o manejo da doença!

A mancha-branca do milho ocorre no Brasil de forma generalizada há mais de 40 anos, atingindo o status de uma das doenças foliares mais importantes da cultura. 

Quando o manejo não é realizado de forma adequada, pode causar prejuízos ao produtor de milho, uma vez que reduz drasticamente a capacidade fotossintética da planta e, portanto, a produtividade da lavoura.

A doença é favorecida por condições de alta umidade, temperaturas amenas e pelo plantio de variedades suscetíveis. Esses fatores podem levar à rápida disseminação do complexo de patógenos causador da mancha-branca na lavoura, comprometendo o potencial produtivo do milho.

Para evitar maiores perdas, o manejo da doença de forma integrada é o melhor caminho a ser escolhido. Confira, neste artigo, o que você precisa saber sobre a mancha-branca para proteger o seu milharal!

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O que é a mancha-branca do milho? O que a causa?

Como abordado anteriormente, a mancha-branca, também chamada de pinta-branca, é uma das principais doenças foliares que acometem a cultura do milho ao longo da safra, ou safrinha, de cultivo. Trata-se de uma doença agressiva, capaz de afetar significativamente a produtividade do milharal. 

Presente nas principais regiões produtoras de milho no país, a mancha-branca é causada por um complexo de fitopatógenos em associação.  Foi inicialmente atribuída apenas ao fungo Phaeosphaeria maydis, sendo chamada até mesmo de mancha-de-Phaeosphaeria. Entretanto, estudos recentes indicam que múltiplos patógenos podem atuar conjuntamente, agravando a severidade da doença. 

A etiologia da mancha-branca envolve um complexo microbiano. Pesquisas indicam que é causada pela associação da bactéria Pantoea ananatis com fungos (Figura 1). Além de Phaeosphaeria maydis, podem estar envolvidos os fungos das espécies Cochliobolus heterostrophus, Epicoccum sorghinum, Glomerella graminicola, Sclerophthora sp. e Sporormiella sp.

Micrografia eletrônica da bactéria Pantoea ananatis que causa a mancha-branca do milho.

Figura 1. Micrografia eletrônica da bactéria Pantoea ananatis. Foto: Usuda, Y et al. (2022).

Alguns outros nomes de fungos, como Phyllosticta sp. e Phoma maydis, também são citados como integrantes do complexo microbiano causador da mancha-branca do milho. Isto se deve ao fato de que, no passado, com a escassez de ferramentas moleculares mais precisas, diferentes nomes foram atribuídos para o mesmo fungo, a depender da fase reprodutiva observada (sexuada ou assexuada). 

Atualmente, com o avanço da taxonomia, pode-se entender que tais fungos sejam formas assexuadas de isolados de Phaeosphaeria maydis. Parece complexo, e é! Contudo, muitos estudos e revisões taxonômicas ainda têm sido conduzidos para esclarecer a identidade e o papel dos diferentes microrganismos associados à mancha-branca do milho.

Confusão esclarecida, confira a seguir um pouco mais sobre a epidemiologia e sintomas da doença:

Epidemiologia da mancha-branca do milho

A epidemiologia da mancha-branca do milho investiga a disseminação do complexo microbiano na lavoura, o ciclo da doença, os fatores ambientais que a favorecem, e as interações entre a planta, os patógenos e o ambiente.

O desenvolvimento da mancha-branca é favorecido por condições de umidade relativa do ar acima de 60% e de temperaturas amenas (18 a 26 °C), principalmente à noite, por volta de 14 ºC, com formação de orvalho. Isto explica o porquê de a doença ser mais comum no cultivo do milho safrinha (ou de segunda safra): é cultivado em condições climáticas favoráveis à mancha-branca.

Outros fatores ambientais que favorecem a doença são: presença de tigueras e restos culturais que podem hospedar a bactéria P. ananatis e os fungos associados; semeaduras tardias, uma vez que o florescimento da cultura (fase mais suscetível ao ataque dos patógenos) pode coincidir com a ocorrência das condições climáticas citadas acima, agravando a severidade da doença; plantio de híbridos suscetíveis; e chuvas frequentes e ventos que podem auxiliar na dispersão dos patógenos.

Sintomas da mancha-branca do milho

Os sintomas da mancha-branca são inicialmente observados durante o estágio fenológico V9 das plantas, e se tornam facilmente detectáveis após o pendoamento do milho. 

Para identificar a doença na lavoura é importante se atentar às manchas presentes nas folhas, e que concentram se primeiramente nas folhas inferiores da planta. As lesões são inicialmente circulares, com coloração verde-clara e aspecto aquoso. Após poucos dias, essas lesões se tornam necróticas e assumem coloração palha com bordas mais escuras. Atacam a ponta da folha, em direção à base (Figura 2).

Sintomas da mancha-branca em folha de milho.

Figura 2. Sintomas da mancha-branca em folha de milho. Fonte: Revista Campo & Negócios.

Com o avanço da doença, as folhas superiores são também acometidas e há a coalescência de lesões, ou seja, estas se fundem, podendo levar à morte total da folha. Em plantas sob ataque severo, é possível observar sintomas na palha das espigas.

A mancha-branca também pode afetar o processo de enchimento de grãos e ocasionar a seca prematura da planta, reduzindo o ciclo da cultura e o tamanho e peso dos grãos. 

Os sintomas podem evoluir rapidamente quando os híbridos de milho cultivados são suscetíveis, na presença de condições ambientais favoráveis e na ausência de manejo preventivo da doença. 

De acordo com a Embrapa, a mancha-branca é capaz de reduzir a produtividade do milho em até 60%. Em cultivares suscetíveis com 10 a 20% de severidade, a taxa fotossintética líquida pode ser reduzida em torno de 40%, afetando drasticamente a produção de grãos.

Confira a seguir como manejar essa doença tão agressiva e minimizar perdas:

Manejo da mancha-branca no milharal

O manejo da mancha-branca no milharal deve ser realizado de forma integrada, com foco no manejo preventivo e boas práticas agronômicas. Algumas estratégias de controle que reduzem o impacto da doença são:

  • Tratos culturais como a rotação de culturas, a semeadura antecipada e o manejo de palhada e tigueras;
  • Plantio de híbridos de milho tolerantes à mancha-branca;
  • Pulverização preventiva de fungicidas protetores (de contato) e;
  • Pulverização de fungicidas curativos (sistêmicos) para conter o avanço da doença quando esta já foi constatada na lavoura. 

É válido salientar que, considerando o curto prazo entre a identificação da doença e evolução dos sintomas, o manejo preventivo possui maior eficácia para proteger o milharal da mancha-branca. Constatou-se uma maior eficiência de controle quando a pulverização de fungicidas foi posicionada no início do desenvolvimento dos sintomas. Quando realizadas fora do momento ideal de controle, as aplicações de fungicidas apresentam baixa eficiência.

Dessa forma, devem ser realizados monitoramentos periódicos do milharal para identificar a doença ainda nos estágios iniciais, constatar a distribuição dos sintomas e quantificar a área afetada. Lembre-se de que o correto diagnóstico da mancha-branca e as informações coletadas durante o monitoramento da lavoura e das condições climáticas são cruciais para um manejo assertivo da doença.

E não podemos nos esquecer da importância da rotação de princípios ativos (ou ingredientes ativos), evitando a seleção de fitopatógenos resistentes aos fungicidas disponíveis para o controle da doença. Além disso, é fundamental seguir as recomendações técnicas dos produtos no momento da aplicação, atentando-se à dose utilizada, ao modo e à época de aplicação do defensivo agrícola.

Segundo a plataforma do AGROFIT, existem mais de 170 produtos disponíveis para o controle da mancha-branca do milho no Brasil. Alguns fungicidas protetores disponíveis são: clorotalonil, mancozebe e fluazinam. Já os principais fungicidas sistêmicos utilizados são os pertencentes aos grupos químicos das carboxamidas, dos triazois e das estrobilurinas.

Existem também produtos biológicos utilizados para o controle da mancha-branca do milho. Como exemplo temos os isolados da bactéria Bacillus velezensis (CBMAI 1301 e CBMAI 1304) que podem ser utilizados no tratamento de sementes, inoculados no solo ou pulverizados sobre as folhas. Esses isolados bacterianos produzem compostos antifúngicos, competem por espaço e nutrientes da planta, contribuem para a Indução de Resistência Sistêmica (ISR) e ainda são promotores de crescimento de plantas. São muitas vantagens!

Indutores de resistência voltados ao controle da mancha-branca também estão disponíveis no mercado. O Flg22-Bt, por exemplo, é um peptídeo derivado de uma sequência específica da flagelina (proteína presente em bactérias) capaz de desencadear respostas imunológicas inatas em plantas, fortalecendo suas defesas contra fitopatógenos.  

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Conclusão

A mancha-branca é um problema recorrente enfrentado por produtores de milho no Brasil e seu manejo eficiente requer uma abordagem integrada, aliada ao conhecimento da epidemiologia da doença e do monitoramento das condições climáticas. Assim, é possível entender o progresso dos danos à cultura e posicionar as estratégias de controle assertivamente a fim de reduzir os danos causados pela doença.

Sobre o Autor

Gabryele Silva Ramos

Engenheira Agrônoma (UFV), Mestre em Proteção de Plantas (UNESP/Botucatu),  MBA em Marketing (USP/Esalq) e Doutoranda em Entomologia (Esalq/USP)

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