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O que são bioherbicidas?

engenheira agrônoma testando bioherbicidas na lavoura

Sumário

Descubra como os bioherbicidas funcionam para controlar plantas daninhas de forma natural, utilizando mecanismos como inibição do crescimento, compostos fitotóxicos e competição biológica.

O manejo de plantas daninhas é um dos desafios mais significativos da agricultura moderna, especialmente no Brasil, onde as condições climáticas favorecem o desenvolvimento acelerado dessas espécies indesejadas

Estudos indicam que essas plantas podem interferir em até 50% da produtividade agrícola em culturas como soja, milho, cana-de-açúcar, café e algodão, causando prejuízos expressivos. 

Na soja, por exemplo, as perdas podem ultrapassar 30%, enquanto no milho variam entre 20 e 35%, dependendo do grau de infestação e manejo empregado. 

Diante dessa realidade, a utilização de métodos inovadores, como os bioherbicidas, oferece alternativas práticas para lidar com essas adversidades, promovendo maior equilíbrio entre eficiência agrícola e preservação ambiental.

Vamos entender mais sobre eles?

Boa leitura!

Qual o conceito de bioherbicidas?

Os bioherbicidas são compostos biológicos ou derivados naturais empregados para interferir no ciclo de desenvolvimento das plantas daninhas

Produzidos a partir de micro-organismos, extratos vegetais ou compostos orgânicos, atuam de forma direta sobre processos vitais das plantas-alvo, como germinação, crescimento inicial e desenvolvimento. 

Diferentemente dos produtos químicos sintéticos, que possuem formulações industriais, os bioherbicidas apresentam mecanismos de ação que interagem de forma mais específica com as plantas indesejadas.

Engenheira-agrônoma analisando impacto dos Bioherbicidas em vitro

Engenheira-agrônoma analisando impacto dos Bioherbicidas em vitro. Fonte: Canva

Seu uso é parte de uma transição em sistemas produtivos que priorizam a preservação dos recursos naturais e a convivência harmoniosa entre a produção agrícola e o ambiente.

Qual a função de um herbicida?

Os herbicidas têm como principal função reduzir a competição entre as plantas daninhas e as culturas agrícolas. 

Ao eliminarem espécies que consomem luz, água e nutrientes essenciais para o desenvolvimento das lavouras, ajudam a evitar impactos negativos na produtividade e na qualidade dos produtos agrícolas.

Embora os herbicidas químicos sejam amplamente utilizados, eles enfrentam desafios como o aumento da resistência de plantas daninhas. 

Nesse contexto, os bioherbicidas apresentam um mecanismo de atuação diferenciado, permitindo que se mantenha o equilíbrio nos sistemas de cultivo, sem depender exclusivamente de compostos sintéticos.

Características dos bioherbicidas

Os bioherbicidas possuem características distintas, que os diferenciam dos herbicidas sintéticos. 

Entre elas, destacam-se:

  • Origem natural: derivados de fontes biológicas, como fungos, bactérias e extratos vegetais;
  • Especificidade: direcionados a grupos específicos de plantas daninhas, minimizando o impacto sobre culturas agrícolas e organismos benéficos;
  • Degradação no ambiente: menor persistência no solo em comparação com produtos químicos sintéticos;
  • Interação ecológica favorável: apresentam menor risco de danos para organismos do solo, insetos e outros componentes do ecossistema;
  • Flexibilidade na aplicação: podem ser usados isoladamente ou combinados com práticas agrícolas que considerem as necessidades locais.
Alicerce e pilares que sustentam o Manejo Integrado de Pragas.

Figura 2 – Manejo integrado de plantas daninhas. Fonte: CHBAGRO

Essas características tornam os bioherbicidas uma opção com menor impacto ambiental e maior adaptação às demandas dos sistemas produtivos.

Como os bioherbicidas funcionam?

Os bioherbicidas atuam por meio de diferentes mecanismos para interferir no desenvolvimento das plantas daninhas. 

Cada mecanismo é direcionado para reduzir a competição dessas plantas com as culturas agrícolas, utilizando agentes biológicos ou compostos naturais. 

Entre os principais modos de ação estão:

  1. Inibição do desenvolvimento: algumas formulações contêm substâncias naturais que interferem nos processos de germinação e crescimento das plantas daninhas, impedindo que elas se desenvolvam e utilizem recursos como luz, água e nutrientes.
  2. Produção de compostos fitotóxicos: certos microrganismos presentes nos bioherbicidas produzem metabólitos tóxicos que afetam diretamente as plantas-alvo, danificando seus tecidos e inviabilizando seu crescimento. Esse processo ocorre sem impactos negativos no solo ou em outras plantas próximas.
  3. Parasitismo direto: fungos e bactérias específicos presentes em alguns bioherbicidas parasitam as plantas daninhas, degradando seus tecidos e limitando sua capacidade de competir com as culturas agrícolas.
  4. Favorecimento da competição biológica: alguns bioherbicidas estimulam o desenvolvimento de microrganismos benéficos que ocupam o espaço e consomem os mesmos recursos das plantas daninhas, dificultando seu estabelecimento e crescimento.

Como os bioherbicidas podem ser utilizados?

Os bioherbicidas podem ser integrados a diversos contextos produtivos, variando de acordo com o perfil das plantas daninhas e as características do cultivo

Por sua versatilidade, é possível aplicá-los tanto em áreas extensivas quanto em pequenas propriedades, adaptando a formulação às condições locais. 

Além disso, sua composição natural permite combinações com outras práticas de manejo, criando sistemas agrícolas mais balanceados.

Classificação dos bioherbicidas

Os bioherbicidas podem ser organizados em categorias, considerando sua origem e composição. Entre as principais estão:

  1. Microbiológicos: compostos por micro-organismos vivos, como fungos, bactérias ou vírus, que produzem substâncias tóxicas específicas para plantas daninhas. Um exemplo é o Phytophthora palmivora, aplicado em áreas de cultivo tropical.
  2. Botânicos: derivados de extratos vegetais, óleos essenciais ou compostos naturais com propriedades herbicidas. O óleo de citronela e os extratos de alecrim são amplamente reconhecidos neste grupo.
  3. Químicos naturais: compostos extraídos de plantas, como alcaloides ou ácidos orgânicos, que apresentam ação direta sobre o metabolismo das plantas daninhas.
  4. Metabólitos secundários: substâncias produzidas por micro-organismos em processos biológicos, capazes de afetar o crescimento de espécies vegetais indesejadas.

Qual a diferença entre bioherbicidas e herbicidas químicos?

Os bioherbicidas possuem características distintas quando comparados aos herbicidas químicos convencionais. A tabela abaixo resume essas diferenças:

CaracterísticaBioherbicidasHerbicidas Químicos
OrigemNaturalSintética
Persistência no soloMenorMaior
Impacto no ecossistemaReduzidoElevado
Modo de atuaçãoEspecíficoVariável

Fonte: adaptado de vários autores (2024).

Essa comparação evidencia como os bioherbicidas podem contribuir para sistemas agrícolas mais equilibrados, mesmo diante das exigências de alta produtividade.

Produtor rural aplicando defensivos agrícolas

Figura 3 – Manejo de plantas daninhas no Brasil. Fonte: Canva

Inovações para o futuro

A utilização de bioherbicidas tem evoluído rapidamente, com avanços tecnológicos permitindo o desenvolvimento de soluções mais direcionadas e adaptáveis. 

Entre as inovações mais recentes, destacam-se:

  • Engenharia genética: desenvolvimento de micro-organismos que produzem compostos herbicidas com maior especificidade;
  • Tecnologias de aplicação: utilização de nanotecnologia para melhorar a eficiência na liberação e absorção dos compostos ativos;
  • Sistemas digitais: uso de inteligência artificial para identificar áreas de aplicação e prever a eficiência dos bioherbicidas com base em dados climáticos e de solo.

Esses avanços tornam os bioherbicidas cada vez mais aplicáveis em sistemas produtivos variados, oferecendo soluções ajustadas às demandas específicas das culturas e dos ecossistemas locais.

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Conclusão

Os bioherbicidas destacam-se como uma solução inovadora e estratégica no manejo de plantas daninhas, oferecendo uma alternativa que une tecnologia, ciência e respeito ao meio ambiente. 

Ao empregarem compostos naturais e biológicos, esses produtos não apenas controlam espécies indesejadas, mas também preservam a qualidade do solo, a biodiversidade local e a saúde dos ecossistemas agrícolas.

Sua utilização é especialmente relevante em um momento em que a agricultura enfrenta desafios como o aumento da resistência das plantas daninhas a herbicidas químicos, a pressão por práticas mais conscientes e a necessidade de atender a mercados que valorizam produtos obtidos com menor impacto ambiental. 

Além disso, os bioherbicidas permitem maior flexibilidade no manejo, podendo ser integrados a sistemas produtivos diversos, desde grandes lavouras até propriedades de menor escala.

À medida que as tecnologias avançam e novos estudos expandem o conhecimento sobre os mecanismos de ação desses produtos, os bioherbicidas tornam-se cada vez mais acessíveis e aplicáveis.

Sobre o Autor

Alasse Oliveira

Engenheiro Agrônomo, Mestre e Especialista em Produção Vegetal e, Doutorando em Fitotecnia (ESALQ/USP)

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