Culturas de verão: veja os produtos mais indicados para sua produção
Sumário
Neste artigo iremos informar sobre as principais culturas de verão, as práticas de cultivo e os produtos mais utilizados para sua produção.
O Brasil tem seu papel de destaque no cenário agrícola mundial e uma das principais razões para esse sucesso é a capacidade de se fazer, em grande parte das áreas agricultáveis, 2 safras em um ano agrícola: a safra de verão e a safrinha.
Porém, esse tipo de técnica agrícola necessita de alto controle de vários fatores que afetam o rendimento das culturas, como pragas, doenças e plantas daninhas, além de técnicas que permitam um encurtamento do ciclo de algumas culturas.
O bom uso dos principais produtos indicados para as culturas de verão é crucial para o sucesso da safra e para a viabilidade da safrinha.
Ao longo desse texto traremos informações sobre a escolha das principais culturas de verão, os produtos indicados para sua produção e como eles propiciam bons rendimentos para o agricultor e para as lavouras.
Produtos mais indicados para as culturas de verão
Os principais produtos utilizados na safra de verão estão relacionados ao controle de condições de cultivo ideais para as culturas de verão. Os principais são os herbicidas, para controle de plantas daninhas e dessecação de culturas; os inseticidas, para controle de pragas e os fungicidas para controle de doenças.
Em termos do volume utilizado, as culturas com maior uso são: a soja (49% do total), milho (12%), cana-de-açúcar (11%) e algodão (8%). A divisão por estados tem o MT (24%) na liderança, seguido por RS, SC e PR (12% cada), São Paulo (11%), região do Matopiba (10%), Goiás/DF (9%), MG (8%) e Mato Grosso do Sul (8%).
Produtos mais utilizados na safra 2021/22 no Brasil (Fonte: Sindiveg)
Herbicidas
Os herbicidas são utilizados para o controle de plantas daninhas nas culturas, diminuindo a competição por luz, água e nutrientes. Eles respondem por cerca de 47% do volume de todos os produtos aplicados nas culturas agrícolas e cerca de 28% do custo total com defensivos.
As moléculas mais utilizadas para o controle de plantas daninhas são o Glifosato, o 2,4-D e a Atrazina. O Glifosato é o mais utilizado, com mais de 4 vezes o volume utilizado em comparação ao 2,4-D. Isso se deve principalmente pelo uso de plantas transgênicas resistentes a seu efeito nas principais culturas da safra, como soja, milho e algodão.
Porém, o Glifosato vem perdendo poder de controle nos últimos anos, sendo cada vez mais comum sua mistura a outros herbicidas. Normalmente o Glifosato atua em plantas com folhas largas e estreitas, enquanto o 2,4-D e a Atrazina atuam em plantas de folhas largas.
Além do uso como controle de plantas daninhas, os herbicidas também são usados para a dessecação de culturas agrícolas, encurtando seu ciclo e homogeneizando suas características ao final da safra, facilitando a colheita. As moléculas mais utilizadas são o Diquat, o Glufosinato de amônio, o Saflufenacil e o Glifosato.
Fungicidas
Os fungicidas atuam no controle de fungos patogênicos que causam danos às culturas agrícolas. Existem diversas moléculas e princípios de ação e suas recomendações vão de acordo com a pressão de doenças e as épocas do ciclo.
Fungicidas respondem por cerca de 21% do total de produtos aplicados no Brasil, mas correspondem a cerca de 30% dos gastos totais com defensivos. Eles apresentam 3 efeitos principais: preventivo, atua antes da entrada do fungo na planta; curativo, atua após a entrada do fungo na planta, mas ainda sem mostrar sintomas; erradicante, atua após a presença de sintomas na planta.
Os fungicidas normalmente são classificados como de contato ou sistêmicos, sendo que os sistêmicos são absorvidos e transportados na planta, agindo no controle de fungos em partes da planta onde sua aplicação não teve contato direto.
Existem ao redor de 90 princípios ativos fungicidas regulamentados no Brasil. Existem fungicidas inorgânicos, à base de enxofre e cobre, e os orgânicos, com diversos princípios ativos. Os principais grupos químicos utilizados no Brasil são: benzimidazóis, carboxamidas, triazóis, estrobilurinas, ditiocarbamatos, imidiazóis etc.
Inseticidas
Os inseticidas atuam no controle de insetos que afetam o rendimento de plantas por meios diretos e indiretos. Os inseticidas representam cerca de 21% do total de volume usado de defensivos e cerca de 28% do custo dos produtores.
Os inseticidas podem atuar em diversos partes do ciclo do inseto, desde os ovos, passando pelas larvas, chegando na fase adulta. Eles apresentam diversos modos de ação, como: contato direto, contato secundário, ingestão, repelente e fumigante.
Os principais grupos químicos de fungicidas utilizados no Brasil são: neocotinóides, diamidas, organofosforados, piretróides, carbamatos etc.
O uso de inseticidas normalmente é bastante criticado pelo potencial dano a outras espécies de insetos benéficos. Dessa forma, o uso de inimigos naturais e do manejo integrado de pragas tem crescido fortemente no Brasil.
Outros produtos
Além dos herbicidas, fungicidas e inseticidas, existem outros produtos de importância nas culturas de verão no Brasil. O uso de óleos naturais e adjuvantes são bastante importantes para a tecnologia de aplicação e o aumento da eficiência de uso dos produtos acima citados.
Além disso, existem produtos classificados como reguladores de crescimento, normalmente à base de hormônios vegetais que auxiliam no crescimento de plantas e na eficiência de processos como tolerância a estresses bióticos e abióticos.
Considerando que o uso de agroquímicos pode ser uma das alternativas para o controle das doenças nas plantas, para auxiliar os responsáveis técnicos na recomendação e aplicação dosprodutos para as culturas do verão, disponibilizamos um Ebook grátis: Como planejar o uso de defensivos agrícolas. Baixe e aproveite as dicas:
Culturas prioritárias da safra de verão
Há diferença entre os produtos agrícolas plantados na safra e na safrinha, sendo que isso se deve, principalmente: à duração do ciclo, ao requerimento de chuvas e temperatura, ao valor econômico etc.
Para os grãos, as principais culturas utilizadas na safra são: soja, milho, algodão e arroz. A soja corresponde a mais de 60% da área plantada no país, sendo a principal cultura da safra no país todo. O plantio normalmente ocorre entre outubro e dezembro para essas culturas e a colheita entre fevereiro e abril.
O milho e o algodão aparecem com áreas importantes na safra, mas também aparecem em safrinha, após a soja. Para o milho, a safrinha já alcança área muito maior que a safra, com uma área de safrinha de 3 a 4 vezes maior que a da safra.
Em termos de outras culturas, o café, por ser perene, está presente na safra, assim como a cana-de-açúcar.
Qual a cultura de verão com maior potencial de rentabilidade?
O retorno sobre o investimento das culturas agrícolas é bastante variável por diversos fatores: custo de fertilizantes e defensivos agrícolas cotados em dólar, riscos climáticos, pressão de pragas e doenças e incertezas da produtividade.
Além disso, esse valor varia muito nas diversas regiões produtivas do país, sendo que o custo de produção por hectare não é o mesmo no MT e no PR, por exemplo. Isso se deve, principalmente, à necessidade de aplicações de defensivos por pressões diferentes de pragas e patógenos ao longo do ciclo, além da diferença de potencial produtivo das regiões brasileiras.
Mesmo assim, estima-se que, entre as 3 maiores culturas de safra do Brasil, soja, milho e algodão, a maior rentabilidade esteja na soja, seguida do algodão e milho. Porém, há a previsão de queda do retorno econômico dessas culturas para a safra 2022/23.
Essa variação pode ser vista nos resultados da soja que na safra 2020/21 teve lucratividade de cerca de 67%, porém, na safra de 2022/23 tem estimativa de lucro de cerca de 40%, um valor bem mais realista se comparado ao histórico. Essa variação ocorre principalmente pela alta nos custos de produção, mesmo com o valor de venda do produto tendo subido nos últimos anos.
Indicadores de rentabilidade de culturas agrícolas na safra verão (Fonte: CONAB)
Conclusão
A safra brasileira é a época de maior produtividade das culturas agrícolas nacionais, puxadas principalmente pela soja e seguidas pelo algodão e milho, nos grãos, além da cana e do café.
O sucesso da safra é devido às boas condições climáticas para o desenvolvimento das culturas, porém o bom manejo das lavouras é crucial para maior rentabilidade. Por isso, é muito importante conhecer os principais produtos aplicados nas culturas de verão e sua participação nos custos.
Além disso, a safra verão precisa ser bem executada e planejada para viabilizar a entrada da safrinha o quanto antes, evitando perdas ao final do ciclo das culturas de safrinha, principalmente o milho, por condições como falta de chuva.
Dessa forma, um bom conhecimento e assertividade na recomendação de produtos indicados para as culturas de verão é crucial para o sucesso do investimento e maior retorno em lucratividade.
Sobre o Autor
João Paulo Pennacchi
Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal de Lavras e Doutor em Fisiologia de Plantas pela Lancaster University.
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