Fatores ambientais que influenciam na seletividade de herbicidas
Sumário
Seletividade de herbicidas: fatores relacionados ao ambiente, textura do solo, água disponível no solo e as condições ambientais.
Nos textos anteriores você viu sobre os fatores que afetam a seletividade dos herbicidas. A seletividade de herbicidas depende de fatores relacionados a planta (cultura), ao herbicida e ao ambiente.
No texto de hoje vamos ver os fatores relacionados ao ambiente.
Seletividade de herbicidas e fatores ambientais
A seletividade de herbicidas depende também de fatores ambientais.
Nos fatores ambientais que influenciam na seletividade de herbicidas tem-se a textura do solo, a quantidade de água disponível e as condições ambientais no momento da aplicação, como temperatura e umidade relativa do ar.
Vamos ver como esses fatores podem influenciar direta ou indiretamente na seletividade de herbicidas.
Sintomas de herbicida de contato inibidor do fotossistema I (FSI) não seletivo. Foto: Ana Ligia Giraldeli.
Seletividade de herbicidas e a textura do solo
A textura do solo também interfere na seletividade de herbicidas.
Um herbicida aplicado em solo arenoso e argiloso, na mesma dose, pode causar mais injúrias na cultura em solo arenoso. Isso porque o solo argiloso tem maior quantidade de argila que o solo arenoso.
A maior quantidade de argila aumenta a sorção do herbicida, ou seja, o herbicida fica mais retido aos coloides do solo. No solo arenoso, a menor quantidade de argila reduz a sorção do herbicida ao solo, permanecendo mais produto na solução do solo.
Por ter maior quantidade de herbicida disponível na solução do solo, as plantas podem acabar absorvendo maior quantidade.
Portanto, se você observar a recomendação de herbicidas pré-emergentes, que tem como alvo o solo, você verá que as doses recomendadas são diferentes.
Essas doses variam de acordo com a textura do solo, mas também devem considerar a quantidade de matéria orgânica, pois para alguns herbicidas o teor de matéria orgânica influencia mais do que a argila.
Sintomas de herbicida mimetizador de auxina não seletivo para culturas eudicotiledôneas (folhas largas). Foto: Ana Ligia Giraldeli.
Seletividade de herbicidas e a água disponível no solo
Os herbicidas pré-emergentes precisam de água disponível no solo para serem ativados. A água é responsável pela movimentação das moléculas no solo.
O movimento do herbicida no solo também depende da textura do solo e das características do herbicida, como solubilidade em água (Sw) e coeficiente de sorção (Kd) e coeficiente de sorção normalizado para carbono orgânico (Koc).
Em solos arenosos a água favorece a movimentação do herbicida e o contato do herbicida com as raízes das plantas e, ainda a lixiviação do produto.
Um herbicida pré-emergente deve ficar disponível na camada de solo onde estão a maior parte dos propágulos de plantas daninhas, ou seja, no primeiros 10 a 15 centímetros, caso ele lixivie para camadas mais profundas estaremos perdendo produto.
A solubilidade do herbicida em água está relacionada à lixiviação do produto. Herbicidas mais solúveis em água tem maior chance de lixiviar, por isso a dose recomendada também depende da textura do solo. Herbicidas menos solúveis em água ficam concentrados na superfície do solo por causa do movimento ascendente da água no solo.
Em solos argilosos, a água e o herbicida ficam retidos pelos coloides, o que reduz a movimentação do herbicida (lixiviação ou concentração na superfície).
A concentração ou a lixiviação no solo podem afetar a seletividade por posição no espaço, pois nesse caso o herbicida acaba atingindo as raízes da cultura.
Por isso, para alguns herbicidas você não verá a recomendação para solos de textura arenosa, pois há o risco de lixiviação.
Sintomas de herbicida inibidor da enzima acetolactato sintase (ALS) não seletivo para a cultura do milho. Foto: Ana Ligia Giraldeli.
Seletividade e os fatores ambientais
A seletividade de herbicidas pode ser influenciada pela temperatura, umidade relativa do ar, nebulosidade e velocidade dos ventos.
A temperatura influencia indiretamente na seletividade de herbicidas por meio do metabolismo, processos de germinação e crescimento das plantas.
Em baixas temperaturas o crescimento das plantas é lento ou paralisado, o que dificulta a absorção do herbicida, o que pode resultar em seletividade para a cultura, mas uma menor eficácia no controle de plantas daninhas.
Temperaturas altas e baixa umidade relativa do ar dificultam que o herbicida chegue ao alvo devido a processos de evaporação, fotodecomposição e fechamento dos estômatos.
A elevada umidade relativa do ar reduz o tempo de contato das gotículas pulverizadas sobre as folhas, o que reduz a absorção.
Em elevadas temperaturas e baixa umidade relativa do ar a gotícula pulverizada (água + ingrediente ativo) pode cristalizar na superfície da folha devido a evaporação da água de forma muito rápida, o que reduz muito a absorção do herbicida.
Ventos acima de 10 km/h reduzem o contato da gota pulverizada com o alvo, podendo acontecer à deriva do herbicida, que ocorre quando atinge um alvo que não era o desejado.
A deriva de herbicida é muito problemática, pois ao atingir outra cultura o herbicida pode não ser seletivo a ela e causar a perda de produção.
A ocorrência de chuva após a aplicação do herbicida pode lavar o produto das folhas, reduzindo a absorção.
Deriva e evaporação após a aplicação. Fonte: Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF), 2010.
Na aplicação de herbicidas a temperatura, o vento e a umidade relativa do ar vão influenciar na quantidade de ingrediente ativo que chega ao alvo.
O ideal para aplicação de defensivos é quando o vento está entre 3,2 a 6,5 km/h, ou seja, uma brisa leve.
Ventos acima de 10 km/h devem ser evitados para aplicação de herbicidas, pois pode ocorrer a deriva do produto.
Como a AgroReceita pode te ajudar na prescrição dos herbicidas?
A AgroReceita é uma plataforma de inteligência agronômica que disponibiliza um banco de dados das bulas dos herbicidas, em constante atualização, conforme as alterações do MAPA, desempenhando um papel essencial na aplicação correta dos produtos químicos.
Com preenchimento semi-automático dos campos, a plataforma simplifica a emissão do receituário agronômico, disponibilizando:
- todas as frases de modalidade e época de aplicação;
- dosagem recomendada;
- volume de calda;
- cálculo da área a tratar;
- listagem dos produtos mais recomendados, aptos ou não aptos por estados para o controle de pragas; doenças e plantas daninhas das culturas.
Assim o processo se torna mais eficiente, reduzindo erros no momento da prescrição dos defensivos agrícolas.
Preencha o formulário abaixo, teste grátis por 14 dias e descomplique já a prescrição dos defensivos agrícolas:
Conclusão
A seletividade de herbicidas depende de diversos fatores, entre eles as condições edafoclimáticas.
Fatores como a textura do solo influenciam na dose de herbicida recomendada.
O teor de matéria orgânica no solo também influencia a sorção de herbicidas e a disponibilidade às plantas.
A água disponível no solo afeta a quantidade de herbicida que estará na solução do solo e, portanto, a quantidade disponível para ser absorvido pelas plantas.
Altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar afetam a deposição correta da calda pulverizada.
Ventos fortes podem causar deriva do herbicida e prejudicar culturas vizinhas.
Sobre o Autor
Ana Lígia Giraldeli
Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar), Doutora em Fitotecnia (Esalq-USP) e especialista em Agronegócios.
Leia também:
Se inscreva em nossa newsletter.