Como fazer o manejo de plantas daninhas no sistema soja-milho?

plantas daninhas no sistema soja-milho

Controle de plantas daninhas no sistema de produção soja-milho: quais estratégias podemos adotar para reduzir a infestação de plantas daninhas na área.

Diversas plantas daninhas interferem nas culturas de soja e milho, como a buva, capim-amargoso, picão-preto, leiteiro, capim-pé-de-galinha, entre outras.

Já vimos sobre as principais espécies de plantas daninhas nas lavouras de soja e milho, mas também é importante pensarmos no manejo dessas espécies no sistema soja-milho. Quando pensamos no manejo de plantas daninhas no sistema passamos a pensar no controle a longo prazo das espécies presentes na área. Muitas espécies de plantas daninhas aparecem tanto na soja, como no milho, e, portanto, temos mais de uma oportunidade de manejá-las.

Além disso, os diferentes métodos de controle usados e diferentes mecanismos de ação usados de acordo com cada cultura, ajudam a reduzir a seleção de biótipos de plantas daninhas resistentes a herbicidas.

No texto de hoje vamos ver quais estratégias para fazer o manejo das plantas daninhas na sucessão soja-milho.

Área com alta infestação de buva e rubim

Área com alta infestação de buva e rubim. Foto: Ana Ligia Giraldeli.

Manejo de plantas daninhas na sucessão soja-milho

Geralmente, temos a soja sendo cultivada no verão e, em sucessão, temos o milho segunda safra.

Os manejos que fazemos na cultura da soja podem ajudar ou piorar a situação com as plantas daninhas na cultura do milho.

Na cultura da soja e do milho teremos alguns possíveis momentos para fazer o controle das plantas daninhas:

  • dessecação pré-semeadura;
  • pré-emergência;
  • pós-emergência;
  • dessecação da soja;
  • entressafra.

Na dessecação pré-semeadura da soja é importante nos atentarmos principalmente às plantas que vieram após a colheita do milho e ficaram durante a entressafra no campo.

Algumas das principais espécies que aparecem quando o milho começa a secar são a buva, a trapoeraba e a poaia-branca, além de outras de acordo com a sua região.

O ideal é que durante esse período de entressafra o solo esteja coberto com uma cultura de cobertura verde ou com palha.

No caso de culturas, em alguns lugares é possível realizar a terceira safra, o que garante que o solo fique coberto por mais tempo.

Por exemplo, em alguns lugares é possível fazer soja-milho-trigo.

Entretanto, é preciso muito planejamento para termos três safras no ano, com soja, milho e uma cultura de inverno, pois é preciso estar tudo preparado para a semeadura na época correta.

Também será preciso que tenha umidade no solo, pois sem umidade a semente não irá iniciar o processo de germinação, ou então, caso não venha a chover depois ela interrompe o processo germinativo e acaba se deteriorando e morrendo.

Por isso, as condições ambientais para quem planeja fazer três safras é tão importante quanto a escolha das cultivares mais adequadas.

Palha de trigo deixada sobre o solo mostrando baixa infestação de plantas daninhas.

Palha de trigo deixada sobre o solo mostrando baixa infestação de plantas daninhas.  Foto: Ana Ligia Giraldeli.

Voltando a dessecação pré-semeadura, caso haja plantas daninhas na área será preciso realizar a dessecação única ou sequencial, essa segunda é necessária quando as plantas na área estiverem maiores.

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A dessecação pré-semeadura geralmente envolve uma primeira aplicação com herbicidas sistêmicos e uma segunda aplicação com herbicida de contato + herbicida residual.

Na segunda aplicação é importante que haja folhas para que o herbicida de contato seja absorvido. Para usar o herbicida residual nessa segunda aplicação é importante que não haja alta infestação, pois o objetivo aqui é que o herbicida chegue ao solo, onde terá sua ação sobre o banco de sementes.

Nesse momento, caso você tenha feito uma planta de cobertura, também será preciso dessecá-la para formação da palha, geralmente é usado o herbicida glifosato

Porém, quando vamos para a dessecação pré-semeadura do milho, às vezes esse intervalo é muito curto e, não teremos tempo para a dessecação sequencial, já que o tempo entre a colheita da soja e a semeadura do milho é mais curta.

Algumas opções são as usadas na dessecação da soja como o diquat, glufosinate, carfentrazone, flumioxazin e diquat + amicarbazone.

É importante lembrar que a dessecação pré-semeadura precisa ser bem-feita, para que não haja competição inicial entre as plantas cultivadas e as plantas daninhas.

O plantio no limpo favorece a cultura e ajuda ela a se estabelecer mais rápido.

Milho semeado no limpo após dessecação pré-semeadura

Milho semeado no limpo após dessecação pré-semeadura e uso de herbicida pré-emergente. Foto: Ana Ligia Giraldeli.

Uso dos herbicidas pré-emergentes no sistema soja-milho

Os herbicidas pré-emergentes terão papel fundamental nesse sistema, pois eles ajudarão no controle das plantas daninhas do banco de sementes do solo.

Tanto na soja, como no milho será preciso pensar em herbicidas direcionados às principais espécies de plantas daninhas presentes na área, para que haja redução nos fluxos de emergência.

Também será preciso escolher herbicidas que permaneçam agindo apenas enquanto a cultura está no campo, para que não haja problemas com carryover.

O ideal é que eles tenham ação até o final do período crítico de prevenção à interferência (PCPI) da cultura.

O uso de pré-emergentes tanto na soja como no milho possibilita utilizar diferentes mecanismos de ação e, são muito importantes para o manejo de gramíneas, como capim-amargoso e capim-pé-de-galinha.

Solo com muitas sementes de capim-amargoso.

Solo com muitas sementes de capim-amargoso. Foto: Ana Ligia Giraldeli.

Uso da atrazina no sistema de produção soja-milho

A atrazina é um herbicida inibidor do Fotossistema II (FSII), que tem ação pré e pós-emergência inicial das plantas daninhas.

O seu uso é direcionado à cultura do milho, para o controle das principais espécies de plantas daninhas que aparecem na pós-emergência do milho, além de ser uma boa opção para controle de soja tiguera.

O uso de doses cheias (de bula) de atrazina na cultura do milho irá ajudar no controle da buva na próxima cultura, no caso a soja.

Soja semeada

Soja semeada no limpo com herbicida pré-emergente e soja semeada sem uso de herbicida pré-emergente mostrando alta infestação inicial de plantas daninhas. Fotos: Ana Ligia Giraldeli.

Consórcio de milho com braquiária no manejo de plantas daninhas no sistema soja-milho

O consórcio de milho com braquiária é uma ótima opção para quem deseja deixar uma cobertura no solo após a colheita do milho.

Além disso, a braquiária na entrelinha do milho reduz a infestação de plantas daninhas na área e, consequentemente, na soja em sucessão.

No consórcio são utilizadas espécies de braquiária, como a Urochloa decumbens, U. brizantha ou U. ruziziensis

O objetivo é fazer com que a braquiária cubra a entrelinha do milho sem que haja competição. Para isso, às vezes será necessário fazer a supressão da braquiária com herbicidas como o nicosulfuron, tembotrione ou mesotrione.

Lembrando que devemos esperar sete dias entre a aplicação de nicosulfuron e a adubação nitrogenada, para que não haja problemas com injúrias.

No caso do nicosulfuron, também é preciso verificar a seletividade do nicosulfuron no híbrido de milho plantado.

Estes herbicidas usados em pós-emergência do milho são outra opção com diferentes mecanismos de ação que auxiliam no manejo de plantas daninhas no sistema de produção soja-milho. 

Após a colheita do milho, a braquiária ficará sobre o solo, o que ajuda a reduzir a infestação de plantas daninhas na área.


A escolha por qual espécie de braquiária plantar deve ser de acordo com o objetivo do sistema, se será somente para cobrir o solo durante a entressafra (e se esse período será curto ou longo) ou se será para formar pastagem para mais de uma safra.

Conclusão

No sistema soja-milho é preciso pensar no manejo de plantas daninhas a nível de sistema, pois o que se faz em uma cultura pode refletir na outra.

O uso de pré-emergentes deve ser pensado para manter o residual dentro da cultura evitando o carryover.

Pensando em sistema, temos mais de uma oportunidade para manejar as plantas daninhas e rotacionar os ingredientes ativos usados.

Sobre o Autor

Ana-Ligia

Ana Lígia Giraldeli

Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar), Doutora em Fitotecnia (Esalq-USP) e especialista em Agronegócios.

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