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7 principais pragas do milho: identificação e manejo

Pragas do milho: lagarta do cartucho

Sumário

Aprenda como identificar e manejar as principais pragas do milho em ambientes tropicais. Veja recomendações técnicas baseadas na parte da planta atacada, no ciclo das pragas e nas estratégias integradas de controle para proteger sua lavoura com maior segurança agronômica.

O milho é uma das culturas mais importantes do Brasil, com destaque para seu uso na alimentação animal, na indústria de alimentos, na produção de etanol e na silagem. Em 2024, segundo a CONAB, o milho safrinha representou mais de 59% da produção total do cereal no país.

Para manter a qualidade e o rendimento da lavoura, o manejo fitossanitário deve ser preciso e adaptado às condições locais de solo, clima e pressão de pragas.

A presença de insetos-praga que atacam raízes, colmos, folhas e espigas compromete diretamente o desenvolvimento da cultura, podendo causar perdas econômicas e facilitar a entrada de patógenos.

A adoção de boas práticas de monitoramento, o conhecimento sobre os momentos críticos de ataque e o uso integrado de ferramentas de controle são fundamentais para garantir a sanidade da lavoura.

Neste guia, reunimos as 7 principais pragas do milho no ambiente tropical, organizadas por parte da planta atacada, com base em publicações técnicas, dados de campo e práticas validadas em diferentes regiões produtoras.

Boa leitura!

Importância da cultura do milho

O milho ocupa posição central na agricultura brasileira, sendo cultivado em praticamente todas as regiões do país. Seu papel é atender múltiplas cadeias produtivas: alimentação animal, nutrição humana, indústria de biocombustíveis, produção de amidos, além da silagem para pecuária.

Na safra 2023/24, dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) apontam que o milho safrinha foi responsável por mais de 59% da produção total do cereal no Brasil, consolidando-se como o principal sistema produtivo. Essa modalidade de cultivo, realizada após a colheita da soja, depende de planejamento técnico apurado, devido ao menor ciclo e às restrições hídricas típicas do período.

Além de sua ampla adaptabilidade agroecológica, o milho se destaca como uma cultura com alto potencial de rendimento e importante instrumento de segurança alimentar e estabilidade econômica para pequenos, médios e grandes produtores. Sua cadeia produtiva movimenta insumos, tecnologias e logística em larga escala, gerando empregos diretos e indiretos no campo e na indústria.

Com a crescente demanda por alimentos e energia, o milho brasileiro se posiciona como uma commodity-chave nos mercados nacional e internacional. 

Esse cenário reforça a importância do manejo agronômico eficiente, com ênfase no uso de híbridos modernos, práticas conservacionistas e adubação tecnicamente orientada para garantir regularidade na produção e qualidade dos grãos.

Classificação das pragas do milho por parte da planta atacada

As pragas do milho podem ser classificadas com base na parte da planta que atacam. A seguir, apresentamos uma tabela detalhada com as principais pragas, seus nomes científicos, os danos que causam, o momento crítico de ataque e observações importantes:

Praga

Parte da planta atacada

Nome científico

Danos causados

Momento crítico de ataque

Observações importantes

Larva-alfinete

Raiz

Diabrotica speciosa

Perfurações e cortes nas raízes, reduzindo a absorção de nutrientes e água

Estádios iniciais (emergência)

Comum em solos mal manejados; pode favorecer tombamento

Elasmo

Colmo

Elasmopalpus lignosellus

Galerias na base do colmo, murcha e tombamento de plantas

Estádios iniciais (até V4)

Favorecido por veranicos e plantios em solo seco

Percevejo-castanho

Colmo

Scaptocoris spp.

Sucção na base das plantas, amarelecimento e redução no crescimento

Pré-emergência e emergência

Pode causar falhas de estande

Percevejo-barriga-verde

Colmo

Dichelops furcatus

Sucção no colmo e região da plântula, provocando necrose e morte da gema

V1 a V4

Ataque precoce pode matar plantas

Lagarta-do-cartucho

Folha

Spodoptera frugiperda

Destruição de folhas, raspagens e perfurações; presença de excrementos no cartucho

V3 a V8

Principal praga da fase vegetativa; monitoração constante é essencial

Lagarta-rosca

Colmo

Agrotis ipsilon

Corte de plântulas ao nível do solo

Pré e pós-emergência

Ataques noturnos; comum em áreas de plantio direto

Cigarrinha-do-milho

Folha

Dalbulus maidis

Transmissão de molicutes (enfezamentos); sintomas de clorose e encurtamento

V1 a V8

Pode comprometer todo o ciclo; controle do vetor é prioritário

Pulgão-do-milho

Folha

Rhopalosiphum maidis

Sucção de seiva e excreção, favorecendo fumagina

V4 em diante

Infestações elevadas reduzem fotossíntese

Gorgulho-do-milho

Espiga

Sitophilus zeamais

Perfuração dos grãos, comprometendo qualidade e germinação

Pós-colheita

Importante em armazenamento; controle preventivo é chave

Helicoverpa zea

Espiga

Helicoverpa zea

Perfuração direta na espiga e danos aos grãos

R1 em diante

Pode reduzir produtividade e facilitar entrada de patógenos

Tabela 1. Informação técnica de pragas do milho. Créditos: Embrapa (2008) e (2012).

7 principais pragas do milho

1 - Larva-alfinete

A larva-alfinete, estágio larval do inseto Diabrotica speciosa, é uma praga subterrânea que ataca diretamente as raízes do milho, comprometendo a absorção de água e nutrientes logo nos estádios iniciais da lavoura. Sua ação prejudica o estabelecimento das plantas, principalmente em solos com histórico de compactação ou manejo inadequado.

Os danos causados são visíveis pela redução no crescimento, murcha das plantas e, em casos mais severos, o tombamento de plântulas, afetando a uniformidade do estande. A larva perfura e corta as raízes, criando lesões que também podem servir de porta de entrada para patógenos do solo.

O momento crítico de ataque ocorre logo após a emergência, quando o sistema radicular ainda é reduzido e mais vulnerável. Plantios realizados em solos com baixa cobertura vegetal ou alta umidade favorecem a eclosão dos ovos e a movimentação das larvas.

A recomendação técnica inclui o monitoramento da área antes da semeadura, uso de tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos e adoção de práticas como a rotação de culturas, que ajuda a quebrar o ciclo da praga.

Praga no milho: Larva alfinete no milharal
Praga no milho: besouro-vaquinha no milharal

Figura 1. Larva alfinete/ besouro-vaquinha. Créditos: Vivian Xavier (2025).

2 - Elasmo

O elasmo, causado pela larva de Elasmopalpus lignosellus, é uma praga do colmo que ataca preferencialmente plantas jovens de milho, principalmente entre os estádios V1 e V4. A lagarta perfura a base do colmo, formando galerias que prejudicam o fluxo de seiva e podem causar murcha súbita, queda de plantas e falhas no estande.

O ataque é mais severo em áreas com solos leves e mal estruturados, onde ocorrem períodos de veranico — dias quentes e secos logo após a semeadura. Plantios em solo descoberto ou com baixa palhada aumentam o risco de infestação, já que o inseto prefere ambientes secos e temperaturas elevadas para oviposição.

A praga é de difícil controle em campo, pois as lagartas se instalam dentro do colmo, o que reduz a eficácia de inseticidas aplicados por pulverização. Os danos não são facilmente visíveis no início, sendo comum o produtor perceber as falhas no estande apenas dias depois, quando plantas começam a tombar.

O manejo recomendado inclui o uso de sementes tratadas com inseticidas sistêmicos, antecipação da semeadura para épocas mais úmidas, melhoria da cobertura do solo e rotação com culturas não hospedeiras.

Lagarta-elasmo no milho

Figura 2. Elasmo/ Lagarta Elasmo. Fonte: Agro Bayer

3 - Percevejo-Castanho

O percevejo-castanho, pertencente ao gênero Scaptocoris spp., é uma praga de hábito subterrâneo que ataca a região do colmo do milho, especialmente nas fases de pré-emergência e emergência. Através da sucção de seiva na base das plântulas, causa amarelecimento, redução do crescimento e morte das plantas, o que pode resultar em falhas de estande visíveis no campo (OLIVEIRA et al., 2021).

A ocorrência da praga é favorecida por solos compactados, secos e com elevada quantidade de palha, sendo frequente em áreas de plantio direto com pouco revolvimento do solo. Os adultos têm comportamento críptico, permanecendo escondidos durante o dia, o que dificulta sua detecção visual nos estágios iniciais da infestação.

Os danos costumam ser localizados em manchas, onde as plantas emergem com menor vigor ou não emergem, resultando em desuniformidade. Plantas atacadas exibem coloração esverdeada-clorótica e desenvolvimento comprometido, afetando diretamente o estabelecimento da lavoura.

Para o manejo, recomenda-se o tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos, além da inspeção prévia da área antes da semeadura. Em casos de presença confirmada da praga, o uso de inseticidas aplicados diretamente no sulco ou logo após a semeadura pode ser necessário para reduzir o impacto sobre o estande (OLIVEIRA et al., 2021).

Figura 3. Percevejo castanho (Scaptocoris castanea). Créditos: Rosinei Soares da Silva (2024).

4 - Percevejo barriga verde

O percevejo-barriga-verde, Dichelops furcatus, é uma praga na cultura do milho, especialmente nos estádios iniciais de desenvolvimento, entre V1 e V4. 

Sua ação ocorre principalmente na base do colmo, onde realiza sucção de seiva, provocando necrose dos tecidos e, frequentemente, a morte da gema apical, resultando em falhas no estande e redução da produtividade.

A praga é favorecida por sistemas de plantio direto com alta quantidade de palhada, que proporcionam abrigo e alimento durante a entressafra. Além disso, a sucessão de culturas como soja e milho contribui para a manutenção e aumento da população do inseto, devido à disponibilidade contínua de alimento e abrigo. 

Os sintomas do ataque incluem murcha, clorose, perfilhamento excessivo e, em casos severos, morte das plântulas . Esses danos comprometem o desenvolvimento uniforme da lavoura, afetando diretamente o potencial produtivo do milho.

Danos causados pelo Percevejo barriga verde no milho
Danos causados pelo Percevejo barriga verde no milho

Figura 4. Percevejo barriga verde. Créditos: Pedro Rogerio Monteiro (2025).

5 - Lagarta-do-cartucho

A lagarta-do-cartucho, causada pela espécie Spodoptera frugiperda, é a principal praga da fase vegetativa do milho, com ataque concentrado entre os estádios V3 e V8

Seu nome popular se deve ao hábito de se alojar no “cartucho” da planta, onde se alimenta intensamente das folhas em desenvolvimento, provocando raspagens, perfurações irregulares e acúmulo de excrementos visíveis no centro da planta.

Essa praga tem ampla distribuição geográfica e elevada capacidade de dispersão, o que torna o seu controle um desafio em sistemas intensivos de produção. 

Condições de clima quente e ausência de inimigos naturais favorecem o crescimento populacional da lagarta, que pode causar desfolha severa, redução da área fotossintética e atraso no desenvolvimento da planta, comprometendo o rendimento final da lavoura (COSTA et al., 2021).

Os danos variam de acordo com o estágio da cultura, sendo mais prejudiciais quando ocorrem precocemente, em plântulas ainda pequenas. Além do dano direto, a abertura de tecidos facilita a entrada de patógenos e aumenta o risco de infecções secundárias. 

Plantas atacadas apresentam folhas com bordas irregulares e sinais de raspagem transversal, além de excrementos escuros visíveis no cartucho.

O manejo da lagarta-do-cartucho exige monitoramento constante com armadilhas e inspeção visual, além da adoção de controle químico, biológico ou uso de híbridos Bt. A tomada de decisão deve considerar o nível de dano econômico, histórico da área e presença de ovos e lagartas em diferentes estágios (AGROCERES, 2022).

Lagarta-do-cartucho em milho
Lagarta-do-cartucho em milho

Figura 5. Lagarta-do-cartucho em milho. Créditos: Allysson Fernandes (2025).

6 - Lagarta rosca

A lagarta-rosca, causada pela espécie Agrotis ipsilon, é uma praga que atinge a cultura do milho principalmente nas fases de pré e pós-emergência, atacando a base do colmo das plântulas. 

Durante a noite, as larvas cortam as plantas ao nível do solo, provocando o secamento, tombamento e falhas no estande, com prejuízos na fase inicial da lavoura (EMBRAPA, 2020).

Essa praga é mais comum em sistemas de plantio direto, onde a palhada oferece abrigo para as lagartas durante o dia. Os ataques são silenciosos e muitas vezes detectados apenas após a observação de áreas com plantas mortas ou ausentes. 

A praga tem maior ocorrência em solos úmidos e mal drenados, o que favorece a eclosão e movimentação das larvas (CASTRO et al., 2021).

As larvas jovens apresentam coloração mais clara e comportamento menos agressivo, enquanto as mais velhas são mais escuras, ativas e responsáveis pelos maiores danos. O ataque tende a ser localizado em reboleiras, o que facilita a identificação, mas exige atenção rápida para evitar a disseminação do problema para o restante da área.

Representação da pupa de lagarta-rosca
lagarta-rosca na lavoura

Figura 6. Representação da pupa, lagarta e adulto de Agrotis ipsilon. Créditos: IPImagens (2023).

7 - Cigarrinha-do-milho

A cigarrinha-do-milho, Dalbulus maidis, é um inseto vetor de molicutes responsáveis pelos enfezamentos do milho, doenças sistêmicas que causam clorose generalizada, encurtamento de entrenós, esterilidade parcial ou total das espigas e severas perdas de produtividade. O ataque ocorre principalmente entre os estádios V1 e V8, mas seus efeitos se estendem por todo o ciclo da cultura (EMBRAPA, 2022).

A praga se alimenta da seiva do floema, e durante esse processo transmite os patógenos Spiroplasma kunkelii (enfezamento pálido) e Phytoplasma (enfezamento vermelho), além do vírus da risca. A transmissão é persistente e propagativa, ou seja, uma vez infectada, a cigarrinha permanece contaminada por toda a vida, podendo infectar múltiplas plantas (OLIVEIRA et al., 2021).

A gravidade do ataque depende da pressão de inóculo na área, do número de insetos vetores e da suscetibilidade do híbrido cultivado. Em surtos severos, as lavouras podem sofrer perdas acima de 70%, especialmente em regiões onde há cultivo contínuo de milho e ausência de vazio sanitário. O controle da praga é desafiador, pois exige foco no vetor, e não diretamente nos sintomas (SILVA et al., 2023).

O manejo recomendado inclui o uso de sementes tratadas com inseticidas sistêmicos, escolha de híbridos tolerantes, eliminação de plantas voluntárias (tigueras), sincronização de plantios e aplicação de inseticidas em períodos críticos de colonização.

Praga cigarrinha-do-milho na lavoura

Figura 7. Representação da cigarrinha-do-milho. Créditos: Carlos Eduardo S. Prates (2025).

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Conclusão

O controle de pragas na cultura do milho exige um olhar atento às particularidades de cada inseto, ao momento crítico de ataque e à parte da planta afetada

Como demonstrado ao longo desta pauta, pragas como lagarta-do-cartucho, cigarrinha-do-milho, percevejos e larvas subterrâneas representam ameaças reais à sanidade da lavoura, podendo comprometer tanto a implantação quanto a produtividade da cultura.

A adoção de um manejo integrado, com foco na prevenção, monitoramento e aplicação racional de tecnologias, é a melhor forma de garantir que as pragas permaneçam abaixo do nível de dano econômico. O uso de sementes tratadas, híbridos tolerantes, controle biológico e químico, além da observação contínua em campo, compõe um pacote eficiente de proteção à lavoura.

Além dos impactos diretos na produção, muitas dessas pragas estão associadas à transmissão de doenças, como é o caso da cigarrinha-do-milho e dos enfezamentos

Por isso, o planejamento fitossanitário deve ser integrado ao calendário agronômico da propriedade, respeitando o histórico da área e o comportamento sazonal dos insetos.

Sobre o Autor

Alasse Oliveira

Engenheiro Agrônomo, Mestre e Especialista em Produção Vegetal e, Doutorando em Fitotecnia (ESALQ/USP)

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