Preço do café 2025: alta e novos recordes

Sumário
O preço do café segue em alta, com a saca de 60 kg em R$ 2.621,78, e atingirá novos recordes em 2025 devido à redução de 10,5% na safra da espécie arábica
O preço do café atingirá novos recordes em 2025 devido à queda de 10,5% na produção da espécie arábica, influenciada pelos efeitos das mudanças climáticas.
Analistas de mercado apontam que a tendência de alta deve permanecer até 2026, já que não tem como as lavouras se recuperem este ano para estabilizar os preços.
Na Bolsa de Londres, o arábica chegou a 348,35 centavos por libra, nos contratos para março, um recorde em quase 50 anos. Em Nova York, a saca de 60 kg está sendo vendida por R$ 2.621,78.
Veja neste artigo como será o preço do café 2025 e quais são os principais cenários que influenciarão a produção e o valor do grão. Boa leitura!
Qual a previsão do café para 2025?
A previsão do café no Brasil, maior produtor e exportador mundial, é de 65,6 milhões de sacas em 2025, redução de 0,4% em relação à safra anterior, segundo a consultoria Stonex, especializada em mercados agrícolas.
O café robusta deve ter produção de 25,6 milhões de sacas, aumento de quase 21%, com destaque para as produções dos estados do Espírito Santo (líder nacional), com alta de 27,8%, e Bahia, que terá aumento de 31%.
Por outro lado, o arábica, que detém entre 60% a 70% do mercado global de café, terá queda de 10,5% na produção, chegando a cerca de 40 milhões de sacas.

Estimativa da produção de café para 2025 e comparação com outros anos. (Fonte: Stonex)
A queda no arábica ocorrerá principalmente nas regiões produtivas da Mata de Minas (-25,8%), São Paulo (-21,6%) e Espírito Santo (-20,1%).
Projeções divulgadas por multinacionais do café dão conta que a produção do arábica está estimada em 34,4 milhões de sacas, o que pode gerar déficit de 8,5 milhões de sacas na temporada 2025/26.
Os próximos meses serão determinantes para um levantamento mais preciso, já que a planta do café ainda passará pelas fases de granação (enchimento) e amadurecimento dos frutos, que requerem condições adequadas de chuvas ou irrigação.
Efeitos das mudanças climáticas na produção de café
Os efeitos das mudanças climáticas são a principal causa da redução da produção do café arábica no Brasil.
De acordo com a Stonex, as regiões do Sul de Minas, São Paulo, Cerrado Mineiro, Matas de Minas e Sul do Espírito Santo foram afetadas por altas temperaturas entre junho e julho, com longos períodos secos e onda de frio, reduzindo o potencial produtivo.
Os maiores problemas ocorreram em lavouras com problemas semelhantes em safras passadas: elas se saíram bastante debilitadas após a colheita deste ano e sofreram mais ainda com as adversidades climáticas.
Lavouras mais jovens, com área foliar menor e sistema radicular mais superficial, foram também afetadas, o que gerou baixo pegamento da florada e projeções de baixa produtividade.
O aumento de áreas podadas, acima do normal, também influenciou as baixas projeções para as regiões do Sul de Minas, Mata de Minas, Sul do Espírito Santo e São Paulo.
Lavouras de café têm chuvas abaixo do normal
A falta de chuvas têm sido um grande problema para as regiões produtivas de café, conforme mostra relatório da plataforma Nexus, da Agrosmart, especializada em inteligência climática.
No acumulado de um ano, ocorreram reduções expressivas nas regiões da Serra do Salitre (MG, – 43%), Colatina (ES, – 42%) e Pedregulho (SP, – 41%).
Cidades de Minas Gerais, como Patrocínio (-39%), Boa Esperança (-27%), Varginha (-26%), Nazareno (-22%) e Guaxupé (-13%) também tiveram problemas com chuvas.
Longos períodos de calor intenso também foram registrados nessas áreas.
A média da produtividade do café arábica para as áreas analisadas ficou em 32 sc/ha, podendo chegar a 43 sc/ha em áreas irrigadas.
Qual a previsão do preço do café futuro?
O preço do café futuro está em R$ 2.593,18 nos contratos para maio de 2025 para a espécie arábica, na Bolsa de Valores de Nova York.
Já na Bolsa de Londres, o valor chegou a bater 348,35 centavos por libra, recorde em quase 50 anos. No acumulado do ano, o valor subiu 70%.

Variação do preço do café arábica em Londres durante um ano. Fonte: CNBC)
As condições climáticas têm levado preocupações aos principais mercados consumidores do café nos países desenvolvidos.
Um chefe de inteligência de estratégia de commodities da Saxo Bank, da Dinamarca, relatou à CNBC que o Brasil sofreu a pior seca entre agosto e setembro, seguidas de fortes chuvas em outubro, aumentando os rumores de que a florada possa fracassar.
A previsão é de que as lavouras levem muito tempo para se recuperarem, com melhor oferta e reposição de estoques. Por isso, no mercado, haverá novos aumentos dos preços durante o ano de 2025 e 2026.
Mundialmente, os estoques estão sendo afetados também pela queda da produção do café robusta produzido pelo Vietnã, segundo maior produtor mundial do grão — junto com o Brasil, eles respondem por 56% da produção global.
O relatório semestral da USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) para o ano comercial 2024/2025 estima produção de 66,4 milhões de toneladas (queda de 5,8%), sendo 45,4 milhões de arábica e 21 milhões de robusta.
Qual a perspectiva para o preço do café?
A perspectiva é que o preço do café continue a subir, com aumento de 30%, já no início de 2025, devido à redução da oferta, causada pelas condições adversas do clima, conforme já anunciaram empresas como Melitta, 3corações e JDE Peet’s.
Em novembro de 2024, segundo a ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café), o preço chegou a R$ 48,51 o quilo.

Variação do preço do café no varejo, desde 1997. (Fonte: ABIC)
Analistas de mercado apontam que há margens para maiores reajustes no preço do café ao consumidor final por parte da indústria porque durante o ano de 2024 os reajustes chegaram a 33%, enquanto a saca do café arábica subiu 112% e a do robusta 115%.
Perspectivas climáticas para a safra de café
O cenário é desafiador para os próximos anos com relação ao preço do café em todas as camadas da cadeia de produção, por conta das alterações do clima.
Pesquisadores têm mostrado que as temperaturas extremas influenciam o crescimento, processos fisiológicos e a produtividade do cafeeiro, tendo suas fases biológicas reduzidas ou paralisadas, e que climas adversos favorecem ainda o aumento de pragas e doenças na planta.
Outros estudiosos do clima apontam que 75% da região produtora do Brasil se tornará economicamente inviável durante o século XXI, de forma gradativa, devido ao estresse hídrico associado a temperaturas altas.
A área afetada corresponde ao norte e nordeste de Minas Gerais, Bahia, nordeste de Goiás e sul do Tocantins. Sugere ainda que haja prevalência da ferrugem do café e do bicho-mineiro por conta das altas temperaturas e redução da umidade relativa.
Os efeitos climáticos, afirmam, vão afetar a fenologia do cafeeiro, com antecipação da florada em regiões de climas mais frios e o atraso em dias mais frios. O uso da irrigação, observam os pesquisadores, será essencial para o futuro do café arábica e a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
Como a AgroReceita pode ajudar em relação a condições climáticas?
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Conclusão
O preço do café tem sido afetado severamente pelas mudanças climáticas, com consequências em todas as camadas de produção, até o consumidor final.
Os impactos do clima nas lavouras, no entanto, não são de agora e, por isso, há muitas áreas que já vêm sofrendo há anos, o que levará tempo de recuperação para reposição dos estoques para que seja possível a estabilização dos preços.
Fatores como alta do dólar e disputas geopolíticas são complementares entre os fatores que influenciam nos preços do café, seja por conta do aumento dos custos de produção ou para exportação do produto.
É preciso estar acompanhando cada variável para saber relacioná-la com o preço, seja no campo ou para o consumidor final.
Sobre o Autor

Mário Bittencourt
Jornalista e pós-graduado em Agricultura de Precisão.