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5 problemas gerados pela prescrição inadequada de agroquímicos

Agroquimicos

Sumário

A atividade agrícola mundial, em sua grande maioria, é baseada no uso de produtos químicos que visam prevenir e controlar fatores bióticos que podem causar danos à lavoura. Porém, a prescrição inadequada de agroquímicos pode trazer diversos problemas às produções. 

Assim como na saúde humana, a detecção correta do problema e a indicação do produto ideal e sua dose para a melhor solução, é crucial para o bom andamento da atividade agrícola.

Erros de prescrição não são incomuns e podem causar diversos danos à lavoura, ao ambiente e aos empregados, além de causarem perdas financeiras que podem ser importantes para a definição do sucesso da atividade na propriedade.

Nesse artigo, discutiremos as boas práticas de recomendação de agroquímicos, os possíveis erros de prescrição e o impacto disso na agricultura.  

Por que os agroquímicos são necessários?

Os agroquímicos podem ter efeitos preventivos ou paliativos para as lavouras e também atuar no combate de um organismo vivo que é o causador do problema.

Dessa forma, na agricultura, é necessário o controle de pragas, doenças e plantas daninhas que competem por recursos ou atrapalham o desenvolvimento das plantas de interesse. Esses fatores, se não controlados, podem diminuir em mais de 50% a produtividade das lavouras.

Por esse motivo, os agroquímicos são necessários, como uma forma de tornar a atividade agrícola sustentável, tanto do ponto de vista econômico, como do ponto de vista ambiental. Isso evita um desajuste entre a demanda de produtos agrícolas, como alimentos, e sua produção/oferta, ajudando a manter a segurança alimentar mundial.

Quais os principais alvos de controle nas lavouras brasileiras?

Existem diversos organismos capazes de causar danos às lavouras e que são controlados por agroquímicos.

As culturas que mais receberam aplicações (em litros) de agroquímicos no Brasil, na safra de 2019, foram: a soja (55%), o milho (15%), o algodão (9%), as pastagens (5%), a cana-de-açúcar (4%), seguido por outras.

 Aqui listamos alguns exemplos deles entre pragas, doenças e plantas daninhas:

Quadro-resumo das principais pragas, doenças e plantas daninhas que afetam as culturas brasileiras
(Fonte: preparado pelo autor)

Em um estudo com 20 países, o Brasil foi apenas o décimo terceiro em uso de agroquímicos por tonelada de produção e apenas o sétimo em uso de agroquímicos por área.

Quais os principais erros na prescrição inadequada de agroquímicos?

Inicialmente, deve-se levar em conta quais informações estão presentes no receituário agronômico, que é o documento obrigatório para compra e uso de agroquímicos.

Pensando nisso, para que você tenha mais assertividade na prescrição dos seus receituários agronômicos, disponibilizamos o Checklist contendo o passo a passo para a emissão de suas receitas.

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Inicialmente, deve-se levar em conta quais informações estão presentes no receituário agronômico, que é o documento obrigatório para compra e uso de agroquímicos. 

O AgroReceita disponibiliza um banco de dados das bulas dos defensivos agrícolas registrados no Brasil, com atualização online, tornando a emissão das receitas mais segura, rápida e precisa.

O receituário deve conter os dados do produtor e da propriedade; a doença, praga ou planta daninha a ser controlada e a cultura de incidência; o produto a ser usado e as doses recomendadas; as técnicas de aplicação a serem empregadas no uso do produto; a época de aplicação e o intervalo de segurança; a destinação de embalagens de produtos usadas.

Baseado nesses princípios, os 5 principais erros que são observados na prescrição de agroquímicos são:

  • Diagnóstico do problema: ao se identificar erroneamente a espécie de praga, doença ou planta daninha, há grande chance de erro na prescrição. Como existem produtos de espectro de atuação abrangente, pode ser que o resultado final oculte o erro;
  • Indicação de produto: mesmo que a espécie seja bem identificada, é importante que o produto específico para ela seja bem recomendado, evitando o uso de produtos que não trarão resultado;
  • Dosagem: esse é um erro bastante comum e que pode causar grande impacto negativo na lavoura. Pode haver engano entre as unidades de volume ou peso ou mesmo da diluição do produto o que pode acarretar em uma sub ou superdose;
  • Recomendação de aplicação: nessa etapa podem haver vários erros relacionados à maneira de preparação da calda, volume por área, diluição, mistura de produtos, técnica e tecnologia de aplicação, dentre outras;
  • Época de aplicação: esse erro pode acontecer ao não conhecer o histórico de aplicações anteriores na cultura, recomendando aplicações muito próximas umas das outras ou também pela aplicação ao final do ciclo, sem tempo hábil do intervalo de segurança para consumo.

Quais as consequências do uso incorreto dos agroquímicos?

Os principais problemas gerados por uma prescrição inadequada de agroquímicos estão   relacionados a:

  • Ineficiência do produto: um diagnóstico errado ou uma recomendação equivocada de produto/dose/método de aplicação pode inviabilizar o efeito do agroquímico, gerando custos desnecessários e diminuindo a margem de lucro do produtor;
  • Danos à cultura de interesse: uma superdose de um produto pode causar queima ou morte de plantas e influenciar a produtividade da cultura no campo, além de trazer gastos desnecessários e baixa eficiência; 
  • Indução de resistência: sucessivos erros de dosagem ou repetição do mesmo princípio ativo em uma mesma área/cultura pode levar à indução de resistência ao produto, sendo esse um erro bastante comum hoje em dia;
  • Danos aos aplicadores: a recomendação errônea de dose/método de aplicação em combinação com EPIs ineficientes ou inexistentes pode causar toxicidade à pessoa responsável pela aplicação;
  • Residual no ambiente ou produto final: a indicação errada de doses, número e épocas de aplicação pode levar a resíduos dos produtos na área, nos cursos de água, em outros seres vivos e também no produto final.

Quais as infrações mais comuns na emissão incorreta do Receituários Agronômicos?

A recomendação, compra e venda e uso de agroquímicos é regulamentada por uma Lei Federal, que também descreve as penas e autuações possíveis ao produtor, ao comerciante e ao responsável pelo receituário agronômico.

Aqui, destacamos as principais infrações passíveis ao profissional responsável pela emissão do receituário agronômico. A lista completa pode ser encontrada no texto da Lei 7.802/89 – art. 14, alínea “a”; no Decreto Federal 4.074/02, art. 66, art. 82, art. 84, inc. IV e art. 85, inc. I; na Lei Federal nº 5.194/66, art. 6º, alínea “c” e na Resolução nº 1.002/02 do CONFEA.

  • Diagnóstico falso: receita prescrita falsamente para burlar restrição de uso para cultura específica;
  • Diagnóstico impossível: receita com diagnóstico incompatível com a realidade da lavoura plantada e/ou da dinâmica da praga indicada;
  • Receita agronômica genérica, errada, displicente ou indevida: a receita agronômica tem que ser específica para o caso concreto com as devidas recomendações técnicas adequadas à situação que se lhe apresenta;
  • Agrotóxico não cadastrado ou de uso não autorizado: o profissional deve observar as restrições de uso do agrotóxico na localidade em que trabalha, evitando com isso a prescrição de receita em desacordo com a legislação;
  • Receita não preenchida e já assinada pelo profissional: receita assinada em branco, disponibilizando ao comerciante seu preenchimento;
  • Receita sem constar precauções de uso: receitas sem indicações para evitar riscos prováveis de contaminação.
  • As implicações legais ao profissional responsável pela assinatura do receituário, principalmente em caso de danos à saúde de pessoas ou ao meio-ambiente, são em vias administrativas, civis e penais.

Boas práticas para a recomendação de agroquímicos

Como vimos, o uso inadequado de agroquímicos pode trazer grandes problemas , não só para o produtor rural, mas autuações legais ao responsável técnico pela sua recomendação. Dessa forma, listamos algumas boas práticas para prescrição cuidadosa e correta de agroquímicos:

  • Fazer o diagnóstico correto da praga, doença ou planta daninha causadora do problema;
  • Ter conhecimento dos princípios ativos e dos produtos legais e autorizados, disponíveis no mercado para solução do referido problema;
  • Buscar e confirmar as doses corretas recomendadas para o produto recomendado;
  • Ser cuidadoso na preparação da recomendação de diluição e volume por área, bem como dos métodos de aplicação;
  • Ter conhecimento do histórico da área e dos produtos já aplicados anteriormente;
  • Verificar possíveis interações entre produtos e o uso recorrente das mesmas soluções;
  • Ressaltar as condições ideais de aplicação e o uso de equipamentos de proteção individual (EPI);
  • Indicar correta destinação das embalagens de produtos usados;
  • Utilizar ferramentas digitais disponíveis que facilitam o preenchimento do receituário agronômico.

Conclusão

O uso de agroquímicos é fundamental para o bom resultado e define o sucesso da atividade agrícola. Porém, nem sempre o diagnóstico do problema é fácil, assim como são inúmeras as possibilidades de produtos para solução dos problemas.

É senso comum que a prescrição de produtos pode ser complicada, principalmente levando em conta que cada produtor e propriedade consistem em um caso específico e necessitam uma solução própria.

Assim, o uso de ferramentas que possam facilitar o processo de recomendação e preenchimento do Receituário Agronômico para o profissional responsável são cruciais. Elas evitam informações desencontradas, facilitam a comunicação entre assistente técnico e produtor e também servem como um guia para a boa aplicação dos produtos recomendados.

O AgroReceita apresenta soluções digitais para um preenchimento fácil, correto e seguro de Receituários Agronômicos, minimizando os erros acima descritos e suas consequências. Acesse agora mesmo e evite problemas para você e seus clientes.

Sobre o Autor

João Paulo Pennacchi
João Paulo Pennacchi
 

Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal de Lavras e Doutor em Fisiologia de Plantas pela Lancaster University.

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