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Crédito de carbono: como transformar sustentabilidade em receita?

Planta germinando em cima de moedas, simbolizando crédito de carbono

Sumário

Aprenda como gerar e vender créditos de carbono no Brasil. Transforme práticas sustentáveis em receita extra no campo e na cidade.

Você sabia que preservar florestas, reflorestar áreas degradadas ou implementar práticas agrícolas sustentáveis pode gerar renda adicional para sua propriedade? Já ouviu falar em crédito de carbono, mas ainda não entende exatamente como ele funciona ou como pode trazer benefícios concretos para o seu negócio?

Será que o Brasil está realmente preparado para liderar a nova economia verde global? Como você, produtor rural, consultor ou empresário do agro, pode participar desse mercado bilionário que cresce ano após ano? Quais são os riscos de ficar de fora enquanto grandes empresas, bancos e até governos já se movimentam?

Se essas perguntas te interessam, você está no lugar certo. O debate sobre créditos de carbono já ultrapassou os círculos diplomáticos e chegou ao campo, aos escritórios de projetos ambientais e às associações de produtores. 

Neste artigo, vamos descomplicar esse tema, mostrar dados atualizados, esclarecer oportunidades reais e te apresentar um caminho prático para transformar sustentabilidade em receita.

Se essas são dúvidas que você já teve, você não está sozinho. A discussão sobre créditos de carbono deixou de ser exclusiva de grandes multinacionais ou fóruns internacionais. Hoje, agricultores, empresários, técnicos e até gestores públicos precisam entender esse instrumento que une preservação ambiental e oportunidades de negócio.

Se você atua no campo, na indústria ou em serviços ambientais, entender o crédito de carbono pode ser uma virada no seu modelo de negócio. Vamos responder às suas principais dúvidas, te mostrar o funcionamento do mercado e indicar caminhos práticos para gerar e vender créditos no Brasil.

Boa leitura!

O que é crédito de carbono?

O crédito de carbono é uma unidade que representa a redução ou remoção de uma tonelada de dióxido de carbono (CO) da atmosfera. 

Esse ativo ambiental se transformou em uma verdadeira moeda verde no combate às mudanças climáticas.

A ideia surgiu com o Protocolo de Quioto (1997) e ganhou força com o Acordo de Paris (2015), tornando-se uma das ferramentas mais importantes para conter o aquecimento global. Os créditos podem ser comprados por empresas ou governos que desejam compensar suas emissões de gases de efeito estufa (GEE).

No setor rural, isso se traduz em valorizar práticas sustentáveis. Quem conserva florestas, refloresta, faz manejo regenerativo do solo ou investe em sistemas agroflorestais pode gerar e comercializar créditos.

Ciclo do crédito de carbono.

Figura 1. Crédito de carbono. Fonte: Prato do manhã (2024).

Qual o objetivo dos créditos de carbono?

O principal objetivo dos créditos é estimular a redução real das emissões e incentivar a transição para uma economia de baixo carbono

Ao dar valor às emissões evitadas ou removidas, o mercado cria incentivos econômicos para conservar e recuperar ambientes naturais.

Figura 2. Representação da integração do crédito de carbono. Fonte: Canva.

Como funciona o mercado de carbono?

O mercado de carbono é um sistema que permite a compra e venda de créditos de carbono entre entidades que desejam neutralizar suas emissões. Ele é cada vez mais buscado por empresas comprometidas com a sustentabilidade.

Mercado regulado e mercado voluntário

  • Mercado regulado: funciona em países com legislação específica que impõe limites de emissões. Nele, empresas têm metas obrigatórias e precisam comprar créditos se ultrapassarem esses limites. É o caso do Sistema Europeu de Comércio de Emissões (EU-ETS).
  • Mercado voluntário: funciona de forma espontânea, com empresas, ONGs e pessoas físicas que decidem compensar suas emissões para cumprir compromissos ambientais ou fortalecer sua imagem de sustentabilidade. No Brasil, é o principal formato em operação.

Figura 3. Classificação dos tipos de mercado de carbono. Fonte: Adaptado de vários autores (2025).

Como são gerados os créditos de carbono?

Para gerar créditos, é preciso desenvolver projetos que comprovem a redução ou remoção de emissões de GEE

É possível obter retorno financeiro com reflorestamento, recuperação de áreas degradadas ou manejo sustentável de solo.

Etapas para emissão de crédito de carbono

  1. Elaboração do projeto: com metodologia reconhecida internacionalmente.
  2. Quantificação da redução: em toneladas de CO equivalente (COe).
  3. Registro e validação: junto a plataformas como Verra (VCS), Gold Standard, ou o novo sistema nacional (SBCE).
  4. Auditoria independente: feita por organismo certificador.
  5. Emissão e comercialização dos créditos.

Essas etapas garantem que os créditos tenham rastreabilidade, adicionalidade e confiabilidade ambiental.

O mercado brasileiro em 2025

Com a sanção da Lei 15.042/2024, o Brasil criou o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), estabelecendo o mercado regulado nacional

Empresas com emissões acima de 25 mil toneladas de COe por ano devem reduzir suas emissões ou comprar créditos.

Oportunidades e desafios

  • Oportunidades: atração de investimentos, valorização de áreas preservadas, renda extra para pequenos produtores e municípios com políticas ambientais.
  • Desafios: definir o órgão gestor do SBCE, regras de operação e garantir transparência.

Segundo a FGV, o mercado voluntário no Brasil cresceu 236% em volume em 2021 e deve continuar em alta com a entrada de grandes estatais como Petrobrás e BNDES.

Quanto rende 1 hectare em crédito de carbono?

Projetos de floresta em pé (REDD+) são ideais para áreas com cobertura vegetal nativa, principalmente na Amazônia e no Cerrado. A manutenção da vegetação evita o desmatamento e as emissões associadas, gerando alta quantidade de créditos com menor custo de implantação.

O reflorestamento, por sua vez, exige maior investimento inicial (preparo de solo, mudas, manutenção), mas gera mais créditos por hectare e contribui para restauração ecológica e geração de serviços ecossistêmicos.

Já a agricultura de baixo carbono, como plantio direto, rotação de culturas e uso de bioinsumos, tem custos mais acessíveis e pode ser adotada em áreas produtivas, sendo ideal para pequenos e médios produtores.

Por fim, projetos com pastagens bem manejadas, ao promoverem ciclagem de carbono e aumento da matéria orgânica do solo, oferecem uma oportunidade de geração de créditos em larga escala com mudanças simples de manejo.

Esses valores são estimativas médias. A rentabilidade real dependerá do tipo de certificação, localização do projeto, metodologias aplicadas e custos de verificação.

Estimativas médias por tipo de projeto

Tipo de Projeto

Créditos/ha/ano

Valor/ha/ano (R$)

Floresta em pé (REDD+)

5 a 10

R$ 250 a R$ 1.000

Reflorestamento

8 a 15

R$ 400 a R$ 1.500

Agricultura de baixo carbono

1 a 4

R$ 50 a R$ 400

Pastagem bem manejada

1 a 3

R$ 50 a R$ 300

Quem pode emitir créditos de carbono?

A emissão está aberta a produtores rurais, empresas, cooperativas, ONGs e até prefeituras. Isso significa que desde pequenos agricultores até grandes corporações podem monetizar ações sustentáveis. 

Por exemplo, uma cooperativa de café no sul de Minas Gerais conseguiu gerar créditos ao adotar práticas de manejo regenerativo e comercializou esses ativos no mercado voluntário europeu, obtendo recursos para investir em infraestrutura e ampliar a produção orgânica.

Prefeituras também têm se beneficiado. O município de Altamira (PA), ao implementar um plano de reflorestamento urbano e conservação de nascentes, gerou créditos de carbono que foram vendidos a uma empresa de tecnologia da Alemanha. 

O valor arrecadado foi reinvestido em educação ambiental e gestão de resíduos sólidos. Esses exemplos mostram que transformar práticas sustentáveis em receita extra não é apenas possível, é uma realidade em crescimento no Brasil.

Requisitos para emissão

  • Propriedade ou posse de área com potencial de captura ou redução de emissões;
  • Uso de práticas reconhecidas como de baixo carbono;
  • Capacidade de comprovação técnica e documental das reduções.

Tendências do mercado de carbono em 2025

O ano de 2025 marca um ponto de virada na consolidação do mercado de carbono. Termos como “tendências do mercado de carbono e carbono na agricultura têm registrado um crescimento expressivo nas ferramentas de busca, impulsionados pela intensificação da regulamentação e pela urgência em mitigar os efeitos da mudança climática.

Segundo a McKinsey (2024), o mercado global de carbono tem potencial de movimentar mais de US$ 50 bilhões até 2030, com destaque para os setores de energia, agropecuária e uso da terra. No Brasil, projeções da ICC Brasil indicam que o país pode atender até 37,5% da demanda global por créditos voluntários de carbono na próxima década.

Além disso, a busca por soluções baseadas na natureza e o crescimento da agricultura regenerativa colocam os produtores rurais e projetos de reflorestamento como protagonistas dessa nova fase. 

O avanço tecnológico com uso de sensoriamento remoto, blockchain e monitoramento satelital aumenta a credibilidade e a rastreabilidade dos créditos, tornando o Brasil um polo atrativo para investidores internacionais.

Principais tendências

  1. Regulamentação e governança: com o SBCE, o Brasil entra oficialmente no mercado regulado.
  2. Restauração e agricultura regenerativa: destaque para projetos de ARR (reflorestamento) e ALM (manejo agrícola sustentável).
  3. Co-benefícios sociais: valorização de projetos com impacto positivo em comunidades locais e biodiversidade.
  4. Tecnologia e rastreabilidade: uso de blockchain e plataformas digitais.
  5. COP30 em Belém: protagonismo brasileiro nas negociações internacionais.

Como sua empresa pode se destacar na nova economia verde?

O crescimento do mercado de carbono e o avanço das práticas sustentáveis impactam diretamente os setores produtivos, comerciais e tecnológicos. Mas, para transformar esse cenário em vantagem competitiva, é essencial entender dados, acompanhar tendências e aplicar inteligência de mercado.

Ao utilizar a plataforma digital da AgroReceita, você tem acesso automatizado às bulas atualizadas dos produtos fitossanitários registrados no Brasil, com informações específicas por estado. Essa atualização ocorre de forma contínua, sempre que há novas publicações oficiais pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).

Além da simples consulta, o sistema permite visualizar as dosagens recomendadas, o volume de calda, o cálculo da área tratada, bem como selecionar a cultura e o alvo biológico (praga ou doença), proporcionando maior precisão no diagnóstico e favorecendo o aumento da produtividade da lavoura.

Com a AgroReceita, o profissional ganha agilidade e segurança: todo o processo é digital, incluindo a emissão e assinatura eletrônica do receituário agronômico, eliminando a necessidade de impressões e reduzindo riscos de erros operacionais.

Outro diferencial da plataforma é a integração com revendas, cooperativas e lojas agropecuárias, o que facilita o controle e rastreabilidade dos receituários emitidos, além de fornecer dados valiosos sobre o comportamento de compra e uso dos produtos no campo.

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Conclusão

O mercado de crédito de carbono representa uma das principais ferramentas para a transição ecológica. Mais que um ativo financeiro, ele é uma ponte entre preservação ambiental e desenvolvimento sustentável.

Para produtores rurais e empresas brasileiras, entender esse sistema é fundamental para aproveitar oportunidades, reduzir riscos e agregar valor ambiental às suas atividades.

Com a regulamentação nacional em andamento e o Brasil assumindo posição de destaque global, o momento para se preparar e atuar nesse setor é agora.

Sobre o Autor

Alasse Oliveira

Engenheiro Agrônomo, Mestre e Especialista em Produção Vegetal e, Doutorando em Fitotecnia (ESALQ/USP)

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