Pulverização inteligente: O que mudou na aplicação de defensivos agrícolas?

Novos métodos na aplicação de defensivos agrícolas, como a pulverização inteligente, minimizam o desperdício e a resistência aos agroquímicos. 

A população mundial total é estimada em 7 bilhões de indivíduos, com projeção de expansão para 9,2 bilhões até 2050. Essa expansão exigirá um aumento na produção de alimentos em mais de 70%. 

Para se adaptar a tais circunstâncias, torna-se obrigatório expandir as áreas de cultivo existentes de forma sustentável  e com auxílio de defensivos agrícolas para controle de pragas e doenças das plantas.

Os defensivos são produtos químicos ou biológicos utilizados para eliminar e/ou controlar plantas daninhas (herbicidas), parasitas (fungicidas) ou insetos (inseticidas).

Com ampla utilização mundial, esses produtos representaram um mercado de $ 224.9 bilhões em 2021, com estimativa de crescimento de 3,2% até 2030.

Neste artigo abordaremos os métodos de pulverização inteligente, como um avanço nas tecnologias de aplicações dos defensivos. Continue a leitura para saber mais!

Aplicação dos defensivos agrícolas

A escolha do produto é importante, deriva do alvo de controle no campo em conjunto com uma diagnose efetiva. Ao determinar o foco da aplicação é possível avaliar o método de aplicação mais adequado, sempre de acordo com as instruções do fabricante.

A dose do produto somente será efetiva quando sua aplicação for bem executada, e o que isso significa? 

Uma aplicação precisa é aquela que visa atingir o alvo, controlando o problema, sem que haja desperdício (deriva) de modo a não contaminar o aplicador, o ambiente e outros animais. 

Além disso, é preciso estar atento às características do produto, aos tipos de formulações granulados, pó solúvel, pó molhável, solução aquosa, concentrado emulsionável, suspensão concentrada, entre outras. 

Qualquer um destes fatores que for desconsiderado poderá ser o responsável pelo insucesso da operação.

Para descobrir o produto mais indicado para determinado alvo ou problema, o AgroReceita disponibiliza o maior banco de dados das bulas dos defensivos agrícolas registrados no Brasil, com atualização em tempo real, conforme dados do Agrofit (Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários).

O Agrofit é uma plataforma do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que traz um conteúdo bastante completo sobre os agroquímicos. 

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Como escolher a melhor técnica para aplicação de defensivos?

Um planejamento efetivo diminui consideravelmente os custos operacionais, com isso, é necessário que os profissionais responsáveis façam escolhas para definir a melhor técnica de aplicação para as lavouras. Essas escolhas envolvem:

  • Maquinário adequado: avalie o produto a ser aplicado e suas características, siga as orientações contidas no rótulo, sabendo o tipo de produto e preocupe-se com uma manutenção atualizada;
  • Calibração do maquinário e regulagem: nesta etapa são realizados os ajustes de bico/pontas, vazão, pressão, tamanho de gota, velocidade de aplicação, dentre outros fatores, se baseando nas recomendações e indicações de uso do produto;
  • Condições climáticas: é prudente evitar excesso de calor, vento, chuva e baixa umidade do ar;
  • Mão de obra especializada: contrate bons profissionais para aplicações, manuais ou mecânicas, garanta que o aplicador esteja utilizando equipamentos de proteção individual.

Métodos de aplicação de defensivos agrícolas

A aplicação de defensivos agrícolas pode ser realizada através de dois métodos: via terrestre ou via aérea, dependendo do tamanho da produção. Veja exemplos destes tipos de aplicação:

Aplicação via terrestre: como o nome sugere, as pulverizações realizadas por terra manuais ou automatizadas são classificadas como via terrestre. 

O pulverizador manual é empregado em propriedades pequenas, necessita de atenção na aplicação e escolha do tipo de formulação devido a ser um modelo simples e compacto.  Para uma distribuição mais uniforme é possível utilizar um pulverizador elétrico (motorizado ou a bateria).

Aumentando a área de aplicação, temos os pulverizadores acoplados em tratores, com sistema hidráulico. Outra possibilidade são os pulverizadores em barra também no sistema de tratores em que o tamanho da barra e distância dos bicos podem ser ajustados de acordo com a necessidade de cada cultura.

Ainda se tratando de pulverizações terrestres é possível utilizar os turbo pulverizadores, que são caracterizados pela presença de um potente ventilador, a dispersão das gotas é por ventilação forçada.

As máquinas mais modernas para essa finalidade são denominadas pulverizadores automotriz com computador de bordo, GPS, softwares especializados que permitem inúmeros ajustes e comandos. Estes pulverizadores possuem grande precisão na aplicação, com alto rendimento operacional.

Pulverização inteligente

Aplicação via aérea: ao contrário da terrestre, são aplicações que ocorrem por veículos aéreos como aviões agrícolas, helicópteros e recentemente drones que trazem praticidade e acurácia nas pulverizações, trabalhando de modo mais localizado e preciso, evitando desperdícios e poluição ambiental.

O método de espalhamento no solo normalmente é utilizado em propriedades menores que requerem uma cobertura menor de aplicação. No entanto, a dosagem e volumes corretos de aplicação são essenciais para o sucesso desse método, que possui como maior desvantagem, sua considerável ineficiência devido à aplicação em áreas não-alvo, por exemplo, entre linhas nas plantações.

Pulverização inteligente na aplicação de defensivos agrícolas

A aplicação em áreas não alvos acarreta no desperdício de defensivos agrícolas, podendo desencadear resistência a microrganismos, e contaminação de solos e aquíferos. Isto posto, a necessidade de diminuir os desperdícios e a poluição do ambiente impulsionou o desenvolvimento de métodos de pulverização em faixa e localizado, a pulverização inteligente.

A pulverização em faixa é realizada através de bicos, de distância ajustada conforme a cultura, acoplados em uma barra que varia de tamanho de acordo com a área movida por tratores, outra possibilidade é a utilização de drones para esta aplicação precisa e localizada.

Observe que a pulverização inteligente faz uso de máquinas que dispersam o defensivo agrícola no alvo, na quantidade requerida, de forma econômica e com o mínimo de contaminação humana e ambiental. Representa um avanço nas tecnologias de aplicações, diminuindo o custo com agroquímicos e consequentemente reduzindo o risco de intoxicações para humanos e animais.

Na prática a utilização de drones mostraram-se ainda mais interessantes,  pois reduzem a interação humana e a compactação do solo.  Mas, ainda é preciso o aperfeiçoamento destes veículos aéreos não tripulados para melhor autonomia e capacidade de carregar produtos.

Outro ponto relevante no avanço das tecnologias para aplicação de defensivos agrícolas é a integração com sistema de monitoramento por GPS que possibilita a aplicação diferencial de produtos em áreas específicas de acordo com sinais de sensores e histórico da área.

Conclusão

Por muitos anos, assumiu-se que o custo da cobertura aérea seria maior do que o custo da cobertura terrestre. Atualmente, essa diferença é relativamente pequena, e pode ainda ser minimizada principalmente se os produtores possuírem os maquinários necessários e funcionários treinados, facilitando uma aplicação efetiva.

A decisão pelo método de aplicação na maioria das vezes baseia-se no custo de aquisição da tecnologia, porém, se faz necessária a avaliação do tipo de cultivo, área geográfica, terrenos planos ou montanhosos, eficiência no padrão de pulverização, capacidade em volume e entrega, avaliando a redução do desperdício de produto e também a redução dos impactos ambientais.

Outros pontos para se avaliar são: a compactação do solo, questões de tempo de colheita, preocupações com a progressão da doença e o tempo necessário para concluir a aplicação.

Vale ressaltar que a evolução das tecnologias de aplicação com o uso de sensores, tecnologia de infravermelho, escaneamento por imagens de alta resolução trazem a possibilidade do mapeamento de áreas contaminadas, aumentando a acurácia no diagnóstico de doenças e proporcionando maior precisão na aplicação dos defensivos agrícolas.

Sobre os Autores

Ana Carolina Nazaré
Sócia fundadora na NPsmart. Doutora em Química, Analista e Coordenadora de projetos.  
Maicon Segalla Petrônio
Sócio Fundador na NPsmart. PhD em Biociências, Biotecnologia e Nanotecnologia.

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