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Plantas daninhas em cereais de inverno: manejo e principais espécies

plantas daninhas

Sumário

Plantas daninhas em culturas de inverno: quais as principais espécies e como manejá-las.

Os cereais de inverno, como o trigo, o triticale, a aveia, o centeio e a cevada, são culturas muito importantes do ponto de vista econômico. As culturas de inverno, além de trazer retornos financeiros, são essenciais para o manejo integrado de plantas daninhas.

Quando colocamos uma cultura durante esse período de entressafra, estamos cobrindo o solo e proporcionando uma barreira física, que ajuda a controlar as plantas daninhas.

A barreira física, aliada a liberação de aleloquímicos por essas plantas, ajuda no manejo de plantas daninhas nos sistemas de cultivo. Os cereais de inverno, ajudam a rotacionar as culturas e os ingredientes ativos utilizados nas lavouras.

É importante fazer o manejo de plantas daninhas também nessas culturas, para que o banco de sementes (propágulos) do solo seja reduzido ao longo do tempo. Por isso, hoje vamos ver quais as principais espécies de plantas daninhas que vamos encontrar nos cereais de inverno.

Plantas daninhas nas culturas de inverno

A cultura do trigo, no geral, precisa ficar livre da interferência de plantas daninhas durante o primeiro terço do desenvolvimento.

Entre as principais espécies de plantas invasoras esta a eudicotiledôneas (folhas largas) nos cereais de inverno temos:

  • Cipó-de-veado-de-inverno (Polygonum convolvulus);
  • Nabo-forrageiro (Raphanus raphanistrum e R. sativus);
  • Erva-salsa (Bowlesia incana);
  • Flor-roxa (Echium plantagineum);
  • Serralha (Sonchus oleraceus);
  • Alfinete-da-terra (Silene gallica);
  • Gorga (Spergula arvensis).

Principais espécies de plantas daninhas

Cipó-de-veado-de-inverno (Polygonum convolvulus)

O cipó-de-veado-de-inverno é uma espécie anual, herbácea, com reprodução por sementes, sendo encontrada no Sul do Brasil e pertencente à família Polygonaceae.

Esta espécie pode ser identificada por meio do caule volúvel, sendo a única Polygonaceae com este hábito. Alguns herbicidas registrados para o controle são o dicamba, metribuzin, saflufenacil, 2,4-D, imazamox e pyroxsulam.

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Flor-roxa (Echium plantagineum)

A flor-roxa é uma planta anual, bianual ou semiperene, com reprodução por sementes e pertencente à família Boraginaceae. No campo, a identificação é feita observando a formação de uma roseta basal de folhas denso-pubescentes no início e soltando a haste floral de 30 – 80 cm de comprimento no florescimento.

É uma espécie de rápido crescimento, adaptada às variações de temperatura e fotoperíodo, com alta capacidade de competição, sistema radicular agressivo e profundo com rápido crescimento, elevada produção de área foliar e sementes e com dormência e vários fluxos de emergência durante o ano.

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Flor-roxa (Echium plantagineum). Fonte: WeedOut.

Alfinete-da-terra (Silene gallica)

Essa espécie é anual de primavera, herbácea, perene, com reprodução por sementes e pertencente à família Caryophyllaceae. É comum na região Sul do Brasil.

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Nabo-forrageiro (Raphanus raphanistrum e R. sativus)

O nabo (Raphanus sativus) é uma espécie muito comum em cereais de inverno. É uma planta que acaba sendo de difícil controle por apresentar resistência aos herbicidas inibidores da ALS (chlorimuron, cloransulam, imazethapyr, metsulfuron e nicosulfuron).


Uma alternativa é o uso dos herbicidas mimetizadores da auxina e inibidores da PROTOX, como o 2,4-D e o saflufenacil.

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Nabo (Raphanus sativus). Foto: Ana Ligia Giraldeli.

Na região Sul do Brasil, também podemos encontrar: buva, ervilhaca, língua-de-vaca e erva-de-passarinho.

Já nas regiões mais quentes do Brasil ocorrem também espécies como o picão-preto, picão-branco, guanxuma, corda-de-viola, leiteiro e poaia-branca, que são plantas daninhas mais comuns de serem vistas no verão.

Dentre as plantas daninhas monocotiledôneas, as principais espécies que podemos observar são:

  • Azevém (Lolium multiflorum);
  • Aveia-preta (Avena strigosa);
  • Aveia-branca (Avena sativa).

Já, nas regiões mais quentes do Brasil ocorrem também as espécies como o capim-marmelada e o capim-colchão.

Como controlar as plantas daninhas nos cereais de inverno?

Controle preventivo

O controle preventivo tem como objetivo evitar a entrada de plantas daninhas em outras áreas.

As medidas de controle preventivo de plantas daninhas precisam de atenção especial, pois elas são essenciais para evitar a disseminação de espécies entre as áreas. Entre as medidas de controle preventivo podemos citar:

  • Uso de sementes de cereais de inverno de alta qualidade e livres de misturas com sementes de plantas daninhas.
  • Utilização de sementes certificadas.
  • Limpeza de maquinários;

Caso o seu sistema seja de integração lavoura-pecuária, é preciso controlar as daninhas perenes e impedir que elas rebrotem.

Nesse sistema, também é necessário a quarentena de animais que vieram de outras áreas, para que não ocorra a disseminação de sementes que vieram no trato digestivo do animal. Lembre-se que, diversas sementes passam pelo trato digestivo dos animais e não perdem a capacidade de germinar, essa pode reduzir, mas nem sempre fica inviável.

Controle mecânico

O controle mecânico tem como objetivo controlar as plantas daninhas por meio de estratégias como o arranquio manual, capina e roçada.

Controle cultural

O objetivo do controle cultural é priorizar o desenvolvimento da cultura e desfavorecer as plantas daninhas. Para isso, é preciso que a cultura estabeleça o estande rapidamente e feche o quanto antes as entrelinhas.

Por isso, algumas estratégias podem ser adotadas como:

  • Semear a cultura na época correta;
  • Usar a densidade de plantas e espaçamento adequados para a cultura;
  • Escolher as cultivares adaptadas à região;
  • Fazer uma adubação equilibrada;
  • Manter o solo sempre coberto;
  • Fazer rotação de culturas.

Controle químico

O controle químico é o manejo por meio de herbicidas. A escolha de herbicidas deve levar em consideração:

  • Seletividade do herbicida para a cultura;
  • Espectro de ação do herbicida de acordo com as principais espécies de plantas daninhas identificadas no monitoramento;
  • Modalidade de aplicação (pré ou pós-emergência);
  • Tempo de meia-vida do herbicida e possibilidade de carryover para a cultura em sucessão.

Plantação de trigo. Fonte: Canva.

Herbicidas registrados para o manejo de plantas daninhas em trigo

Para o manejo de plantas daninhas na cultura do trigo, as opções de herbicidas registrados no Brasil são:

  • Herbicidas Mimetizadores de Auxina: 2,4-D, MCPA e picloram;
  • Herbicidas Inibidores do Fotossistema II: bentazon, diuron e metribuzin;
  • Herbicidas Inibidores da ACCase: clethodim, clodinafop, haloxyfop e quizalofop;
  • Herbicida Inibidor da EPSPs: glyphosate;
  • Herbicida Inibidor da GS: glufosinate;
  • Herbicidas Inibidores da ALS: imazamox, iodosulfuron, metsulfuron e pyroxsulam;
  • Herbicida Inibidor da PROTOX: saflufenacil;
  • Herbicida Inibidor da Formação dos Microtúbulos: pendimethalin.

Herbicidas registrado para o manejo de plantas daninhas em triticale

No Brasil, os herbicidas registrados para o manejo de plantas daninhas na cultura do triticale são o metsulfuron e o quizalofop.

Herbicidas registrado para o manejo de plantas daninhas em aveia

Para a cultura da aveia os herbicidas registrados no Brasil são o MCPA, metsulfuron, quizalofop e 2,4-D. Já para a aveia-preta as opções são o glyphosate e o metsulfuron.

Herbicidas registrado para o manejo de plantas daninhas em cevada

Na cultura da cevada, os herbicidas registrados são o MCPA, metsulfuron, quizalofop e 2,4-D.

Herbicidas registrado para o manejo de plantas daninhas em centeio

Para o manejo de plantas daninhas em centeio, as opções são o metsulfuron, quizalofop e 2,4-D.

Seletividade dos herbicidas para os cereais de inverno

É importante lembrar que quem é seletivo é o herbicida. A cultura e as plantas daninhas são suscetíveis, tolerantes ou resistentes. Por isso, quando um herbicida é registrado para uso na cultura, ele não é, necessariamente, seletivo. Isso porque, a seletividade depende de fatores relacionados à planta, ao herbicida e ao ambiente.

Para realizar a consulta fitossanitária dos herbicidas que combatem as plantas daninhas de inverno, a Agro Receita disponibiliza o Compêndio de Defensivos Agrícolas Online. 

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Como controlar a buva na cultura do trigo?

A buva é uma espécie encontrada em praticamente todo Brasil, por isso, acaba sendo de grande importância seu controle. A buva (Conyza bonariensis, Conyza canadensis e Conyza sumatrensis) é resistente ao glyphosate, por isso, é uma planta de difícil controle. Além disso, produz muitas sementes, que são leves e facilmente disseminadas pelo vento.

A cultura do trigo é uma importante ferramenta no sistema integrado de plantas daninhas, que envolve rotação e sucessão de culturas.  É importante aproveitar a oportunidade de manejo de buva no inverno. O trigo, por exemplo, tem efeito supressor da buva.

O manejo no inverno é muito importante, pois plantas pequenas de buva são controladas com maior facilidade.  O cultivo da área com trigo, centeio ou aveia reduz o número de plantas de buva quando comparado com áreas deixadas em pousio. 

Os herbicidas, como iodosulfuron, metsulfuron e o 2,4-D controlam a buva, porém seu uso deve seguir as indicações de bula para o trigo e para as plantas daninhas, como para o estádio, época de aplicação e a dose.  O herbicida metsulfuron, por exemplo, deve ser utilizado, no mínimo, 60 dias antes da semeadura da soja ou do milho para que não haja problemas de carryover (residual).

Conclusão

O manejo de plantas daninhas em cereais de inverno também deve ser feito. Não há muitas opções para o controle de plantas daninhas em culturas de inverno, portanto é importante fazer o manejo integrado.

A cultura de inverno é uma ferramenta essencial para o controle de plantas daninhas, sendo essencial o manejo correto.

Espero que esse artigo tenha sido útil para você!

Sobre o Autor

Ana-Ligia

Ana Lígia Giraldeli

Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar), Doutora em Fitotecnia (Esalq-USP) e especialista em Agronegócios.

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