Fatores que influenciam a produtividade da soja
Sumário
A soja é o carro-chefe do agronegócio brasileiro. Entenda os principais fatores que influenciam a produtividade da soja: genética, solo, clima, manejo e tecnologia. Além disso, descubra como a AgroReceita pode reduzir custos e otimizar resultados na safra 2025/26.
A soja é o principal ativo do agronegócio brasileiro e representa um dos pilares da economia nacional, ocupando mais de 45 milhões de hectares cultivados e respondendo por 39% da produção mundial (Conab, 2025).
Além de seu peso econômico, a cultura é fundamental para a sustentabilidade dos sistemas agrícolas, graças à fixação biológica de nitrogênio e à capacidade de integrar rotação de culturas com alto retorno agronômico.
O Brasil se consolidou nas últimas duas décadas como o maior exportador mundial de soja em grão, respondendo por mais de 50% das exportações globais, segundo dados da FAO (2024).
A cultura está presente em praticamente todas as regiões do país, com destaque para o Centro-Oeste, Sul e MATOPIBA, que juntos representam mais de 85% da produção. A soja é também a principal fonte de proteína vegetal utilizada na alimentação animal e humana, e seu óleo tem papel estratégico nas cadeias de biocombustíveis. Esse cenário reforça a importância de compreender os fatores que condicionam a produtividade, a estabilidade e a competitividade do cultivo.
A busca por maior produtividade, entretanto, exige uma gestão técnica cada vez mais precisa, já que a competitividade do setor depende da eficiência em cada etapa.
O sucesso produtivo passa, portanto, pela sinergia entre genética, solo, clima, manejo e tecnologia, sustentada por decisões baseadas em dados e planejamento agronômico de precisão.
Boa leitura!
Genética e qualidade das sementes da soja
A produtividade da soja é geneticamente pré-determinada e depende da expressão do potencial da cultivar em interação com o ambiente.
No Brasil, as cultivares comerciais são classificadas de acordo com o grupo de maturação (4.5 a 9.0), variando conforme latitude e fotoperíodo. Sementes certificadas com germinação ≥ 85% e vigor > 80% são mandatórias para garantir estande adequado e uniformidade no campo.
A introdução de cultivares com resistência múltipla a patógenos (ex.: Phytophthora sojae, Fusarium oxysporum, Heterodera glycines) e tolerância ao estresse hídrico tem sido decisiva para estabilidade produtiva.
Pesquisas recentes da Embrapa Soja (2024) indicam incremento médio de 8 a 12 sacas ha⁻¹ em cultivares com eventos de biotecnologia combinados, quando comparadas a materiais convencionais sob o mesmo manejo.
Semeadura de cultivares de soja com alto desempenho genético. Fonte: Portal do agronegócio (2022).
Segundo Farias, Nepomuceno e Neumaier (2007), o déficit hídrico nas fases R1 e R5 pode reduzir até 40% da produtividade. Em 2024, levantamentos da Conab mostraram que a região Centro-Oeste respondeu por 53% da produção nacional, evidenciando o peso do Cerrado no desempenho nacional.
A radiação solar média entre 450 e 550 cal cm⁻² dia⁻¹ é considerada ideal para a máxima taxa fotossintética da soja, desde que associada a fotoperíodos acima de 12 horas durante o florescimento (Almeida et al., 2023). Solos bem drenados e com textura média garantem melhor aeração e crescimento radicular.
Já a altitude influencia indiretamente o ciclo, uma vez que temperaturas abaixo de 18 °C podem atrasar a floração e reduzir o acúmulo de matéria seca. Em contrapartida, temperaturas superiores a 35 °C provocam aborto floral e comprometem o enchimento de vagens. Assim, a escolha de cultivares adaptadas e a adoção do zoneamento agroclimático são práticas determinantes para mitigar riscos e maximizar o potencial produtivo.
Condições edafoclimáticas que influenciam na produtividade da soja
O clima exerce influência direta na fotossíntese, floração e enchimento de grãos, sendo a precipitação o principal fator limitante.
O zoneamento agroclimático brasileiro recomenda cultivo em regiões com precipitação anual entre 1.200 e 1.800 mm, distribuída entre outubro e março, com temperaturas ideais entre 20 °C e 30 °C.
Influência dos níveis de sombreamento sobre o desempenho produtivo da soja. Fonte: FARIAS, NEPOMUCENO, NEUMAIER (2017).
A Portaria SDA/MAPA nº 1.271/2025 consolidou os períodos de vazio sanitário e de calendário de plantio em todos os estados produtores.
Por exemplo:
- Mato Grosso: vazio de 6 de junho a 6 de setembro; semeadura liberada de 7 de setembro a 7 de janeiro.
- Minas Gerais: vazio até 30 de setembro; semeadura permitida de 1º de outubro a 8 de janeiro.
- Bahia (oeste): vazio até 15 de setembro; plantio autorizado de 16 de setembro a 31 de janeiro.
Essas datas têm impacto direto no planejamento operacional, exigindo sincronização entre aquisição de sementes, preparo de máquinas e logística de insumos.
Plantar fora dessas janelas significa não apenas sanções legais, mas também maior pressão de doenças, maior necessidade de aplicações de fungicidas e elevação nos custos de produção.
Evapotranspiração diária da cultura da soja ao longo dos estádios de desenvolvimento. Fonte: FARIAS, NEPOMUCENO, NEUMAIER (2017).
Correção e fertilidade do solo para melhor produtividade da soja
O manejo químico e biológico do solo é o alicerce da produtividade sustentável. A soja extrai, por tonelada de grão, 80 kg N, 15 kg P₂O₅ e 40 kg K₂O, exigindo correção e adubação equilibradas.
A calagem deve elevar a saturação por bases (V%) a ≥ 60%, neutralizando Al³⁺ tóxico e fornecendo Ca²⁺ e Mg²⁺ essenciais. A aplicação de gesso agrícola (1,5–2,0 t ha⁻¹) melhora o ambiente radicular em profundidade, ampliando o volume explorado pelas raízes.
Processos de perdas de nitrogênio no solo e seus mecanismos de transformação em sistemas de cultivo de soja. Fonte: Flávio D. Haas (adaptado).
A inoculação com Bradyrhizobium japonicum e co-inoculação com Azospirillum brasilense incrementam a fixação biológica de nitrogênio (FBN), substituindo mais de 200 kg N ha⁻¹ de fertilizante sintético.
Em áreas com solos biologicamente estruturados, ganhos de 3 a 5 sacas ha⁻¹ são relatados (Embrapa, 2024).
A matéria orgânica do solo atua como reserva natural de nutrientes e elemento-chave para a retenção de água e estabilidade dos agregados. Sua decomposição promove liberação gradual de nitrogênio e enxofre, contribuindo para o equilíbrio nutricional da cultura (Oliveira et al., 2023).
Em solos tropicais, o fósforo tende a se fixar em óxidos de ferro e alumínio, reduzindo sua disponibilidade; por isso, o manejo com fosfatagem corretiva e uso de fontes de liberação lenta, como termofosfatos e fosfatos naturais reativos, é indicado.
A manutenção do pH entre 5,8 e 6,2 potencializa a atividade microbiana e favorece a nodulação eficiente, fator decisivo para maximizar a fixação biológica de nitrogênio.
Manejo da semeadura da soja
A implantação correta da lavoura é determinante para o sucesso produtivo.
A janela de semeadura deve respeitar o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), ajustando-se à temperatura do solo (mínimo de 20 °C) e à umidade adequada para germinação.
A densidade recomendada é de 280 a 320 mil plantas ha⁻¹, com espaçamento de 0,45 m e profundidade de 3–5 cm. Velocidades operacionais acima de 6 km h⁻¹ comprometem a uniformidade de deposição e reduzem o estande final.
No Cerrado, a semeadura direta sobre palhada estabiliza a temperatura do solo e reduz evaporação, aumentando a eficiência de uso da água em até 15%.
Manejo fitossanitário para aumentar a produtividade da soja
O Manejo Integrado de Pragas (MIP) e Doenças (MID) é fundamental para preservar o potencial produtivo.
Entre as pragas, o percevejo-marrom (Euschistus heros) é o mais prejudicial, com nível de controle a partir de 2 insetos por metro linear.
Em doenças, a ferrugem-asiática (Phakopsora pachyrhizi) demanda controle preventivo com fungicidas multissítios (mancozebe, clorotalonil) e protetores sistêmicos (triazóis, carboxamidas).
O manejo de plantas daninhas resistentes, como buva (Conyza spp.) e capim-amargoso (Digitaria insularis), exige rotação de mecanismos de ação e uso de herbicidas pré-emergentes (sulfentrazone, flumioxazina).
Estudos da Embrapa (2024) indicam perdas de até 37% na produtividade quando o controle é deficiente durante os primeiros 45 dias após a emergência.
Princípios do Manejo Integrado de Pragas e Doenças (MIP e MID) aplicados à cultura da soja. Fonte: Elaborado por Alasse Oliveira da Silva (2025), com base em Embrapa Soja (2024).
Fatores fisiológicos e de estresse na cultura da soja
A soja é extremamente sensível a estresses abióticos como déficit hídrico, temperaturas extremas e deficiência nutricional.
Durante o enchimento de grãos (R5–R6), a demanda hídrica pode alcançar 8 mm dia⁻¹, sendo o fechamento estomático o principal mecanismo de defesa, embora reduza a fotossíntese e a formação de biomassa.
O uso de bioestimulantes e micronutrientes foliares (B, Zn, Mo, Co) tem se mostrado eficaz na mitigação de estresses, elevando a atividade enzimática e o teor de clorofila.
Pesquisas de 2023 apontam ganhos de até 7% no rendimento de grãos quando tais insumos são aplicados em R1 e R3.
Sob estresse térmico ou hídrico, a soja ativa mecanismos fisiológicos de defesa, como acúmulo de prolina, aumento da atividade de superóxido dismutase (SOD) e redução da condutância estomática. Esses processos minimizam danos oxidativos e preservam o aparato fotossintético (Lima et al., 2023).
O uso de reguladores vegetais como ácido salicílico e brassinoesteroides tem se mostrado promissor para estimular a recuperação metabólica pós-estresse. Ensaios recentes demonstram maior manutenção do índice de área foliar e da taxa de enchimento de grãos quando esses compostos são aplicados de forma parcelada durante R2 e R5.
Tecnologias de agricultura de precisão
A agricultura de precisão representa o novo vetor de incremento produtivo. O uso de mapas de produtividade, amostragem georreferenciada e sensores de condutividade elétrica do solo permite ajustar doses de corretivos e fertilizantes conforme a variabilidade espacial.
Segundo a Conab (2024), mais de 5,5 milhões de hectares já utilizam algum nível de AP.
Drones e VANTs são empregados para detectar deficiências nutricionais e infestações precoces, enquanto plataformas digitais como Solinftec e FieldView integram informações de solo, clima e fenologia para tomada de decisão.
Essa integração já resulta em redução de 8% no custo operacional médio e aumento de até 10 sacas ha⁻¹.
Rotação de culturas e manejo sustentável
A rotação de culturas é uma estratégia-chave para a longevidade produtiva do sistema. Sistemas com milho safrinha + braquiária ou crotalária reduzem populações de nematoides de galha (Meloidogyne spp.) e aumentam a matéria orgânica total (MOT) em até 0,3% ao ano.
Pesquisas da Rede FertBrasil (2024) indicam que o uso contínuo de plantas de cobertura eleva a infiltração de água em 25% e reduz a erosão em até 70%. Em regiões do MATOPIBA, o consórcio soja–milheto resultou em ganhos médios de 9 a 12 sacas ha⁻¹ na safra seguinte.
A adoção de sistemas ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta) tem se expandido e já cobre 18 milhões de hectares no país, fortalecendo o tripé produtividade–sustentabilidade–rentabilidade.
Colheita e pós-colheita na produtividade da soja
A colheita é o ponto crítico final de perdas econômicas. Ela deve ocorrer com umidade dos grãos entre 13 e 14%, evitando deterioração e quebra mecânica. Perdas médias de 2–4 sc ha⁻¹ ainda são registradas por falhas de regulagem da colhedora e velocidade acima de 5 km h⁻¹.
O armazenamento em silos com temperatura inferior a 25 °C e umidade relativa do ar < 65% é essencial para preservar a qualidade. A segregação por lote e teor de impurezas agrega valor na comercialização e reduz penalidades industriais.
Como a AgroReceita pode auxiliar no manejo da safra de soja em 2025/2026?
A safra de soja 2025/26 se consolida como uma das mais desafiadoras da última década. Segundo a Conab, o custo operacional total médio da soja aumentou entre 8% e 12%, impulsionado pelo câmbio, fretes e fertilizantes.
A AgroReceita integra tecnologia de precisão e automação de processos para transformar a rotina do engenheiro agrônomo e do produtor.
O sistema conta com cadastro dinâmico de defensivos agrícolas, sincronizado com as legislações federais e estaduais (MAPA, ANVISA E IBAMA), garantindo segurança jurídica e conformidade técnica em todas as recomendações. Isso elimina o risco de prescrições fora de bula, evitando multas e perdas por aplicações ineficientes, além de aumentar a eficácia no manejo fitossanitário.
Com a plataforma, o usuário tem acesso ao Compêndio Agrícola Online, que permite consultar produtos registrados no Brasil por cultura, praga ou doença, incluindo doses técnicas, intervalos de segurança e volumes de calda por hectare.
Uma das alternativas para aumentar a produtividade da soja, por exemplo, é possível comparar rapidamente as melhores opções de controle de ferrugem-asiática, percevejos e plantas daninhas resistentes, com base em princípios ativos, custo por hectare e restrições regionais.
A emissão digital de receituários agronômicos é outro diferencial. Em poucos cliques, o agrônomo pode gerar um receituário com validade legal, pronto para ser compartilhado com o produtor ou cooperativa. Isso reduz tempo operacional e custos administrativos, eliminando retrabalho e garantindo rastreabilidade das aplicações em campo — algo cada vez mais exigido por auditorias de sustentabilidade e programas de compliance agrícola.
Além do acesso via desktop, a versão mobile da AgroReceita permite a gestão direta no campo. Com o aplicativo, é possível emitir receitas, consultar produtos e planejar aplicações em tempo real, mesmo em áreas com conectividade limitada. Essa agilidade acelera a tomada de decisão, evita atrasos em pulverizações críticas e melhora a sincronização entre consultor, operador e produtor.
Para grandes grupos agrícolas e cooperativas, a AgroReceita oferece integração via API com sistemas ERP, permitindo centralizar informações de insumos, estoques, aplicações e custos em uma única base. Isso viabiliza uma visão consolidada do negócio, com indicadores de custo por hectare, rentabilidade por talhão e histórico técnico por cultura, tudo em conformidade com as normas do CREA e da legislação vigente.
Preencha o formulário abaixo, teste grátis todas as funcionalidades do Plano Pro e veja como otimizar a produtividade da soja:
Conclusão
A produtividade da soja é resultado direto da integração entre genética, solo, clima, manejo e tecnologia. Nenhum desses fatores, isoladamente, garante altos rendimentos; é a sinergia entre eles que define o sucesso no campo.
A cultura, que hoje ocupa mais de 45 milhões de hectares no Brasil e responde por quase 40% da produção mundial, demonstra o potencial do país em liderar o agronegócio global. No entanto, os desafios da safra 2025/26; marcados por custos crescentes de insumos, variabilidade climática e margens estreitas, reforçam a necessidade de uma agricultura mais técnica, precisa e orientada por dados.
Nesse cenário, o produtor que alia ciência e gestão consolida sua vantagem competitiva. Práticas como uso de sementes de alto vigor, correção de solo baseada em análises, manejo fitossanitário integrado e agricultura de precisão tornam-se imperativos para sustentar produtividades acima de 70 sc ha⁻¹ de forma consistente.
O investimento em rotação de culturas, bioinsumos e monitoramento climático não é apenas uma tendência, mas uma estratégia concreta de mitigação de riscos e aumento da resiliência produtiva frente às incertezas do mercado e do clima.
Sobre o Autor
Alasse Oliveira
Engenheiro Agrônomo, Mestre e Especialista em Produção Vegetal e, Doutorando em Fitotecnia (ESALQ/USP)